Jornalistas cariocas e
capixabas estiveram reunidos
no último sábado durante o
3º Encontro Rio-Espírito
Santo de Professores de
Jornalismo. Com o tema "A
ética na formação do
jornalista", o professor
Marcel Cheida promoveu na
mesa de abertura do encontro
um debate sobre o ensino da
ética nos cursos de
jornalismo.
Ao contrário do que acontece
hoje, com a disciplina de
ética dividindo espaço
muitas vezes com matérias
como legislação e
sociologia, Cheida defendeu
uma melhor atenção a essa
matéria. "O ideal seria que
os cursos tivessem
disciplinas como: ética
política, ética de
comunicação e legislação da
comunicação, e não
disciplinas conjuntas como
observamos hoje. O estudo da
ética é necessário para que
haja uma sistematização do
conhecimento, e não apenas
seja algo que permeie outras
disciplinas de jornalismo ou
mesmo de comunicação
social".
Sobre o papel exercido pelo
jornalista nos dias de hoje,
Marcel Cheida destacou que o
ensino da ética deve sempre
pautar o diálogo entre a
moral e a política, "para
isso é necessário que exista
uma constante reflexão sobre
as relações de poder
estabelecidas em nossa
sociedade. O jornalista é
antes de tudo um sujeito
ético e político no
exercício da profissão".
O professor destacou ainda a
defesa do interesse público
como norteador do exercício
profissional. "o jornalista
tem que dar voz a quem hoje
não a possui, que é a
maioria da população
brasileira e não à elite
econômica, como acontece
freqüentemente. Um fato
muito comum nas redações é o
aproveitamento quase
integral de releases de
grandes empresas, o que
caracteriza uma absoluta
falta de ética. Os
jornalistas estão cada vez
mais sendo moldados.
Infelizmente a ética no
Brasil ainda é uma
abstração", apontou Cheida.
Sobre o estágio em
jornalismo, o professor
defendeu que a atividade
seja de fato um momento de
aprimoramento do
aprendizado. "O estágio não
deve ser visto apenas como
uma porta de entrada no
mercado de trabalho, por
isso é imprescindível o
acompanhamento de um
professor e de um jornalista
para orientar o aluno".
Novo Código de Ética
Durante o painel "O Novo
Código de Ética e a Formação
do Jornalista", a professora
Carmen Pereira, do Fórum
Nacional de Professores de
Jornalismo (FNPJ) e
Presidente da Comissão
Nacional de Ética da FENAJ,
fez um resgate do processo
de revisão que foi
finalizado com a atualização
do Código de Ética durante o
Congresso Nacional
Extraordinário em Vitória no
mês de agosto.
O professor e ex-diretor do
Sindijornalistas/ES, Fabiano
Mazzini lembrou que há 10
anos, também na cidade de
Vila Velha, durante o
Congresso Nacional dos
Jornalistas, a FENAJ lançava
uma campanha pela qualidade
de ensino nos cursos de
jornalismo. "Sem dúvidas
esse encontro de professores
em que estamos discutindo a
atual conjuntura do ensino
da profissão é um
desdobramento dessa demanda
que foi estabelecida em
1997", lembrou Mazzini.
O professor defendeu também
uma atualização da
legislação que regulamenta a
profissão. O Decreto Lei da
regulamentação é de 1979, e
desde então a realidade da
atividade do jornalista foi
radicalmente transformada,
principalmente com o advento
das novas tecnologias e a
convergência das mídias. "A
não regulamentação atende
claramente aos interesses
das empresas de comunicação,
e não dos trabalhadores",
finalizou.
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