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									ESSA GRANDE FIGURA QUE É NOEL 
									ROSA 
									 
									
									From:
									REYNALDO 
									FERREIRA  
									Date: 07/04/2008 10:43 
									Noel Rosa 
									To: Theresa Catharina Campos 
									 
									Repassando a 
									música dessa grande figura que é Noel Rosa 
									(...) 
									 
									Noel Rosa 
									completo, pela primeira vez 
									
									
									Depois de um colossal trabalho de pesquisa e 
									restauração sonora, professor paulistano de 
									biologia reúne toda a obra do Poeta da Vila 
									em uma caixa com 14 CDs 
									 
									Carlos Calado 
									17/11/2000 
									 
									Um objeto de desejo para qualquer apreciador 
									da música popular brasileira chega ao 
									mercado na próxima semana. A caixa Noel Pela 
									Primeira Vez (lançamento da Funarte com a 
									gravadora Velas) reúne em 14 CDs a obra 
									integral de Noel Rosa (1910-1937), que 
									estaria completando 90 anos de idade no 
									próximo dia 11. Nas 229 faixas dessa 
									ambiciosa edição, o ouvinte terá acesso a 
									todas as primeiras gravações das composições 
									que o Poeta da Vila escreveu durante seus 
									breves seis anos de atividade musical. 
									"Entre outros grandes compositores, como Ary 
									Barroso e Lamartine Babo, Noel sempre chamou 
									mais minha atenção por ser um artista 
									multifacetado. Ele fazia suas sátiras e suas 
									crônicas sempre com a mesma seriedade, por 
									mais banal e simples que suas composições 
									pudessem parecer", diz Omar Jubran, o 
									pesquisador e professor de biologia 
									paulistano, que passou 11 anos procurando, 
									recuperando e remasterizando as gravações 
									incluídas nessa edição. 
									 
									"Noel foi o grande inovador de nossa lírica, 
									o primeiro a mostrar que tudo (fome, 
									miséria, mentira, futebol, jogo do bicho, 
									assassinato, roubo, prostituição, 
									homossexualismo, bebida, política, 
									corrupção) podia ser convertido em letra de 
									música", observa João Máximo, biógrafo do 
									compositor, no texto de abertura do livreto 
									de 160 páginas, que faz parte da caixa, 
									incluindo todas as letras das canções e 
									fichas técnicas das gravações. As canções 
									foram organizadas em ordem cronológica, 
									opção que permite acompanhar a evolução de 
									Noel como compositor. 
									 
									Da temática sertaneja de composições como a 
									toada Festa no Céu e a embolada Minha Viola 
									(ambas compostas em 1929 e gravadas pelo 
									próprio autor), passa-se ao encanto de Noel 
									pelos negros do morro, flagrado em sambas 
									como Mulato Bamba (1931), até se chegar a 
									seus sambas mais elaborados, como Último 
									Desejo (1937). Além do próprio compositor, 
									que pode ser ouvido em dezenas de faixas, 
									assim como Aracy de Almeida (sua intérprete 
									favorita), outros cantores notáveis se 
									sucedem, como Silvio Caldas, Francisco 
									Alves, Mário Reis, Carmen Miranda, Aurora 
									Miranda, Marília Baptista, Elizeth Cardoso, 
									João Nogueira e Jamelão. Gravações mais 
									recentes, realizadas na última década, 
									destacam ainda Vânia Bastos, Ná Ozzetti e 
									Johnny Alf. 
									 
									Omar Jubran conta que seu interesse por Noel 
									foi despertado durante sua infância, entre 
									os anos 50 e 60. "A gente ainda não tinha TV 
									em casa e eu ficava ouvindo rádio, que 
									naquela época era muito mais segmentado do 
									que é hoje. Havia várias emissoras que 
									tocavam compositores mais antigos da música 
									brasileira", recorda o pesquisador, hoje com 
									47 anos. 
									 
									Dono de uma grande discoteca (atualmente com 
									cerca de 15 mil títulos, entre 78 rotações, 
									LPs, compactos e CDs de vários gêneros 
									musicais), Jubran resolveu organizá-la pela 
									primeira vez, em 1987, época em decidiu 
									investir mais em sua já vasta coleção de 
									gravações do Poeta da Vila. O lançamento do 
									livro Noel Rosa – Uma Biografia, de João 
									Máximo e Carlos Didier, foi fundamental para 
									que ele desse seqüência à pesquisa. "Além de 
									ser um livro diferente, por causa de seu 
									rigor científico, ele trazia uma relação 
									completa de todas as composições do Noel. 
									Resolvi checar quantas eu tinha e percebi 
									que já possuía 70% desse material. Virou 
									ponto de honra para mim conseguir o que 
									faltava", recorda. 
									 
									Cooperativa 
									Em meio à pesquisa, Jubran começou a se 
									interessar por equipamentos de áudio que 
									permitissem recuperar gravações em estado 
									precário. Investiu nesses aparelhos, até que 
									seu saldo bancário entrasse no vermelho. "Eu 
									ficava chateado. Toda vez que saía algum 
									novo CD de Noel eram sempre as mesmas 
									músicas: Três Apitos, Feitiço da Vila e 
									coisas assim. Decidi entrar de cabeça nisso, 
									mas esses softwares de recuperação sonora 
									são muito caros. Cheguei a vender um carro, 
									em 93, mas mesmo assim não consegui o 
									dinheiro suficiente", relembra. A solução 
									foi procurar uma roda de amigos e propôr a 
									eles que comprassem a coleção de Noel 
									antecipadamente, para ajudá-lo a prosseguir. 
									"Achei oito doidos que confiaram em mim, na 
									verdade, pagando o preço de duas coleções 
									para receberem apenas uma, num prazo que eu 
									nem mesmo poderia precisar qual seria", 
									conta. 
									 
