"[...] o espírito deste destemido patrício, [Bernardo Sayão]
que a terra de Brasília acolhe [...] nos servirá de flâmula,
de incitamento e de fonte de ânimo."
Juscelino Kubitschek
Desbravador da mata, herói pioneiro, homem e a árvore, bandeirante moderno, ou bandeirante do século XX são os títulos atribuídos a Bernardo Sayão, que entrou para a história com sua última e grande realização: a construção da Belém-Brasília iniciada em 1958. A longa rodovia ligaria definitivamente o Sul ao Norte do Brasil, com extensão de 2.169 quilômetros. A obra, antes com ares de utopia, hoje é uma realidade que compreende o Distrito Federal e os estados de Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará. Benificia as populações do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Dirigiu a Colônia Agrícola de Goiás, cujo o trabalho foi tão importante, que várias fazendas chegaram a um nível de desenvolvimento que transformaram-se em núcleos formadores de algumas cidades goianas, a exemplo de Ceres.
Entusiasta defensor da interiorização da Capital, Bernardo Sayão foi um dos primeiros diretores da NOVACAP a transferir-se para Brasília com sua família. Nos primeiros meses da construção, foi responsável pela abertura da primeira escola e dos cinemas pioneiros.
Nasceu no Rio Janeiro e diplomou-se pela Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária de Belo Horizonte. Vítima de uma tragédia que mobilizou todo o poder público, a imprensa e a população brasileira, Bernardo Sayão morreu em 1959, atingido por uma árvore no município de Açailândia (Maranhão), quando faltavam apenas 50 quilômetros para a conclusão da estrada.
CRONOLOGIA
Vera Catalão
1901 – Bernardo Sayão Carvalho Araújo nasceu em 18 de junho, na cidade do Rio de Janeiro, filho de João Carvalho Araújo e Alice Sayão Carvalho Araújo.
1920 – Iniciou estudos na Escola de Agronomia de Piracicaba – SP e, em seguida, transferiu-se para a Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro. Dois anos depois diplomou-se pela Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária de Belo Horizonte – MG.
1925 – Mudou-se para a Fazenda Santa Clara, no Paraná, onde dedicou-se por sete anos à cultura do café. Casou-se pela primeira vez com D. Lygia Mendes Pimentel, que faleceu em 1935. Desse casamento nasceram as filhas Léa e Lais.
1932 – Retornou ao Rio de Janeiro onde foi contratado como assistente no Departamento Nacional de Produção Vegetal do Ministério de Agricultura. Participou da Revolução Constitucionalista de 32 ao lado do Partido Republicano Paulista. Comprou a Fazenda Ribeirão das Flores, no interior do Rio de Janeiro.
1937 – Passou a ocupar o cargo efetivo de Agrônomo Cafeicultor no Ministério da Agricultura.
1941 – Casou-se com D. Hilda Fontenele Cabral, com quem teve quatro filhos: Fernando, Bernardo, Lia e Lilian. Com o lançamento, no Governo Vargas, da 'Marcha para o Oeste' foi designado para dirigir a Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG), que deu origem a cidade de Ceres, onde fixou residência com a família. Comandou a construção de 142 km da Br – 14, ligando Anápolis a Ceres.
1942 – Tendo o homem como preocupação principal e visando agilizar o cumprimento de suas tarefas, adotou diversas soluções práticas e não burocráticas, como a construção de uma ponte pênsil com tambores vazios de gasolina amarrados com cabo de aço sobre o rio das Almas; trocou pneus por combustíveis e outras providências imediatas, em situações emergenciais, que renderam-lhe no ano seguinte um processo administrativo.
1948 – Partiu do Rio de Janeiro, com toda a família, conduzindo para Goiás um comboio de 72 máquinas agrícolas e viaturas. A viagem durou 48 dias.
1950 – Exonerado do cargo de administrador da Colônia Agrícola Nacional de Goiás em 30 de novembro, retornou para a Fazenda Ribeirão das Flores, trabalhou fazendo frete enquanto aguardava julgamento do processo administrativo de 1943.
1952 – Fixou residência em Belo Horizonte trabalhando como empreiteiro na Colônia Agrícola de Jaíba.
1954 – Eleito vice-governador do Estado de Goiás pelo PSD, no ano seguinte, durante três meses, ocupou o cargo de governador, enquanto aguardava eleições suplementares que legitimaram a posse do governador José Ludovico de Almeida.
1955 – Antes mesmo da decisão presidencial de transferir a Capital para o interior goiano e da criação da NOVACAP, construiu o primeiro campo de pouso da região escolhida preparando a visita do Marechal José Pessoa, presidente da Comissão de Localização da Nova Capital.
1956 – Nomeado diretor da Campanhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – NOVACAP, em 16 de setembro, dirigiu a construção Anápolis- Brasília, concluída em junho de 1958, e no mês de novembro, fixou residência na cidade em construção, para atender prontamente as nessecidades das primeiras obras.
1956/1958 – Comandou a abertura de grandes vias públicas, ligando de extremo a extremo a cidade que nascia (Brasília). Construiu no Núcleo Bandeirante, entre outras obras, o Ginásio Brasília, Cine Brasília e o Cine Anápolis.
1958 – Designado pelo presidente JK, aceitou dirigir pessoalmente a construção da Rodovia Belém-Brasília, com 2.169 quilômetros de extensão.
1959 - Morreu em plena floresta, atingido por uma árvore na Rodovia Belém-Brasília, no Município de Açailândia-MA, quando faltavam apenas cinqüenta quilômetros para a conclusão desta que foi uma de suas obras mais audaciosas.