A
LIÇÃO do CAÇADOR DE ANDRÓIDES
Poema
inspirado no filme "Blade Runner" - uma
fábula para o século XXI, um filme para
pessoas inteligentes e responsáveis.
As
imagens, os sons e as palavras do
cinema-fábula,
lenda e
saga futurista,
cintilante de beleza plástica e
filosófica
provocaram uma reflexão crítica
sobre a
vida: ontem, hoje e amanhã.
Com ação e
suspense de conto policial,
este
filme especialíssimo narrou uma história
de amor
cintilante de sentimento e emoção.
No
labirinto mágico do coração-mundo,
nas
sombras das luzes diurnas da
cidade-universo
e no
mistério de suas perguntas essenciais
sobre a
razão e o destino da existência humana,
embora
reprimido, rejeitado e amedrontado,
o amor se
impôs finalmente...
derrubando
a frieza e a desilusão,
a
desmotivação e o desinteresse,
o choro
escondido, o terror disfarçado,
o amor se
impôs...
abriu os
lábios, os braços, as mãos;
juntou os
olhos, uniu os corpos, humanizou,
SALVOU.
A melodia
inebriante do sentimento
dobrou a
força esmagadora
e sacudiu
as ilusões do progresso amoralmente
cego.
O amor
destruiu a teia do desencanto,
enfrentou
as dúvidas e o desconhecido.
Perturbador, inquietante e envolvente,
o amor se
impôs...
atingindo
as camadas mais profundas da alma em
coma;
identificando e diferenciando, movendo,
transformando,
o amor se
impôs...
e resgatou
os sentimentos aprisionados.
O mundo
tenebroso, artificial e violento
deixou de
ser aceitável, pois o amor o rejeitou.
Num
contexto aterrador, o amor contestou...
e venceu.
Ressuscitou. Calou a descrença.
Como
evento extraordinário e redentor,
o amor
resgatou da inércia e da solidão,
transformando a existência deprimente,
restritiva,
sem
horizonte,
em
paisagem libertadora
onde reina
a esperança das árvores
e a
promessa do espaço azul, infinito,
acima das
montanhas mais inacessíveis.
Amando e
confiando,
somos
capazes de enfrentar as perguntas
que antes
não ousávamos formular,
mas que
devem ser colocadas diante de nós,
seres
humanos e, portanto, capazes
de
perguntar, escolher e AMAR.
E nos
momentos decisivos,
transfiguradores de nossa existência,
os
sentimentos se revelam
com tal
poder e sinceridade
que a
coragem nos envolve,
nos
fortalece e
nos faz
caminhar com decisão.
Convictos, confiantes no amor,
ILUMINADOS
E TRANSFIGURADOS POR SUA CHAMA,
frágeis e
fortes, trêmulos e fortalecidos,
empreendemos uma caçada ao íntimo de
nós mesmos
e,
procurando conhecer o nosso espírito,
e buscando
compreender o próximo
(ouvindo,
também, o seu coração...),
em toda a
dimensão sombra-luz do ser humano,
chegamos,
afinal, a entender,
à luz da
reflexão,
a
diferença fundamental
entre
andróide e pessoa humana:
o amor é,
antes de tudo, um ato de fé e coragem.
Brasília,
13 de junho de 1997
Theresa
Catharina de Góes Campos
Departamento de Fundamentos
Faculdade
AEUDF