Theresa Catharina de Góes Campos

 

www.fenaj.org.br/diploma

Somos jornalistas e temos uma profissão:
em defesa da sociedade brasileira

As sociedades contemporâneas, cada vez mais complexas, exigem o conhecimento de assuntos de interesse público que circulam em toda as áreas, da Medicina à Antropologia, da Engenharia ao Direito, da Biotecnologia à História. É preciso saber, no calor da hora, de temas, fatos e versões que ocorrem tanto em tais áreas quanto nas ruas. Para isso, existe um profissional, envolvido diariamente com o seu fazer, que busca informações, as apura, faz entrevistas, contextualiza, registra e edita, para que mais gente, em todas as áreas e em todos os cantos, possa tomar conhecimento e melhor se situar frente à realidade. A este profissional se chama jornalista.

Em escala pública e dimensão planetária, em períodos extremamente curtos (dia, hora, minuto – tal como é o andar diário da humanidade), e em linguagem acessível à população e não hermética, há profissionais que se empenham para esta reconstrução do mundo. A este profissional se chama jornalista.

Sem este profissional, não há jornalismo. Para a informação jornalística é preciso qualidade, são necessários pressupostos éticos, conhecimentos técnicos e tecnológicos – da tevê ao rádio, da internet à revista, do jornal ao planejamento gráfico. Em todas estas coberturas e atividades e para todos estes suportes tecnológicos, é preciso cuidado na apuração, rigor na exatidão, obediência a preceitos éticos, qualidade na produção estética, cuidado e precisão nas conseqüências da forma de divulgação.

Há um profissional que se preocupa com isso. A ele se chama jornalista.

A informação com tais características, produzida por jornalistas, permite à sociedade maior liberdade, além de mais e melhor opção de escolha. Permite melhor escolha e decisão nos caminhos a seguir.

Depois de 60 anos de regulamentação profissional e 80 de luta pela formação superior em Jornalismo, há agora a clara ameaça do fim de quaisquer exigências para o exercício da profissão.

O ataque contemporâneo do neoliberalismo à profissão jornalística é mais um ataque às liberdades sociais e às profissões em particular. Com isso, amplia-se o campo das desregulamentações em geral e aumentam as barreiras à construção qualificada e lúcida de um mundo mais democrático, visível e justo.

O ataque ao jornalismo é também um desrespeito à sociedade, que diminui sua amplitude de escolha, diminui o espaço de liberdade e de confronto de opiniões. Há claros prejuízos à ética profissional e amplia-se o controle sobre quem entra nas redações – do interesse particularizado expresso na contratação de apadrinhados políticos e ideológicos ao aviltamento profissional e salarial, por meio de contrato de pessoas que nada têm a ver com a formação específica na área.

Hoje, já existe liberdade garantida para quem quiser expor sua opinião, como entrevistado ou articulista de uma determinada área. Com a desregulamentação, contudo, perde-se as raízes da vinculação do jornalismo ao interesse público, razão de sua consolidação como profissão nos últimos 60 anos. Com isso, além da própria categoria profissional ter redução de empregos, desprestígio em seu reconhecimento público, a própria sociedade, no conjunto, perde a referência qualitativa dos acontecimentos do dia-a-dia, essenciais para a liberdade de escolha do dia seguinte.

O ataque à regulamentação em Jornalismo atinge profissionais e estudantes, desrespeita as identidades de cada área – e nisso desrespeita também as demais -, e fere frontalmente a sociedade em seu direito de ter informação apurada por profissionais, com qualidade técnica e ética, bases para a visibilidade pública dos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas. É um ataque, portanto, ao próprio futuro do país e da sociedade brasileira.

FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas

 

Jornalismo com ética e solidariedade.