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PREFÁCIO DE THERESA CATHARINA para o livro
"BONS TEMPOS AQUELES!" de SÉRGIO CLEMENTE
Este segundo livro de Sérgio Clemente tem suas
páginas marcadas pelo sopro da juventude.
Há muita sinceridade na manifestação dos
sentimentos. Em alguns momentos, uma ingenuidade
verdadeira, espontânea , que pode surpreender os
leitores, quando o protagonista se expõe, ao se
expressar sem reservas, sem recorrer a máscaras
ou disfarces, quase desprotegido como ser
humano.
São histórias narradas como se fossem crônicas,
tecidas pelos novelos e fios das memórias.
Destacam, com pungente autenticidade, as
lembranças da infância e adolescência - na
família, na escola e no convívio social.
O contexto também ressalta as relações do
emprego doméstico tradicional,inserindo mãe e
filho na rotina de vida e trabalho num lar em
que outros mandam. Daí uma situação de conflito
permanente, silencioso, embora com freqüência
seja contraditório nas circunstâncias e
aparências de calma e satisfação, quando tantos
anseios legítimos, humanamente falando, são
ignorados.
Observa-se que o jovem escritor empenha-se,
neste seu romance, em ser original; e demonstrar
a cultura adquirida nos estudos acadêmicos. O
registro das aulas evoca o que teria ficado
esquecido, não fosse a importância que
pessoalmente o autor lhe confere, por isso não
admite esquecer ou relegar a um plano
secundário, pois lhe parece fundamental, digno
de nota, e não, de esquecimento.
Os personagens se apresentam com traços reais -
sejam crianças, adolescentes ou adultos; tanto
nas descrições como nos diálogos.
Os temas abordados por Sérgio Clemente em "Bons
tempos aqueles!" incluem: sensações físicas e
sentimentais; a identificação do ciúme como
presença inesperada; a percepção das diferenças
de classe na sociedade, que resultam em atitudes
preconceituosas.
Mas todas essas tristes constatações, a mim
também parecem ficar em segundo plano, diante
dos relatos que me comoveram, sobre: a
importância da amizade; o amor e o respeito do
protagonista por sua mãe; a conscientização , a
reflexão crítica que lamenta os erros cometidos;
a bênção inesquecível do perdão; e,
principalmente, a reconciliação a ser promovida
entre pessoas que não mereciam
estar afastadas.
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília, 24 de março de 2007 |
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