COM MEDO DAS PALAVRAS
(Poema inspirado no filme "The
Accidental Tourist" – EUA – 1988 - O
Turista Acidental – de Lawrence Kasdan)
"- Graças à tecnologia,
não precisamos dizer uma palavra!
Deixemos que a TV converse com
todos nós
e o vídeo também...
como o rádio vem fazendo há tanto
tempo
(falando em nosso nome e para
nós)...
Estamos sempre tão cansados
e preocupados com nossos
problemas pessoais
que mal podemos iniciar uma
conversação,
quanto mais mantê-la em nível que
valha
a pena".
"- É muito mais fácil
quando alguém, bondosamente, nos
libera
de tal responsabilidade!
Se acontece algo de errado,
ninguém nos culpará.
Assim é muito melhor!
Esqueçamos sentimentos ou
emoções.
Ignoremos as pessoas e seus
problemas.
Quem precisa de seres humanos
complicados
quando temos máquinas,
brinquedos,
computadores, e muitas outras
coisas mais?..."
Tantas pessoas continuam a me
dizer
todo esse lixo!
Chamo isso de
filosofia descartável,
de tão primitiva e
inútil...
Graças a Deus não
vendi a minha vida
para os fazedores de dinheiro
ou amantes da
mediocridade.
Insisto em ser uma
pessoa independente
do que a comunicação
de massa me diz!
Valorizo
o que existe dentro de mim:
minha maneira de pensar;
meu coração enérgico e
independente
que ameaça saltar
de meu corpo frágil, temporário;
a dor e o sofrimento que
experimento
a cada decisão que devo tomar.
Desejo também comunicar-me com as
pessoas
utilizando umas poucas (muito
essenciais)
palavras
com as quais estou me
familiarizando.
Tenho a firme convicção de que
sem a comunicação pessoal,
qualquer um se torna menos que um
ser humano;
sem nos importarmos com os
outros,
conseguiremos ir a algum lugar?!
Nota:
COM MEDO DAS PALAVRAS
foi escrito originalmente em inglês:
AFRAID OF WORDS
"- Thanks to
technology,
we do not have to say a word!
Let the TV talk to all of us
and the video too…
as radio has been doing for so long
(speaking for us and to us)…
We are always too tired
as well as worried
with our personal problems
to even manage to start a conversation,
let alone to keep it worthywhile."
"- It is so much easier
when someone else kindly relieves us
from such responsibility!
If anything happens to go wrong
no one will ever blame this on us.
This is so much better!
Let's forget feelings or emotions.
Let's ignore people and their problems.
Who needs complicated human beings
when we have machines, toys,
computers, you name it?..."
So many people go on telling me
all that garbage!
I call it disposable philosophy,
so primitive and useless…
Thanks God I did not sell my life
to money-makers or mediocrity-lovers.
I insist on being a person
no matter what
mass communication tells me!
I value
what there is inside me:
my own thinking;
my strong-willed, strong-minded heart
threatening to jump out
of my frail, temporary body;
the pain and sorrow I go through
for every decision I take.
I also want to reach people
using a few (very essential) words
I have been getting acquainted with.
I choose not to be afraid of talking.
Deep down I firmly believe:
without personal communication,
any one becomes less than a human being;
without caring for others,
can we go anywhere?
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília, 17
de junho de 1989. |