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Meu pai está com Alzheimer -
Roberto Goldkorn
Meu pai está com
Alzheimer. (...)
O diagnóstico médico ainda não é
conclusivo, mas, para mim, basta
saber que ele esquece o meu
nome, mal anda, toma líquidos de
canudinho, não consegue terminar
uma frase, nem controla mais
suas funções fisiológicas, e tem
os famosos delírios paranóicos
comuns nas demências tipo
Alzheimer.
Aliás, fico até mais tranqüilo
diante do "eu não sei ao certo"
dos médicos; prefiro isso ao
"estou absolutamente certo de
que...", frase que me dá
arrepios.
Há trinta anos, não ouvia sequer
uma menção a essa doença
maldita. Hoje, precisaria ter o
triplo de dedos nas mãos para
contar os casos relatados por
amigos e clientes em suas
famílias.
O que está acontecendo? Estamos
diante de um surto de Alzheimer?
Finalmente nossos hábitos de
vida "moderna" estão enviando a
conta? O que os pesquisadores
sabem de verdade sobre a doença?
Qual é o lado oculto dessa
manifestação tão dolorosa? Lendo
o material disponível, chega-se
a uma conclusão: essa é uma
doença extremamente complexa,
camaleônica, de muitas faces e
ainda carregada de mistérios.
Sabe-se, por exemplo, que há um
componente genético. Por outro
lado, o Dr. William Grant fez
uma pesquisa que complicou um
pouco as coisas. Ele comparou a
incidência da doença em
descendentes de japoneses e de
africanos que vivem nos EUA, e
com japoneses e nigerianos que
ainda vivem em seus respectivos
países. Ele encontrou uma
incidência da doença da ordem de
4,1 para os descendentes de
japoneses que vivem na América,
contra apenas 1,8 de japoneses
do Japão.
Os afro-americanos vão mais
longe: 6,2 desenvolvem a doença,
enquanto apenas 1,4 dos
nigerianos são atingidos por
ela. Hábitos alimentares? Stress
das pressões do Primeiro Mundo?
Mas o Japão não é Primeiro
Mundo? Não tem stress? A
alimentação parece ser sem
dúvida um elo nessa corrente, e
mais ainda o alumínio. Segundo
algumas pesquisas, a incidência
de alumínio encontrada nos
cérebros de portadores da doença
é assustadoramente alta.
Pesquisas feitas na Austrália e
em alguns países da Europa
mostraram que, em atos
alimentados com uma dieta rica,
o sulfato de alumínio (comumente
colocado na água potável para
matar bactérias) danificou os
cérebros dos roedores de forma
muito similar à causada nos
humanos pelo Alzheimer.
Pesquisas do Dr. Joseph Sobel,
da Universidade da Califórnia do
Sul, mostraram que a incidência
da doença é três vezes maior em
pessoas expostas à radiação
elétrica (trabalhadores que
ficavam próximos a redes de alta
tensão ou a máquinas elétricas).
Mas não param por aí as
pesquisas, que apontam a arma em
todas as direções.
Porém, a que mais me chocou e me
motivou a fazer minhas próprias
elucubrações foi o estudo das
freiras. Esse estudo, citado no
livro A Saúde do Cérebro, do Dr.
Robert Goldman, Ed. Campus, foi
feito pelo Dr. Snowdon, da
Universidade de Kentucky.
Eles estudaram 700 freiras do
convento de Notre Dame. Na
verdade, eles leram e analisaram
as redações autobiográficas que
cada freira era obrigada a
escrever logo ao entrar na
ordem. Isso ocorria quando elas
tinham em média 20 anos.
Essas freiras (um dos grupos
mais homogêneos possíveis, o que
reduz muito as variáveis que
deveriam ser controladas) foram
examinadas regularmente e seus
cérebros investigados após suas
mortes.
