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Somos
jornalistas e temos uma profissão:
em defesa da sociedade brasileira
As sociedades
contemporâneas, cada vez mais complexas,
exigem o conhecimento de assuntos de
interesse público que circulam em toda as
áreas, da Medicina à Antropologia, da
Engenharia ao Direito, da Biotecnologia à
História. É preciso saber, no calor da hora,
de temas, fatos e versões que ocorrem tanto
em tais áreas quanto nas ruas. Para isso,
existe um profissional, envolvido
diariamente com o seu fazer, que busca
informações, as apura, faz entrevistas,
contextualiza, registra e edita, para que
mais gente, em todas as áreas e em todos os
cantos, possa tomar conhecimento e melhor se
situar frente à realidade. A este
profissional se chama jornalista.
Em escala pública e dimensão planetária, em
períodos extremamente curtos (dia, hora,
minuto – tal como é o andar diário da
humanidade), e em linguagem acessível à
população e não hermética, há profissionais
que se empenham para esta reconstrução do
mundo. A este profissional se chama
jornalista.
Sem este profissional, não há jornalismo.
Para a informação jornalística é preciso
qualidade, são necessários pressupostos
éticos, conhecimentos técnicos e
tecnológicos – da tevê ao rádio, da internet
à revista, do jornal ao planejamento
gráfico. Em todas estas coberturas e
atividades e para todos estes suportes
tecnológicos, é preciso cuidado na apuração,
rigor na exatidão, obediência a preceitos
éticos, qualidade na produção estética,
cuidado e precisão nas conseqüências da
forma de divulgação.
Há um profissional que se preocupa com isso.
A ele se chama jornalista.
A informação com tais características,
produzida por jornalistas, permite à
sociedade maior liberdade, além de mais e
melhor opção de escolha. Permite melhor
escolha e decisão nos caminhos a seguir.
Depois de 60 anos de regulamentação
profissional e 80 de luta pela formação
superior em Jornalismo, há agora a clara
ameaça do fim de quaisquer exigências para o
exercício da profissão.
O ataque contemporâneo do neoliberalismo à
profissão jornalística é mais um ataque às
liberdades sociais e às profissões em
particular. Com isso, amplia-se o campo das
desregulamentações em geral e aumentam as
barreiras à construção qualificada e lúcida
de um mundo mais democrático, visível e
justo.
O ataque ao jornalismo é também um
desrespeito à sociedade, que diminui sua
amplitude de escolha, diminui o espaço de
liberdade e de confronto de opiniões. Há
claros prejuízos à ética profissional e
amplia-se o controle sobre quem entra nas
redações – do interesse particularizado
expresso na contratação de apadrinhados
políticos e ideológicos ao aviltamento
profissional e salarial, por meio de
contrato de pessoas que nada têm a ver com a
formação específica na área.
Hoje, já existe liberdade garantida para
quem quiser expor sua opinião, como
entrevistado ou articulista de uma
determinada área. Com a desregulamentação,
contudo, perde-se as raízes da vinculação do
jornalismo ao interesse público, razão de
sua consolidação como profissão nos últimos
60 anos. Com isso, além da própria categoria
profissional ter redução de empregos,
desprestígio em seu reconhecimento público,
a própria sociedade, no conjunto, perde a
referência qualitativa dos acontecimentos do
dia-a-dia, essenciais para a liberdade de
escolha do dia seguinte.
O ataque à regulamentação em Jornalismo
atinge profissionais e estudantes,
desrespeita as identidades de cada área – e
nisso desrespeita também as demais -, e fere
frontalmente a sociedade em seu direito de
ter informação apurada por profissionais,
com qualidade técnica e ética, bases para a
visibilidade pública dos fatos, debates,
versões e opiniões contemporâneas. É um
ataque, portanto, ao próprio futuro do país
e da sociedade brasileira.
FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas