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NOEL - O POETA DA VILA
Noel - O Poeta da Vila encanta o público
www.festivalverao.com.br
10/2/2007
Na sessão comentada, realizada na sexta-feira
(09/10), no Santander Cultural, o público pôde
descobrir um pouco mais sobre os detalhes da
produção de Noel – O Poeta da Vila. Esta foi a
segunda exibição do filme que havia sido
apresentado na abertura do 3º Festival de Verão
do RS de Cinema Internacional. Após a sessão o
diretor Ricardo Van Steen, o ator Rafael Raposo
e o produtor Persio Pisani conversaram com a
platéia sobre as histórias que envolveram a
realização do longa que demorou 12 anos para
virar película. Noel – O Poeta da Vila ainda
terá mais três apresentações no Festival.
Consulte a programação.
O filme, que conta a história do compositor Noel
Rosa, é livremente inspirado no livro “Noel –
uma biografia”, de João Máximo e João Didier. “A
idéia para filmar esta incrível história surgiu
em 94, foi uma sugestão de Umberto Martins, que
ficou encantado com o livro. Desde então
buscamos recursos e também fizemos um amplo
trabalho de tratamento no roteiro”, conta
Ricardo Van Steen. O roteiro que no início tinha
200 páginas foi enxugado em um trabalho com os
professores do Escola de Cinema da USP. “Noel
fez ópera, cinema e muitas outras coisas que nós
queríamos mostrar, mas era impossível abordar
tudo”, afirma o diretor.
A busca pelo ator para a personagem principal
também foi uma luta, “eles esperavam por mim e
não sabiam”, brinca Rafael Raposo. O ator teve
que emagrecer mais de 10 quilos e utilizou uma
prótese para interpretar Noel (conhecido por ter
um defeito no queixo). A preparação incluiu 9
cursos, entre eles de dança, canto, e o estudo a
fundo sobre a tuberculose - doença que vitimou
Noel Rosa aos 26 anos. “Hoje a tuberculose não é
mais uma doença terminal, então eu fui estudar a
AIDS, pois a tuberculose era a AIDS da época”,
diz Rafael.
A morte prematura não impediu que o compositor
deixasse um grande número de composições. Noel
compôs, dos 19 aos 26 anos, 259 músicas. Entre
elas estão: “Último Desejo”, “Fita Amarela” e
“Pierrô Apaixonado”, sucessos dos carnavais dos
anos 30. “Ele escreveu praticamente uma música
por semana durante quase dez anos. Ele era um
gênio”, destaca o produtor Pérsio Pisani.
E a música é um elemento essencial que guia a
história de Noel. A ambientação e a trilha foram
o alvo de muitas perguntas e elogios. A direção
musical do filme é de Luiz Filipe de Lima e a
produção da trilha de Arto Lindsay. Dela
participam mais de 40 importantes músicos
cariocas, como os irmãos Beto e Henrique Cases,
Paulão 7 Cordas, Agrião, Paulinho da Aba, Pedro
Miranda, Nilze Carvalho, Ovídio Brito, Aurinha,
Ivete e Verinha da Portela, Tia Surica, Eduardo
Galloti, Carlos Malta e ainda Otto, Kassin e
Arto Lindsay.
Premiado em 2007 no Festival de Tiradentes, em
Minas Gerais. Aclamado no Festival do Rio e na
Mostra de São Paulo em 2006, Noel deve ser
lançado ainda este ano junto com a trilha
sonora.
ESSA GRANDE FIGURA QUE É NOEL
ROSA
From:
REYNALDO
FERREIRA
Date: 07/04/2008 10:43
Noel Rosa
To: Theresa Catharina Campos
Repassando a
música dessa grande figura que é Noel Rosa
(...)
Noel Rosa
completo, pela primeira vez
Depois de um colossal trabalho de pesquisa e
restauração sonora, professor paulistano de
biologia reúne toda a obra do Poeta da Vila
em uma caixa com 14 CDs
Carlos Calado
17/11/2000
Um objeto de desejo para qualquer apreciador
da música popular brasileira chega ao
mercado na próxima semana. A caixa Noel Pela
Primeira Vez (lançamento da Funarte com a
gravadora Velas) reúne em 14 CDs a obra
integral de Noel Rosa (1910-1937), que
estaria completando 90 anos de idade no
próximo dia 11. Nas 229 faixas dessa
ambiciosa edição, o ouvinte terá acesso a
todas as primeiras gravações das composições
que o Poeta da Vila escreveu durante seus
breves seis anos de atividade musical.
