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faustino.vicente@uol.com.br
Date: 30/04/2008 12:07
Subject: FUTEBOL, PAIXÃO OU PROFISSÃO?
To:
theresa.files@gmail.com
FUTEBOL, PAIXÃO OU PROFISSÃO?
Faustino Vicente
No dia 29 de junho/08, o Brasil
comemorou o cinqüentenário da maior
façanha da sua história esportiva – a
conquista, pela primeira vez, da Copa do
Mundo de Futebol. Essa competição
revelou ao mundo um garoto que, com
apenas 17 anos, se consagraria com o
nome de Pelé – o melhor craque de todos
os tempos. A seqüência de títulos tornou
a seleção brasileira (única) pentacampeã
mundial, do esporte mais popular do
planeta.
Se dentro das quatro linhas do gramado
detemos a supremacia da qualidade
técnica, em termos de planejamento
estratégico, organização,gerenciamento e
lucratividade levamos de goleada de
vários países, principalmente dos
milionários clubes europeus. Os
investidores internacionais vislumbraram
o efeito multiplicador do fabuloso "PIB
futebolístico globalizado"
transformando-o num lucrativo negócio.
Do amor ao clube do coração à
irresistível sedução dos euros, o garoto
pobre da periferia já se definiu. Entre
a honra de vestir a gloriosa camisa
verde-amarela da seleção brasileira e
jogar no exterior ele prefere driblar a
miséria e marcar um golaço no maior
adversário da população de baixa renda –
a perversa desigualdade social e
econômica. Garotos, que apesar de não
passarem de promessas, afirmam
entusiasticamente em entrevistas que, o
grande sonho é vestir a jaqueta do Real
Madrid, Milan, Chelsea, Lyon, Barcelona,
Bayern de Munique,entre outros. O
holandês Clarence Seedorf, do Milan,que
já atuou pelo Real Madrid, Sampdoria e
Inter (Milão),disparou recentemente para
a imprensa: "Só o dinheiro manda no
futebol."
Apesar da existência de alguns clubes
bem estruturados, e de profissionais
brasileiros competentes em gestão
esportiva, o nosso maior desafio reside
no baixo desempenho financeiro dos
nossos campeonatos. O avanço da
tecnologia, as fantásticas descobertas
científicas e a evolução da medicina
provocaram profundas transformações
econômicas, sociais,religiosas e
culturais em todos os segmentos. A
gestão e a prática do futebol não foram
poupadas. Administrações equivocadas, às
vezes apaixonadas, outras vezes mal
intencionadas levaram grande parte dos
clubes a elevadíssimos endividamentos.
O êxodo das nossas gratas revelações
para o exterior e estádios sem condições
físicas para oferecer conforto e
segurança aos torcedores, são algumas
das causas de rendas menores. O Brasil
tem exportado,anualmente, centenas de
jogadores que estão atuando em dezenas
de países. A queda de público e do nível
técnico são evidentes em todas as
divisões do nosso futebol.
Calendário inadequado,que torna alguns
clubes inativos por períodos
inaceitáveis, ou que exigem excessos de
jogos de outros,punições leves para
faltas graves, erros inadmissíveis de
árbitros,violência entre torcidas,
desemprego masculino e até o excesso de
jogos semanais, são fatores que
desmotivam o público.
Entre as iniciativas positivas das
últimas décadas, destacamos a criação
das chamadas "Escolinhas de Futebol",
que têm sido incentivadas por
prefeituras municipais e pela iniciativa
privada. O lema é o mesmo: "craque na
escola, craque na bola". A alternativa
mais esperançosa para tornar, a médio e
longo prazo, o futebol viável aos
clubes, encontra-se na implementação de
Centros de Excelência, cuja missão,
visão, valores, e políticas objetivam
formar homens, para revelar craques. Nos
esportes de alto nível o emocional do
atleta faz a diferença. Competência
técnica, conduta ética e habilidade
eclética devem fazer parte da
qualificação de jovens aspirantes ao
estrelato. Se essa estratégia não for
100% eficaz para vencer a concorrência
com os países ricos, com certeza
resultará em lucro pela descoberta, pelo
aprimoramento dos fundamentos do futebol
e pela orientação, sobre como construir
(e manter) uma carreira bem-sucedida.
Concluímos com foco na realidade: o
futebol é paixão para torcedores,
profissão para jogadores e gestores e
lucro para os investidores.
* Faustino Vicente - Consultor de
Empresas e de Órgãos Públicos – e-mail:
faustino.vicente@uol.com.br – tel.(11)
4586.7426 – Jundiaí (Terra da Uva) - SP |
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