Na natureza selvagem -
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Quando o cinema é arte
de fatoÉ
extremamente
gratificante assistir a
um filme como "Na
natureza selvagem". É
gratificante e nos dá a
esperança de ainda
existir gente no mundo
que sabe realizar filmes
que têm como sobrenome a
palavra "arte". Esta
produção dirigida por
Sean Penn mostra que é
possível rodar um
longa-metragem profundo,
tocante, reflexivo, belo
e edificante. Não, não é
só nas prateleiras das
locadoras evangélicas
que podemos encontrar
filmes que não ofendem a
nossa moral e elevam
nosso espírito. "Na
natureza selvagem" é uma
prova de que o cinema
secular tem muitas
pérolas com que nos
presentear.
Baseado
numa história real,
mostra a jornada do
jovem Chris
McCandless (Emile
Hirsch) em busca da
própria identidade e
de um significado
para a sua vida.
Depois de se formar,
ele doa todas as
economias para a
caridade e, sem
avisar ninguém de
sua complicada
família, se lança
numa viagem com
destino ao Alasca.
Nessa trajetória,
vive as mais
variadas
experiências e
conhece diversos
tipos de pessoas,
até chegar a um
final surpreendente
e inspirador.
.
As
atuações são todas
muito expressivas,
desde o protagonista
até os atores que
fazem papéis
menores, como
Catherine Keener,
Jena Malone e os
vencedores do Oscar
William Hurt e
Marcia Gay Harden.
Junto com a bela
fotografia e as
músicas melancólicas
de Eddie Vedder
(vocalista do grupo
Pearl Jam), os
personagens compõem
os trilhos perfeitos
sobre os quais
trafega a pungente
narrativa. A
mensagem e as
reflexões do filme
são, em si só, de
uma profundidade
alcançada por poucos
nas telas. Em seu
quarto trabalho como
diretor, Sean Penn
consegue construir
um filme que
certamente tem muito
a dizer a cada um de
nós. É poesia para a
alma.
Além
da mensagem em si desta
obra (manifesta,
principalmente, nos
últimos cinco minutos de
filme), é possível
extrair muitas lições
secundárias da jornada
de Chris. Como a
importância de os pais
saberem construir um
relacionamento saudável
com seus filhos e
vice-versa. O que leva o
jovem a sumir sem avisar
ninguém e se lançar
nessa viagem rumo ao
desconhecido é
principalmente a vontade
de fugir de tudo aquilo
que seus pais
representam:
materialismo,
agressividade,
futilidade,
egocentrismo. Sem querer
se tornar aquilo que
seus pais se tornaram,
Chris foge.
Esse, por outro lado,
é um grande erro do
jovem: ele é
transgressor. Some sem
dar satisfações aos
pais, viaja como
clandestino num trem,
desce um rio sem ter
licença para isso. E
suas transgressões
acabam lhe custando
muito caro.
Por
outro lado, Chris
prova ao longo de
sua trajetória o
sabor da verdadeira
amizade. Ele
percebe, de dentro
de seu isolamento,
que o contato com
outros seres humanos
é algo que não tem
preço. Mais do que
isso: é
imprescindível. Cada
pessoa que cruza seu
caminho,
independentemente de
idade, raça, sexo ou
condição social, é
vista como uma jóia
preciosa, que tem
muito a dar e que
merece receber o que
você tiver para
oferecer. No mundo
desumanizado em que
vivemos, esse é um
aprendizado vital.
Seres humanos: que
bem precioso!,
ensina-nos Chris.
.
Ao
contrário da
esmagadora maioria
dos filmes que
chegam ao mercado
hoje em dia, "Na
natureza selvagem"
apresenta o sexo não
como algo barato,
desimportante e
fugaz. Chris conhece
a jovem Tracy (Kristen
Stewart), que se
interessa por ele e
o convida para sua
cama de um modo que
a maioria dos nossos
jovens nem hesitaria
em aceitar. Mas ele
recusa. Discernindo
a importância do
ato, ele prefere…
compor uma música
com a bela jovem!
Uau. E com isso
ganha o respeito e o
coração dela. E
nosso.
Nos últimos acordes
de sua jornada, Chris
reconhece a importância
de valores que são
preciosos para a moral
cristã. Ele aprende a
perdoar. Aprende o peso
da família. Aprende a
reconhecer os erros.
Aprende a pedir perdão.
E, principalmente,
aprende a agradecer a
Deus por todas as coisas
boas que aconteceram em
sua vida.
Maurício Zágari
Tupinambá
Jornalista e professor
de Teologia
Equipe CINEGOSPEL