Theresa Catharina de Góes Campos

  AGRADECIMENTOS POR MENSAGEM DE PÊSAMES

Amigo Reynaldo:

Obrigada por suas sábias e carinhosas palavras de solidariedade.
Explico por que ainda não me conformei com a morte prematura de meu irmão, mais novo que eu...
Papai morreu de câncer, sim, mas aos 83 anos. Mamãe está com 81 anos, tendo sobrevivido a Papai e a seu único filho.

A tragédia maior é que, como falou o meu oncologista Dr. João Nunes, que também foi escolhido para cuidar de meu irmão em seus poucos meses de vida, o câncer de Fernando José era "perfeitamente evitável" !

Não consigo esquecer que Fernando José sempre acompanhava meus pais, sua esposa e filha mais nova, regularmente , com muita freqüência, aos hospitais, laboratórios e aos consultórios médicos e dentários . Ainda me sinto culpada porque eu lhe perguntei muitas vezes se estava fazendo os exames preventivos, embora não insistisse nem verificasse se realmente ele me dizia a verdade... Apesar de ter fumado quase quarenta anos e parado de fumar há sete anos, meu irmão não fazia R-X de pulmão, um exame disponível e fácil, sem necessidade de se marcar dia nem horário, bastando comparecer ao local ... O que me dói e ainda me faz chorar tanto é isso! Sei que não foi "uma fatalidade", acredito que não era " o seu destino". Foi desleixo dele e omissão nossa...e não me perdôo por isso!
Só estou lhe escrevendo essas minhas lamúrias, chorando, porque acredito que este depoimento poderá ajudar outras pessoas.

Abraços de
Theresa Catharina

Em 31/07/07, REYNALDO FERREIRA escreveu:

Prezada Theresa Catharina, Lamentavelmente, não recebi, na ocasião, a notícia do falecimento do seu irmão Fernando, ocorrido a 18 de junho. Só agora por sua mensagem fico sabendo disso. Embora tardiamente, transmito-lhe os meus sentimentos, que espero você faça chegar também a todos os integrantes de sua brava família. O Fernando foi um bravo também na resistência à doença, mas que, infelizmente, o venceu. O nosso tempo acaba um dia!... Lá se estão indo todos os que preencheram com emoção os nosso dias. Ora é um parente, ora um amigo, ora um cineasta... Ontem, Ingmar Bergman. Hoje, Michelangelo Antonioni. Que Deus os tenha!... Um forte abraço, prezada Thereza Catharina. E o meu pesar. REynaldo


From: Theresa Catharina de Goes Campos
Date: 02/08/2007 16:37


Assunto:Muito obrigada por seus conselhos, que vou seguir, sobretudo em nome da fé cristã! Resposta à sua Mensagem de Pêsames... e algumas considerações sobre a morte prematura e bem dolorosa de meu irmão.

Prezado Reynaldo:

Por favor não se preocupe. Muito obrigada por seus conselhos, que vou seguir, sobretudo em nome da fé cristã!
Sobre o fumo e o teatro, receba meus parabéns por sua atitude firme, proibindo de fumar os atores sob a sua direção, apesar da resistência deles, tão pouco inteligente. Devo observar que não compreendo como os artistas se acham no direito de fumar em cena, quando há espectadores na platéia fumantes que são proibidos , corretamente, de fazê-lo.
Tudo de bom para você e seus filhos!
Com a estima e os agradecimentos de sua amiga,
Theresa Catharina


From: REYNALDO FERREIRA
Date: 02/08/2007 06:49
Subject: RE: Resposta à sua Mensagem de Pêsames... e algumas considerações sobre a morte prematura e bem dolor
To: Theresa Catharina de Góes Campos


Prezada Theresa Catharina, li seu email preocupado porque sei que seu estado emocional pode não lhe fazer bem, mesmo porque você está querendo assumir responsabilidade que não lhe cabe. O sentido de culpa, no caso, é absolutamente fora de propósito. Cada pessoa traça o seu destino. Por mais que você aconselhe as pessoas a se preocuparem com saúde, parece que há uma resistência grande, em nosso meio, contra isso. Seria fácil, como disse o médico, evitar a morte do Fernando se, ao que acredito, ele tivesse tomado providências antes nesse sentido. Mas ele se descuidou. Deixou que passasse o tempo. E é difícil um pulmão suportar sem graves seqüelas quarenta anos de cigarro. Desde meus tempos de teatro - quando proibia que os atores fumassem durante os ensaios - eu dizia isso. Como você vai ler no meu próximo livro "As Raparigas da Rua de Baixo II - Lembranças da Mocidade", alguns troçavam do meu rigorismo. Diziam que eu exagerava... Que não era bem assim. Todos já morreram, como o Fernando, novos, deixando as famílias inconsoláveis. Veja bem, amiga Theresa, que as coisas são assim. Não é sua, a culpa. Entregue a alma do Fernando a Deus que ela estará bem!... Muito bem. Amém. Forte abraço, Reynaldo

 

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