"Entre outros grandes compositores, como Ary
Barroso e Lamartine Babo, Noel sempre chamou
mais minha atenção por ser um artista
multifacetado. Ele fazia suas sátiras e suas
crônicas sempre com a mesma seriedade, por
mais banal e simples que suas composições
pudessem parecer", diz Omar Jubran, o
pesquisador e professor de biologia
paulistano, que passou 11 anos procurando,
recuperando e remasterizando as gravações
incluídas nessa edição.
"Noel foi o grande inovador de nossa lírica,
o primeiro a mostrar que tudo (fome,
miséria, mentira, futebol, jogo do bicho,
assassinato, roubo, prostituição,
homossexualismo, bebida, política,
corrupção) podia ser convertido em letra de
música", observa João Máximo, biógrafo do
compositor, no texto de abertura do livreto
de 160 páginas, que faz parte da caixa,
incluindo todas as letras das canções e
fichas técnicas das gravações. As canções
foram organizadas em ordem cronológica,
opção que permite acompanhar a evolução de
Noel como compositor.
Da temática sertaneja de composições como a
toada Festa no Céu e a embolada Minha Viola
(ambas compostas em 1929 e gravadas pelo
próprio autor), passa-se ao encanto de Noel
pelos negros do morro, flagrado em sambas
como Mulato Bamba (1931), até se chegar a
seus sambas mais elaborados, como Último
Desejo (1937). Além do próprio compositor,
que pode ser ouvido em dezenas de faixas,
assim como Aracy de Almeida (sua intérprete
favorita), outros cantores notáveis se
sucedem, como Silvio Caldas, Francisco
Alves, Mário Reis, Carmen Miranda, Aurora
Miranda, Marília Baptista, Elizeth Cardoso,
João Nogueira e Jamelão. Gravações mais
recentes, realizadas na última década,
destacam ainda Vânia Bastos, Ná Ozzetti e
Johnny Alf.
Omar Jubran conta que seu interesse por Noel
foi despertado durante sua infância, entre
os anos 50 e 60. "A gente ainda não tinha TV
em casa e eu ficava ouvindo rádio, que
naquela época era muito mais segmentado do
que é hoje. Havia várias emissoras que
tocavam compositores mais antigos da música
brasileira", recorda o pesquisador, hoje com
47 anos.
Dono de uma grande discoteca (atualmente com
cerca de 15 mil títulos, entre 78 rotações,
LPs, compactos e CDs de vários gêneros
musicais), Jubran resolveu organizá-la pela
primeira vez, em 1987, época em decidiu
investir mais em sua já vasta coleção de
gravações do Poeta da Vila. O lançamento do
livro Noel Rosa – Uma Biografia, de João
Máximo e Carlos Didier, foi fundamental para
que ele desse seqüência à pesquisa. "Além de
ser um livro diferente, por causa de seu
rigor científico, ele trazia uma relação
completa de todas as composições do Noel.
Resolvi checar quantas eu tinha e percebi
que já possuía 70% desse material. Virou
ponto de honra para mim conseguir o que
faltava", recorda.
Cooperativa
Em meio à pesquisa, Jubran começou a se
interessar por equipamentos de áudio que
permitissem recuperar gravações em estado
precário. Investiu nesses aparelhos, até que
seu saldo bancário entrasse no vermelho. "Eu
ficava chateado. Toda vez que saía algum
novo CD de Noel eram sempre as mesmas
músicas: Três Apitos, Feitiço da Vila e
coisas assim. Decidi entrar de cabeça nisso,
mas esses softwares de recuperação sonora
são muito caros. Cheguei a vender um carro,
em 93, mas mesmo assim não consegui o
dinheiro suficiente", relembra. A solução
foi procurar uma roda de amigos e propôr a
eles que comprassem a coleção de Noel
antecipadamente, para ajudá-lo a prosseguir.
"Achei oito doidos que confiaram em mim, na
verdade, pagando o preço de duas coleções
para receberem apenas uma, num prazo que eu
nem mesmo poderia precisar qual seria",
conta.
Junto com os CDs, a caixa traz um livreto de
160 páginas
Para reunir as gravações que faltavam,
Jubran teve que viajar por várias cidades
dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. As gravações mais difíceis de
conseguir (já não se lembra exatamente quais
eram) pertenciam a um renitente colecionador
do sul de Minas, que teve de ser "amaciado"
aos poucos, com muita paciência. "Ao
telefone, ele me disse que tinha os discos,
mas que eu não iria ouvi-los, nem mesmo ver
de que cor eles eram", relembra.
