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QUEM USA DROGA É BRANCO E PORTA ROLEX
Na edição passada, abordei a temática das drogas
como indutora do processo de violência crônica e
degradação das relações sociais que vem se
consolidando nas grandes metrópoles do país e
que já lança tentáculos em direção às pequenas
cidades.
O título deste artigo reflete notícia
recentemente publicada no portal Terra, baseada
numa pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, que
sinaliza para a responsabilização das camadas
médias e ricas do país na consolidação de um
mercado pujante para a droga aqui consumida.
Pela pesquisa, os 5,8% da população brasileira,
pertencentes à Classe A, representariam 62% do
total de consumidores de drogas no país.
Constata ainda que, do total de usuários, 85%
são brancos e que 30% deles freqüentam a
Universidade.
Já era sabido que o Brasil tem a riqueza e as
oportunidades fortemente concentradas nas
classes ricas. Agora se sabe que essas mesmas
classes concentram também o patrocínio para a
potencialização dos efeitos do crime contra os
interesses coletivos.
À luz dos dados revelados pela pesquisa, talvez
alguns questionamentos das estratégias de
combate ao tráfico devam ser realizados. Que
efetividade tem a repressão sobre os
intermediários do tráfico, uma "mão-de-obra"
farta, muitas vezes pobres e carentes crônicos
da atividade estatal? Não seria mais eficiente a
adoção de estratégias de inclusão social, via
geração de rendas, nessa esfera do crime?
Os dados da pesquisa em referência podem ser
transportados para Brasília e seu Entorno. À
margem de todos os benefícios sociais, aquela
região desenvolveu uma indústria do crime
organizado cuja mão-de-obra é formada por jovens
sem perspectivas desde o nascimento. Ganhou
força ali uma tragédia para a qual só
recentemente o país abriu os olhos: os
altíssimos índices de mortes violentas entre
jovens, que se colocam dentre os mais
significativos do país.
Onde estão, em Brasília, aqueles 62% dos
consumidores encontrados pela pesquisa de âmbito
nacional? Pelas características de distribuição
de riqueza, infere-se que estão concentrados nos
locais mais ricos e não na Estrutural, em
Samambaia ou em Ceilândia.
Assim, o Plano Piloto e suas congêneres, onde se
concentram a maior fatia
de riqueza do DF, dão fôlego à violência que os
vitima e que os faz clamar
por segurança num ciclo interminável de causa e
consequência.
Essa é uma questão que indica que, mais que
repressão policial, exigem-se
do Estado, medidas focadas numa sociedade mais
pacífica e menos desigual.
Expedito Afonso Veloso - Mestre em Economia e
Professor |
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