Agora nas salas!
Um Lugar na platéia (Fauteuils
d' Orchestre)
França, 2005
De Danièle Thompson. Com Albert
Dupontel, Cécile de France, Valérie
Lemercier. Cores. Duração 105'.
Jessica, uma jovem do
interior, chega a Paris determinada
a conseguir um emprego no Hotel Ritz. Mas
o que ela consegue é uma vaga como
garçonete em um café na Avenue
Montaigne. Não se trata, no entanto,
de um café qualquer. Ao lado de um
teatro, de uma sala de concertos e
de uma casa de leilões, o novo
trabalho de Jessica permite que ela
sirva um elenco de artistas e
amantes da arte das mais variadas
sensibilidades e idiossincrasias.
Tudo converge para um mesmo dia,
quando a famosa atriz estreará seu
mais novo vaudeville, o pianista
dará seu último concerto, e o triste
colecionador de arte venderá seus
quadros favoritos.
Quando chega em Paris, os olhos
vidrados refletindo os encantos
da Cidade-Luz, Jéssica se lembra
do conselho de sua avó: "Se não
pode viver no luxo, tente
trabalhar no meio dele".
Extasiada, percorre os longos
boulevares até se deparar com o
lugar que mudaria a sua vida e
serviria de cenário para
Um lugar na platéia,
o novo filme de Daniéle Thompson
(As três irmãs,
Fuso-horário do amor):
a Avenida Montaigne.
Cercada pelos mais glamourosos
teatros e salas de concerto,
Jéssica se maravilha pelo mundo
do espetáculo. Um mundo que pode
parecer um tanto supérfluo, mas
que, na verdade, faz qualquer um
sonhar. A diretora define sua
obra como um "filme de bairro" e
completa: "um bairro que está
sendo tragado pelo luxo".
Pouco a pouco, vamos conhecendo
a intimidade dos que vivem nesse
universo. Somos conduzido pelas
mãos gentis de Cécile de France,
a atual musa do cinema francês,
que serve de fio condutor da
história. "A personagem de
Jéssica", diz ela, "serve de
guia no mundo das estrelas que
ela descobre ao mesmo tempo que
o espectador".
Recém-chegada do interior,
arruma um emprego de garçonete
num bar. Não é qualquer bar. É o
Bar dos Teatros, ponto de
encontro entre os atores,
músicos, cineastas,
marchands. É nesse bar que
Jéssica irá conhecer,
maravilhada, seus futuros
amigos: Catherine Versen, uma
atriz em crise interpretada por
Valérie Lemercier; Jean-François
Lefort, célebre pianista atuado
por Albert Dupontel; Claude
Brasseur, no personagem do velho
colecionador Jacques Grumberg e
seu filho Fréderic, interpretado
pelo filho de Danièle Thompson,
Christopher, co-roteirista do
filme.
O que todos esses personagens
têm em comum além da fama? Todos
estão em crise. A atriz faz
sucesso num seriado de TV e
encena uma comédia popular de
Feydeau. É reconhecida por onde
passa, fato que a deixa
extremamente constrangida, pois
no fundo sonha em ser uma atriz
séria e luta pelo papel de
Simone de Beauvoir.
O pianista, ás da música
clássica, adulado por todos,
sofre por ter um público tão
seleto e também com o smoking
que lhe aperta o peito. Sonha
com a liberdade de tocar de
jeans e camiseta, para loucos e
marginalizados. Seu personagem
foi inspirado em François René
Duchable, pianista de carreira
prodígio que decidiu se dedicar
a concertos gratuitos em
hospícios e prisões. "Ele chegou
a jogar um piano de um
helicóptero dentro de um lago,
para simbolizar o fim de sua
carreira na forma tradicional",
conta o ator.
E por último, o colecionador,
que dedicou sua vida a descobrir
artistas e a formar sua extensa
coleção de obras raras e que, de
repente, decide leiloar tudo:
"Comecei como motorista de táxi
e não quero terminar como
segurança de museu.", desabafa.
Sua peça preferida é O beijo,
de Brancusi. Essa ele não vende.
Deixa para seu filho Frédéric,
com quem tem uma relação tão
difícil.
Tanto drama numa comédia?
Danièle Thompson explica:
"Nossos filmes têm em comum o
fato de serem comédias sobre
pessoas que estão mal, pois é
isso que eu vivo todos os dias:
uma crise de riso seguida de uma
crise de lágrimas".
E justifica o título Um
lugar na platéia: "Na vida,
assim como no teatro, a gente
tem sempre vontade de trocar de
lugar. Pensamos que estaremos
melhor um pouco mais perto do
palco, mais à direita, mais à
esquerda. A gente espia, muda,
avança até as primeiras fileiras
da platéia... e lá nos damos
conta de que vemos menos do que
do nosso lugar original."
Revista Filmes do
Estação