Síndrome do Pânico
Por Tereza
Aquino
Nos últimos tempos, um
grande número de pessoas vêm sendo afetadas
por esse terrível mal. Trata-se de uma
situação limite, sempre relatada de forma
extremamente dramática pelas pessoas que
vivenciaram ou que ainda vivenciam tal
situação.
Essas pessoas se percebem
inteiramente tomadas por sensações
assustadoras descritas de maneira muito
semelhante: aflição no peito, taquicardia,
sudorese, contrações musculares, medo de
perder o controle, sensação de morte
iminente. São manifestações físicas e
psíquicas que reunidas formam o quadro
sintomatológico da Síndrome do Pânico
conforme reconhecido pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). Tal instituição, ao
se encarregar da publicação dos diferentes
manuais de psiquiatria, especifica os
critérios de diagnóstico e, por conseguinte,
circunscreve os diversos distúrbios,
formalizando assim as doenças. A partir
desse referencial a Síndrome do Pânico se
distingue dos demais tipos de ansiedade pelo
que é considerado a sua principal
característica: crises de pânico súbitas sem
fatores desencadeantes aparentes.
Em geral, segundo relato
das pessoas acometidas pela Síndrome do
Pânico, instala-se o que vem sendo chamado
de "medo do medo", isto é, o medo de que a
crise retorne. Devido a um processo de
associação, a partir da primeira crise,
qualquer estímulo interno (uma dor,
tonteira, alterações nos batimentos
cardíacos, etc) ou externo (um lugar, um
cheiro, túnel, ônibus, metrô, etc) pode
remeter à situação das crises anteriores e
funcionarem como o elemento-índice,
desencadeador de uma nova crise. Nesse
sentido, fazendo parte de um procedimento
defensivo para evitar que novas crises
ocorram, vão se produzindo diferentes tipos
de fobia.
E assim vai se
circunscrevendo um quadro cuja principal
característica é um medo revestido de
irracionalidade já que o medo é impalpável,
invisível, ilógico.
Consequentemente, de uma
maneira gradativa, a vida cotidiana das
pessoas acometidas dessa síndrome, vai se
tornando restrita. De tal forma as
limitações vão se impondo que o resultado é
uma dramática incapacidade de dirigir a
própria vida. As mais simples tarefas, já
tão familiares, tornam-se barreiras
intransponíveis. As dificuldades vão
surgindo de forma interrelacionada e
aumentando progressivamente. Muitas pessoas
perdem o emprego enquanto lutam contra esse
mal. Subitamente se percebem inundadas por
um sentimento de total impotência e
incompetência, cujos motivos, até então
invisíveis, começam a ser percebidos no meio
social a partir dos gradativos fracassos que
se infiltram, pouco a pouco, perpassando
todos os setores da vida. As restrições vão
se impondo sucessivamente a tal ponto que o
indivíduo pode mesmo vir a se encontrar
enclausurado em sua própria casa (agorafobia),
inteiramente dependente de terceiros.
Infelizmente um grande número de pessoas com
a Síndrome do Pânico, devido à falta de
informação e de acesso a tratamento
adequado, buscam alívio no álcool e nas
drogas.
A cura não se dá de forma
espontânea, o que significa que a
sintomatologia não desaparece a menos que a
pessoa receba tratamento específico,
especializado, para que seja eficaz.
Atualmente, o tipo de
tratamento para a Síndrome do Pânico que vem
obtendo bons resultados tem se baseado nas
recentes contribuições de estudos e
pesquisas inspiradas numa visão integrada do
ser humano ¾ psico-soma. Isso significa, em
termos de tratamento, associar psicoterapia
e medicamentos. Enquanto a psicoterapia
auxilia a compreensão dos motivos do pânico
e estimula as mudanças de atitudes
necessárias para eliminá-lo, os
medicamentos, em casos onde o quadro
sintomatológico é mais intenso, garantem à
pessoa o equilíbrio necessário para poder se
beneficiar da psicoterapia.
O processo
psicoterapêutico, em geral, leva alguns
meses. Quando bem conduzido, num primeiro
momento, evita as crises ou pelo menos reduz
substancialmente a intensidade e a
frequência delas, trazendo alívio
significativo. Na medida em que vão
ocorrendo as sessões psicoterapêuticas o
paciente vai aprendendo mais sobre os seus
sintomas, sobre si mesmo, e, sobretudo,
aprendendo a agir em conformidade com essas
descobertas ou novas percepções. Por
conseguinte, ao familiarizar-se com suas
potencialidades o paciente se tornará o
próprio agente da mudança de seu estado ao
invés de envergonhar-se dele.
Com efeito, esse é o passo
mais difícil porém decisivo na medida em que
funcionará como o elemento detonador do
processo de cura. Tal atitude, que será
obtida no próprio processo psicoterapêutico,
fornecerá os meios necessários para que a
pessoa acometida da Síndrome do Pânico se
perceba capacitada para alcançar com sucesso
a eliminação de tal mal. Trata-se de uma
atitude imprescindível para a conquista da
cura, e que pode ser traduzida por:
reapropriação do respeito por si próprio.
Autora
Tereza Aquino
Psicóloga Clínica - CRP 05-16558
E-mail:
aquino@ism.com.br
Para saber mais:
No Brasil:
Página sobre o
Transtorno do Pânico
Guia de Ajuda
a Portadores da Síndrome do Pânico
Depressão e
Síndrome do Pânico
- Unicamp CCOU - Assista também ao
vídeo on-line
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