									Junto com os CDs, a caixa traz um livreto de 
									160 páginas 
									Para reunir as gravações que faltavam, 
									Jubran teve que viajar por várias cidades 
									dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e 
									Minas Gerais. As gravações mais difíceis de 
									conseguir (já não se lembra exatamente quais 
									eram) pertenciam a um renitente colecionador 
									do sul de Minas, que teve de ser "amaciado" 
									aos poucos, com muita paciência. "Ao 
									telefone, ele me disse que tinha os discos, 
									mas que eu não iria ouvi-los, nem mesmo ver 
									de que cor eles eram", relembra. 
									 
									Delicada também foi a operação para 
									recuperar um 78 rotações que recebeu 
									quebrado em três pedaços. Depois de 
									colá-los, com o auxílio de uma lupa e um 
									estilete, eliminou o excesso de adesivo. 
									"Tive muita sorte porque os sulcos 
									coincidiram", festeja, calculando que gastou 
									cerca de 50 horas de trabalho, só para 
									eliminar os ruídos produzidos pelas emendas. 
									O resultado ficou tão bom que Jubran 
									recusa-se a revelar que faixa é essa, 
									desafiando seus amigos técnicos de gravação 
									a descobri-la. Seu preciosismo levou-o até a 
									ficar em dúvida quanto a incluir na caixa 
									algumas canções que o grupo espírita 
									Aquarius afirma terem sido psicografadas por 
									Noel. "Com todo respeito, decidi ficar 
									apenas no plano material", conclui. 
									 
									Em janeiro de 1998, o trabalho de pesquisa, 
									restauração e remasterização de todo o 
									material estava terminado. Depois que as 
									primeiras notícias chegaram à imprensa, o 
									telefone de Jubran tocou bastante. "Fui 
									procurado até por repórteres interessadas em 
									entrevistar Noel Rosa", diverte-se. Mesmo 
									assim, só conseguiu fechar o contrato de 
									edição com a Funarte e o Ministério de 
									Cultura depois de procurar vários órgãos 
									federais e estaduais de cultura. Entre 
									vários absurdos, chegou a ouvir a sugestão 
									de que fizesse somente uma compilação com as 
									"melhores" faixas. Difícil também foi o 
									processo para conseguir as permissões de 
									todos os intérpretes e parceiros de Noel ou 
									de seus herdeiros – trabalho coordenado por 
									Luiz Pedreira, que se arrastou por mais de 
									um ano. "Fiquei muito agradecido ao Vitor 
									Martins, da Velas, que apoiou minha idéia de 
									não subtrair nenhuma faixa da coleção", 
									reconhece. 
									 
									Jubran ainda leciona Biologia, atualmente, 
									num colégio particular de São Paulo. 
									Dizendo-se desiludido com a situação da 
									educação no país, espera que a repercussão 
									desse trabalho o ajude a viabilizar outros 
									projetos semelhantes, como reunir as obras 
									completas de Ary Barroso, Lamartine Babo e 
									Adoniran Barbosa, já engatilhados. 
									"Praticamente já tenho todas essas 
									gravações", revela. Outro projeto, com o 
									título provisório de Carnaval do século XX, 
									reuniria músicas de carnaval compostas entre 
									1899, ano em que Chiquinha Gonzaga compôs a 
									pioneira Abre-Alas, e meados dos anos 70, 
									época em que compositores deixaram de criar 
									para o carnaval. "A idéia é incluir 15 ou 20 
									marchinhas importantes, ano por ano, e fazer 
									uma análise de todas elas, localizando o 
									momento histórico. Já consegui quase três 
									mil músicas", calcula o pesquisador. 
									 
									Faixas: 
									1 Ingênua - c/ Glauco Vianna 
									(Glauco Vianna - Noel Rosa) 
									2 Festa no céu - c/ Noel Rosa 
									(Noel Rosa) 
									3 Minha viola - c/ Noel Rosa 
									(Noel Rosa) 
									4 Com que roupa? - c/ Noel Rosa 
									(Noel Rosa) 
									5 Malandro medroso - c/ Noel Rosa 
									(Noel Rosa) 
									6 Meu sofrer - c/ Gastão Formenti 
									(Henrique Britto - Noel Rosa) 
									7 Lataria - c/ Bando de Tangarás 
									(Almirante - João de Barro - Noel Rosa) 
									8 Eu vou pra Vila - c/ I. G. Loyola & Noel 
									Rosa 
									(Noel Rosa) 
									9 Com que roupa? - c/ I. G. Loyola (Part.: 
									Noel Rosa) 
									(Noel Rosa) 
									10 Dona Aracy - c/ Almirante 
									(Noel Rosa) 
									11 Nega - c/ João de Barro 
									(Lamartine Babo - Noel Rosa) 
									12 A. B. surdo - c/ Olga Jacobina (Part.: 
									Lamartine Babo) 
									(Lamartine Babo - Noel Rosa) 
									13 Por esta vez passa - c/ I. G. Loyola 
									(Noel Rosa) 
									14 Dona Emília - c/ Almirante 
									(Glauco Vianna - Noel Rosa) 
									15 Gago apaixonado - c/ Noel Rosa 
									(Noel Rosa) 
									16 Bom elemento - c/ Arthur Costa (Part.: 
									Noel Rosa) 
									(Quindinho - Noel Rosa) 
									17 Sinhá Ritinha - c/ Paulo Netto de Freitas 
									(Moacyr Pinto Ferreira - Noel Rosa) 
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