Nome:
Viva Zapatero!
Nome
original:
Viva Zapatero!
Cor filmagem:
Colorida
Origem:
Itália
Ano produção:
2005
Gênero:
Documentário
Duração:
80 min
Classificação:
livre
Direção:
Sabina Guzzanti
|
Sinopse:
Atriz e comediante, Sabina
Guzzanti imitava o
primeiro-ministro italiano
na TV. Seu programa foi
censurado e ela denuncia o
autoritarismo do governo.
Crítica cineweb:
17/04/2008
Neusa Barbosa
Não deixa de ser uma feroz
ironia que este documentário
estréie em São Paulo justamente
na semana em que Silvio
Berlusconi ganha, pelo voto
popular, seu terceiro mandato
como primeiro-ministro da
Itália. Afinal, foi em seu
último governo que a sua
diretora e protagonista, Sabina
Guzzanti, sofreu censura de seu
programa na TV estatal RAI, onde
ela imitava justamente
Berlusconi.
Não se espera esse tipo
canhestro de censura à liberdade
de expressão no século 21, muito
menos num país europeu. Mas é
justamente o que acontece às
claras sob o domínio do
bilionário político, um magnata
da mídia, dono de editora,
jornais e emissora privada de TV
que, ao se tornar
primeiro-ministro, passa a
controlar efetivamente 90% da
mídia italiana.
O que choca, neste caso, é
não só o desplante do governante
italiano em repetir
comportamento que caracterizou
um seu antecessor, o ditador
Benito Mussollini – com quem é
sempre comparado, com muita
razão. Espantoso é que a
comediante Sabina Guzzanti não
tenha recebido apoio massivo e
incondicional na Itália. Vários
órgãos de imprensa, ao
contrário, preferiram publicar
artigos difamando Sabina,
tornando-se cúmplices de uma
trama absurda contra a artista.
Documentarista vivaz, ela
enumera todos estes fatos,
expondo os participantes de sua
demissão diante de sua câmera,
com o fôlego engajado de um
Michael Moore. Alguns dos
melhores momentos, no entanto,
vêm de sua própria
caracterização como o
primeiro-ministro, envergando
uma máscara, careca e um terno
com enchimentos nos ombros que a
tornam hilariamente parecida com
Berlusconi – além do seu tom de
voz empolado, que ela assume.
É envergando este figurino de
seu número na TV que ela
protagoniza um momento
engraçado, ao lado do comediante
escocês Rory Bremner, conhecido
imitador do então
primeiro-ministro inglês Tony
Blair. Se dentro de seu país,
Sabina não teve todo o apoio,
fora dele, não lhe faltou. Na
França, ela encontra outro
humorista habituado à sátira dos
poderosos do momento, Bruno
Gaccio, tendo com ele uma
conversa onde se evidencia o
retrocesso das liberdades
democráticas na Itália, em
comparação à França.
Com Berlusconi de volta,
pessoas como Sabina e o cineasta
Nanni Moretti – que fez contra
Berlusconi o filme de ficção
O Crocodilo - deverão
novamente ter problemas. Tomara
que eles e outros continuem a
demonstrar a mesma garra e
empenho contra esse tipo de
obscurantismo que, na Itália,
nos EUA e em outros lugares,
teima em tentar se instalar.