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FREI GALVÃO -
Místico e Contemplativo
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Pastoral das Comunicações
Publicação Mensal - Ano 10 - Número 137
- Abril de 2007
Dom Frei Caetano
Ferrari, OFM.
Bispo Diocesano.
Santo Antônio de
Sant'Ana Galvão
(São Frei Galvão),
"Post partum, Virgo, inviolata
permansisti. Dei Genitrix, intercede pro nobis"
(Depois do parto, ó Virgem, permaneceste
inviolada. Mãe de Deus, intercede por nós)
(Pílulas de Frei Galvão)
No Boletim do mês passado
apresentei alguns dados biográficos do futuro
santo e um pouco de história (Primeira Parte),
agora apresento nesta edição a segunda parte:
"Alguns aspectos da espiritualidade e apostolado
de Frei Galvão".
FREI ANTÔNIO
SANT'ANA GALVÃO - 1739 a 1822
Segunda parte: Alguns aspectos da
espiritualidade e apostolado de Frei Galvão
-
Místico
e Contemplativo: Homem de oração e devoto de
Nossa Senhora
Frei Galvão distingui-se,
primeiramente, por uma rica "espiritualidade
franciscana e mariana". Um verdadeiro filho
de São Francisco: homem de oração, de vida
simples e penitente. Um devoto apaixonado de
Nossa Senhora: no dia em que professou na Ordem,
fez "juramento de defesa à Imaculada
Conceição" como era costume naquele tempo.
Os Frades eram defensores do privilégio da
Conceição Imaculada, cujo dogma só foi
proclamado em 1854. Mas, 4 anos depois da
ordenação, Frei Galvão aprofundou aquele
compromisso, assinando com o próprio sangue uma
"Cédula irrevogável de filial entrega a Maria
Santíssima, minha Senhora, digna Mãe e Advogada",
pela qual consagrava-se "como filho e
perpétuo escravo" da Mãe de Deus.
Era uma espiritualidade que nasceu e se
alimentava de uma forte experiência de Deus. E
se manifestava em convicções e atitudes muito
claras e firmes: absoluta confiança na
Providência Divina e submissão total à vontade
de Deus.
A partir dessa base, dá para entender
bastante bem de seu comportamento e ações. Era
de obediência irrestrita. Nomeações e
transferências: logo as assumia e se punha a
cumprir. Decisões de autoridades a seu respeito:
obedecia sem pestanejar. Vejam-se, por exemplo,
a nomeação e transferência para o Noviciado de
Macacu, a ordem do Governador quanto ao
fechamento do Mosteiro e quanto a sua expulsão
da cidade, etc. O que entendia ser vontade de
Deus, como as inspirações da Irmã Helena, corria
para pôr em prática. Por traz havia sempre a
serenidade de quem confia em Deus.
Podem ser vistas como expressões fortes
da mística e contemplação de Frei Galvão sua
luta e empenho, por mais de 40 anos, em favor da
fundação do Recolhimento da Luz e da formação e
direção espiritual das Irmãs para a vida
contemplativa, e sua fidelidade, por 60 anos, ao
juramento de servir à causa da Conceição
Imaculada e propagar sua devoção.
A quem lhe pedia uma graça, Frei Galvão
recomendava invocar a Imaculada Mãe de Deus,
engolindo um papelzinho com a invocação a Maria,
sempre Virgem, em sinal de confiança nela e de
proclamação da mensagem da Conceição Imaculada,
escrita no papel. Como é sabido, a pílula por si
mesma não tem nenhum poder miraculoso, ela só
produz efeito se for tomada não como uma forma
de magia, mas como sinal e expressão da fé e
confiança em Deus por Maria. É assim que ainda
hoje as pílulas de Frei Galvão têm ajudado muita
gente.
-
Pregador e Missionário
Itinerante: Apóstolo de São Paulo
Impulsionado pelo amor de
Deus, que trazia no coração, Frei Galvão foi o
grande pregador e anunciador da Palavra de Deus,
tendo como centro de sua ação evangelizadora a
cidade de Paulo. Logo que terminou os estudos,
foi eleito em Capítulo Provincial "Pregador,
Confessor e Porteiro" no Convento São
Francisco. A sua pregação estava sempre aliada
com o contato direto com o povo: a acolhida no
Confessionário e Portaria, sua bondade e
compreensão, seus conselhos e orientações, seu
socorro e ajuda aos necessitados, enfermos e
sofredores. Pouco a pouco sua fama atravessou
fronteiras.
