O ministro da
Justiça, Tarso
Genro, será
convidado pela
Comissão de
Relações
Exteriores e
Defesa Nacional
(CRE) a
esclarecer o
episódio da
viagem de volta
a Cuba de dois
atletas cubanos
que vieram ao
Brasil para os
Jogos
Pan-Americanos,
no Rio de
Janeiro.
Requerimento com
esse objetivo,
de autoria do
senador Arthur
Virgílio
(PSDB-AM), foi
aprovado nesta
quinta-feira
(9), depois de
longo debate na
comissão.
Os pugilistas
Erislandy Lara e
Guillermo
Rigondeaux foram
presos na cidade
de Araruama
(RJ), após
abandonarem a
delegação
cubana. Dias
depois, foram
enviados de
volta a Havana
pelo governo
brasileiro - em
operação cuja
rapidez foi
condenada pela
oposição.
A CRE também
aprovou
requerimento de
informações ao
Ministério da
Defesa, este
apresentado pelo
senador
Heráclito Fortes
(DEM-PI),
presidente da
comissão, sobre
o vôo no qual
viajaram os dois
atletas cubanos.
Heráclito disse
que o episódio o
fazia recordar a
deportação para
a Alemanha de
Hitler da
militante
comunista Olga
Benário, então
companheira do
líder comunista
Luiz Carlos
Prestes.
O senador
pelo Piauí
observou que os
dois cubanos
haviam
demonstrado
satisfação em
permanecer no
Brasil e afirmou
não ver valor
nas declarações
dos dois
atletas, de que
voltavam a Cuba
por vontade
própria, uma vez
que suas
famílias
estariam
ameaçadas.
Virgílio
também recorreu
à comparação
histórica, ao
afirmar que não
gostaria de ver
repetido o
episódio de Olga
Benário. Em
discurso
emocionado, ele
criticou as
declarações do
líder cubano
Fidel Castro,
que classificou
de "desertores"
os dois atletas.
O senador
lembrou ainda o
caso do
ex-jogador
Mazola, que se
naturalizou
italiano e jogou
contra a seleção
brasileira na
Copa de 1962.
- Isso não é
guerra, é
esporte. Se
algum atleta
brasileiro
quiser ir morar
na Argentina,
qual é o
problema? O
olhar dos
cubanos que
voltaram a seu
país não era o
de pessoas
felizes, mas de
pessoas acuadas
- disse
Virgílio.
O senador
Inácio Arruda (PCdoB-CE)
apoiou a
investigação do
episódio, que
classificou de
"nebuloso".
Disse ainda que
os dois
pugilistas
deixaram de
disputar
medalhas de ouro
atraídos por
propostas de
negócios que não
se
concretizaram.
- Eles
ficaram a ver
navios -
lamentou o
senador.
O senador
Eduardo Suplicy
(PT-SP) recordou
trecho de artigo
escrito por
Fidel Castro,
segundo o qual
os dois atletas
estariam em uma
"casa de
visitas" e
poderiam receber
familiares. O
senador Eduardo
Azeredo
(PSDB-MG) disse
ser necessário
esclarecer se os
dois foram
deportados ou se
viajaram por
conta própria.
Por sua vez, o
senador Romeu
Tuma (DEM-SP)
comentou que os
dois estariam se
sentindo
"apavorados", em
virtude de
ameaças que
teriam sido
feitas a suas
famílias.
O senador
Marcelo Crivella
(PRB-RJ)
repudiou o
"regime de
força" a seu ver
existente em
Cuba. E o
senador Mão
Santa (PMDB-PI),
após classificar
de "muito grave"
o episódio,
lembrou o artigo
terceiro da
Declaração
Universal dos
Direitos da
Pessoa Humana,
segundo o qual
"todo homem terá
direito à vida,
à liberdade e à
segurança
pessoal".