Delicada também foi a operação para
recuperar um 78 rotações que recebeu
quebrado em três pedaços. Depois de
colá-los, com o auxílio de uma lupa e um
estilete, eliminou o excesso de adesivo.
"Tive muita sorte porque os sulcos
coincidiram", festeja, calculando que gastou
cerca de 50 horas de trabalho, só para
eliminar os ruídos produzidos pelas emendas.
O resultado ficou tão bom que Jubran
recusa-se a revelar que faixa é essa,
desafiando seus amigos técnicos de gravação
a descobri-la. Seu preciosismo levou-o até a
ficar em dúvida quanto a incluir na caixa
algumas canções que o grupo espírita
Aquarius afirma terem sido psicografadas por
Noel. "Com todo respeito, decidi ficar
apenas no plano material", conclui.
Em janeiro de 1998, o trabalho de pesquisa,
restauração e remasterização de todo o
material estava terminado. Depois que as
primeiras notícias chegaram à imprensa, o
telefone de Jubran tocou bastante. "Fui
procurado até por repórteres interessadas em
entrevistar Noel Rosa", diverte-se. Mesmo
assim, só conseguiu fechar o contrato de
edição com a Funarte e o Ministério de
Cultura depois de procurar vários órgãos
federais e estaduais de cultura. Entre
vários absurdos, chegou a ouvir a sugestão
de que fizesse somente uma compilação com as
"melhores" faixas. Difícil também foi o
processo para conseguir as permissões de
todos os intérpretes e parceiros de Noel ou
de seus herdeiros – trabalho coordenado por
Luiz Pedreira, que se arrastou por mais de
um ano. "Fiquei muito agradecido ao Vitor
Martins, da Velas, que apoiou minha idéia de
não subtrair nenhuma faixa da coleção",
reconhece.
Jubran ainda leciona Biologia, atualmente,
num colégio particular de São Paulo.
Dizendo-se desiludido com a situação da
educação no país, espera que a repercussão
desse trabalho o ajude a viabilizar outros
projetos semelhantes, como reunir as obras
completas de Ary Barroso, Lamartine Babo e
Adoniran Barbosa, já engatilhados.
"Praticamente já tenho todas essas
gravações", revela. Outro projeto, com o
título provisório de Carnaval do século XX,
reuniria músicas de carnaval compostas entre
1899, ano em que Chiquinha Gonzaga compôs a
pioneira Abre-Alas, e meados dos anos 70,
época em que compositores deixaram de criar
para o carnaval. "A idéia é incluir 15 ou 20
marchinhas importantes, ano por ano, e fazer
uma análise de todas elas, localizando o
momento histórico. Já consegui quase três
mil músicas", calcula o pesquisador.
Faixas:
1 Ingênua - c/ Glauco Vianna
(Glauco Vianna - Noel Rosa)
2 Festa no céu - c/ Noel Rosa
(Noel Rosa)
3 Minha viola - c/ Noel Rosa
(Noel Rosa)
4 Com que roupa? - c/ Noel Rosa
(Noel Rosa)
5 Malandro medroso - c/ Noel Rosa
(Noel Rosa)
6 Meu sofrer - c/ Gastão Formenti
(Henrique Britto - Noel Rosa)
7 Lataria - c/ Bando de Tangarás
(Almirante - João de Barro - Noel Rosa)
8 Eu vou pra Vila - c/ I. G. Loyola & Noel
Rosa
(Noel Rosa)
9 Com que roupa? - c/ I. G. Loyola (Part.:
Noel Rosa)
(Noel Rosa)
10 Dona Aracy - c/ Almirante
(Noel Rosa)
11 Nega - c/ João de Barro
(Lamartine Babo - Noel Rosa)
12 A. B. surdo - c/ Olga Jacobina (Part.:
Lamartine Babo)
(Lamartine Babo - Noel Rosa)
13 Por esta vez passa - c/ I. G. Loyola
(Noel Rosa)
14 Dona Emília - c/ Almirante
(Glauco Vianna - Noel Rosa)
15 Gago apaixonado - c/ Noel Rosa
(Noel Rosa)
16 Bom elemento - c/ Arthur Costa (Part.:
Noel Rosa)
(Quindinho - Noel Rosa)
17 Sinhá Ritinha - c/ Paulo Netto de Freitas
(Moacyr Pinto Ferreira - Noel Rosa) |
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