O que se constatou foi
surpreendente. As que melhor se
saíram nos testes cognitivos e
nas redações - em termos de
clareza de raciocínio,
objetividade, vocabulário,
capacidade de expressar suas
idéias, mesmo apresentando os
acidentes neurológicos típicos
do Alzheimer (placas e massas
fibrosas de tecido morto) - não
desenvolveram a demência
característica da doença. Ou
seja, elas tinham as mesmas
seqüelas que as outras freiras
com Alzheimer diagnosticado (e
que tiveram baixos escores em
testes cognitivos e na redação),
mas não os sintomas clássicos,
como os do meu pai.
A minha interpretação de tudo
isso: não temos muito como
controlar todos os fatores de
risco apontados como vilões -
alimentação, pressão alta,
contaminação ambiental, stress,
e a genética (por enquanto).
Mas podemos colocar o nosso
cérebro para trabalhar. Como?
Lendo muito, escrevendo,
buscando a clareza das idéias,
criando novos circuitos neurais
que venham a substituir os
afetados pela idade e pela vida
"bandida".
Meu conselho: não sejam
infalíveis como o meu pobre pai,
não cheguem ao topo nunca, pois
dali, só há um caminho: descer.
Inventem novos desafios, façam
palavras cruzadas, forcem a
memória, não só com drogas (não
nego a sua eficácia,
principalmente as nootrópicas),
mas correndo atrás dos vazios e
lapsos. Eu não sossego enquanto
não lembro do nome de algum
velho conhecido, ou de uma
localidade onde estive há trinta
anos. Leiam e se empenhem em
entender o que está escrito, e
aprendam outra língua, mesmo aos
sessenta anos.
Não existem estudos provando que
o Alzheimer é a moléstia
preferida dos arrogantes,
autoritários e auto-suficientes,
mas a minha experiência mostra
que pode haver alguma coisa
nesse mato.
Coloquem a palavra FELICIDADE no
topo da sua lista de
prioridades: 7 de cada 10
doentes nunca ligaram para essas
"bobagens" e viveram vidas
medíocres e infelizes - muitos
nem mesmo tinham consciência
disso.
Mantenha-se interessado no
mundo, nas pessoas, no futuro.
Invente novas receitas,
experimente (não gosta de ir
para a cozinha? Hum...
preocupante.).
Lute, lute sempre, por uma
causa, por um ideal, pela
felicidade.
Parodiando Maiakovski, que disse
"melhor morrer de vodca do que
de tédio", eu digo: melhor
morrer lutando o bom combate do
que ter a personalidade roubada
pelo Alzheimer. E inté, amigos,
que eu vou me cuidar.
Roberto Goldkorn é psicólogo e
escritor.
( texto extraído da Internet)
Dicas para escapar do Alzheimer
Uma descoberta dentro da
Neurociência vem revelar que o
cérebro mantém a capacidade
extraordinária de crescer e
mudar o padrão de suas conexões.
Os autores desta descoberta,
Lawrence Katz e Manning Rubin
(2000), revelam que NEURÓBICA, a
"aeróbica dos neurônios", é uma
nova forma de exercício cerebral
projetada para manter o cérebro
ágil e saudável, criando novos e
diferentes padrões de atividades
dos neurônios em seu cérebro.
Cerca de 80% do nosso dia-a-dia
é ocupado por rotinas que,
apesar de terem a vantagem de
reduzir o esforço intelectual,
escondem um efeito perverso:
limitam o cérebro.
Para contrariar essa tendência,
é necessário praticar exercícios
"cerebrais" que fazem as pessoas
pensarem somente no que estão
fazendo, concentrando-se na
tarefa.
O desafio da NEURÓBICA é fazer
tudo aquilo que contraria as
rotinas, obrigando o cérebro a
um trabalho adicional.
Tente fazer um teste:
- use o relógio de pulso no
braço direito;
- escove os dentes com a mão
contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para
frente; (vi na China o pessoal
treinando isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma
coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para
baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir
ao trabalho;
A proposta é mudar o
comportamento rotineiro.
Tente, faça alguma coisa
diferente com seu outro lado e
estimule o seu cérebro.
Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar
agora, trocando o mouse de lado?
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