Sempre a pé, andou a pregar por muitas
localidades fora da cidade: Sorocaba, Porto
Feliz, Itu, Taubaté, Parnaíba, Indaiatuba, Mogi
das Cruzes, Paraitinga, Pindamonhangaba,
Guaratinguetá. A serviço da Província, viajou
para mais longe: ao Rio de Janeiro, mais de uma
vez, e chegou até Castro, Paraná, como Visitador
da Ordem. As viagens, feitas a pé, se
transformavam em roteiros missionários de
pregação às diversas localidades. Em todos os
lugares anunciava o Evangelho e a devoção à
Imaculada. Ao passar por Piraí do Sul, indo para
Castro, deixou a estampa de Nossa Senhora das
Brotas, que lá se encontra na Capela das Brotas,
e é venerada até os dias de hoje. Não seria
exagerado dizer que a devoção à Nossa Senhora da
Imaculada Conceição de Aparecida, a partir de
seu Santuário na pequena cidade do Vale do
Paraíba e ao lado de Guaratinguetá, tivesse sido
alimentada pelo trabalho de difusão desta
devoção por parte de Frei Galvão.
Frei Galvão foi chamado "Apóstolo de
São Paulo". Sua pregação tocava as pessoas e
era acolhida pelo povo de todos os lugares, que
para ouvi-lo se reunia em multidão.
Como Comissário da Ordem Terceira de São
Francisco, eleito por duas vezes, cuidou de
formar os Irmãos na vivência do ideal
franciscano como caminho de santificação e de
verdadeiro apostolado leigo.
-
Confessor e Conselheiro:
Missionário da paz e da caridade
O maior bem que Frei
Galvão trazia no coração era Deus. Este bem ele
distribuía a quem o procurava. As pessoas da
cidade e de longe vinham a procura de Frei
Galvão para se confessar, para buscar seu
conselho e orientação de vida. Ele se destacou
como confessor e conselheiro do povo. Portador
da bênção e do perdão de Deus, só podia mesmo
trazer a paz: a paz da reconciliação com Deus, a
paz da pessoa com outra pessoa, a paz na
família, a paz na sociedade. Em Itu, deu-se o
caso de pacificação de uma família que se
costuma contar. Ele era um conselheiro sábio,
prudente, maduro, mais do que isso, cheio de
Deus. Por isso mesmo era considerado "Homem
virtuosíssimo" e foi chamado "Homem da
paz".
Além de Confessor do povo, dedicou parte
importante de sua vida, primeiro como Confessor
e Atendente das Irmãs Carmelitas, no
Recolhimento Santa Teresa, depois, até o fim da
vida, como Confessor e Diretor espiritual das
Irmãs Concepcionistas do Recolhimento da Luz.
Para o Recolhimento da Luz foi tudo: co-fundador
com a Irmã Helena, construtor, arquiteto,
pedreiro, esmoler, sustentador, Confessor,
Capelão e Orientador espiritual.
Embora sendo pacífico e pacificador, era
defensor da justiça. Basta lembrar o caso da
condenação à morte do soldado conhecido pelo
nome de "Caetaninho". Frei Galvão não
hesitou em pôr-se declaradamente em sua defesa,
não obstante o confronto inevitável com o
Governador da Capitania que ordenara a
condenação, uma condenação injusta e arbitrária.
Se era todo amor para Deus, era-o também
para os necessitados. Aprendera em família dar
esmolas. Conta-se que, em criança, dera uma
toalha de crivo e bordado da mãe a um pobre que
pedia esmolas. Acostumara a ser generoso,
sobretudo com os pobres e necessitados. Fala-se
também que ao tempo da construção do Mosteiro da
Luz passava toda semana pelos bares das
proximidades e pagava as dívidas dos serventes
da obra, que eram negros escravos.
O povo o amava e o defendia. Assim
aconteceu quando o Governador por vingança
decretara o desterro de Frei Galvão. O povo
cercou a casa do Governador que se viu obrigado
a revogar a sentença. Com razão o povo
distinguiu-o com o nome de "Homem da
caridade".
Por todos estes títulos, o povo
considerava Frei Galvão um santo e sendo assim,
ainda em vida, todos o chamavam "Padre Santo".
Fama esta que não se extinguiu depois da morte,
mas perdurou por todo o tempo e o levou
primeiramente à Beatificação no Vaticano, em
1998, e agora à Canonização em São Paulo, no dia
11 de maio de 2007.
Para a glória da Santíssima Trindade, o
louvor da Imaculada Conceição, a honra de São
Francisco e o bem de todos nós brasileiros e de
todo o santo povo de Deus. Assim Seja!. |
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