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EQUÍVOCOS NO TRATAMENTO DA
DENGUE
From:
REYNALDO
FERREIRA
Date: 06/04/2008 14:43
Subject: FW: Equívocos no tratamento da
dengue
To: Theresa Catharina Campos
DENGUE – EQUÍVOCOS NO
TRATAMENTO
Prof. Dr.
Edimilson Ramos Migowski de Carvalho, MD,
PhD(Professor de Infectologia Pediátrica da
UFRJ e vice-presidente da Sociedade de
Pediatria do Estado do Rio deJaneiro)
O vírus do Dengue é um
Flavivirus, portanto do mesmo gênero do
vírus da hepatite C e da febre amarela, que
também são hepatotrópicos. Assim, a hepatite
não pode ser considerada uma complicação do
dengue, pois faz parte da história natural
da doença. Aspectos histológicos de hepatite
viral têm sido demonstrados em biópsias
hepáticas de pacientes com dengue, como
degeneração dos hepatócitos, necrose centro
lobular, degeneração gordurosa, hiperplasia
de células de Kupffer, infiltração de
monócitos e alterações muitas vezes de
grande monta a exemplo do que ocorre na
febre amarela. Diversos estudos demonstram
que 80 a 100% dos pacientes com dengue,
mesmo sem hepatomegalia, apresentam algum
grau de envolvimento hepático com elevação
de transaminases(TGO e TGP).
O tratamento da Dengue é sintomático, isto
é, são utilizados medicamentos apenas para
amenizar os sinais e sintomas, e não para
combater o vírus. O próprio sistema
imunológico acaba com o vírus em alguns
dias. Mesmo assim, deve-se fazer
repouso, não se agasalhar excessivamente e
beber muito líquido para evitar a
desidratação proporcionada pela febre e
evitar sintomas mais desagradáveis.
No caso da forma hemorrágica, é recomendada
a aplicação de soro e plasma. Em alguns
casos mais graves pode haver a necessidade
de transfusão de sangue.
Embora não tenha qualquer estudo, é o
paracetamol (Dôrico®, Tylenol® etc) o
fármaco mais utilizado para tratamento da
dor e febre no paciente com dengue. Vale
ressaltar que o vírus do dengue causa, em
praticamente 100% das pessoas infectadas, um
quadro de hepatite, e o paracetamol é
muito tóxico para esse órgão e poderá
agravar o problema.
O ácido acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®,
Melhoral®, Doril® etc) é contra-indicado,
porque essa substância interfere nos
mecanismos de coagulação e pode favorecer o
aparecimento de manifestações hemorrágicas.
Baseado nos perfis do medicamento e da
doença, os medicamentos que poderiam ser
utilizados com um pouco mais de segurança
seriam a dipirona (Novalgina®, Dorflex®,
Anador® etc.) e o ibuprofeno (Dalsy®,
Alivium®). Mas sempre de forma comedida e
com orientação médica.
Na maioria das vezes, o doente se recupera
em uma semana. A recuperação costuma ser
total, não deixando nenhum tipo de seqüela.
É comum que ocorra durante alguns dias uma
sensação de cansaço, que desaparece
completamente com o tempo, geralmente em até
quinze dias.
Paracetamol é uma substância que
exige um esforço do fígado para
metabolizá-la. A diferença entre a dose
terapêutica e a tóxica é muito pequena.
Segundo a Administração de Drogas e
Alimentos dos Estados Unidos,um adulto
saudável deve ingerir, no máximo, quatro
gramas de paracetamol por dia. Para
crianças, a dose recomendada é de cem
miligramas por quilo de peso. Mas o mais
seguro é consumir o mínimo possível. O
excesso pode causar hepatite medicamentosa.
Hepatite tóxica mata rapidamente, adultos e
crianças. Ela pode ser a verdadeira
causa de vários óbitos atribuídos ao dengue.
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