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DOUTORADO NA PUC - TEMA: "PREGUIÇA
BAIANA" É PRECONCEITO RACISTA
From: Tereza Lúcia Halliday
Date: 01/05/2008 11:34
Subject: DOUTORADO NA PUC - TEMA: "
PREGUIÇA BAIANA"
Amigos Seletos:
Repasso este e-mail com gosto.
Quando for para derrubar preconceitos
que reforcem percepções negativas
injustas sobre qualquer pessoa ou grupo,
contem comigo. Tereza
DOUTORADO NA PUC - TEMA: 'PREGUIÇA
BAIANA' PREGUIÇA BAIANA DÁ DOUTORADO A
PAULISTA!
'Preguiça baiana' é faceta do racismo. A
famosa 'malemolência' ou preguiça
baiana, na verdade, não passa de
racismo, segundo concluiu uma tese de
doutorado defendida na USP.
A pesquisa que resultou nessa tese durou
quatro anos. A tese, defendida no início
de setembro 2007 pela professora de
antropologia Elisete Zanlorenzi, da
PUC-Campinas, sustenta que o baiano é
muitas vezes mais eficiente que o
trabalhador das outras regiões do Brasil
e contesta a visão de que o morador da
Bahia vive em clima de 'festa eterna'.
Pelo contrário, é justamente no período
de festas que o baiano mais trabalha.
Como 51% da mão-de-obra da população
atua no mercado informal, as festas são
uma oportunidade de trabalho. 'Quem se
diverte é o turista', diz a antropóloga.
O objetivo da tese foi descobrir como a
imagem da preguiça baiana surgiu e se
consolidou. Elisete concluiu, após
quatro anos de pesquisas históricas, que
a imagem da preguiça derivou do discurso
discriminatório contra os negros e
mestiços, que são cerca de 79% da
população da Bahia.
O estudo mostra que a elevada
porcentagem de negros e mestiços não é
uma coincidência. A atribuição da
preguiça aos baianos tem um teor
racista.
A imagem de povo preguiçoso se enraizou
no próprio Estado, por meio da elite
portuguesa, que considerava os escravos
indolentes e preguiçosos devido às suas
expressões faciais de desgosto e a
lentidão na execução do serviço (como
trabalhar bem-humorado em regime de
escravidão????).
Depois, se espalhou de forma acentuada
no Sul e Sudeste a partir das migrações
da década de 40. Os que chegavam do
Nordeste recebiam a alcunha de
"baianos", não importando de que estado
nordestino viessem.
Chamá-los de preguiçosos foi a forma de
defesa encontrada para denegrir a imagem
dos trabalhadores nordestinos (muito
mais paraibanos do que propriamente
baianos), taxando-os como
desqualificados, estabelecendo
fronteiras simbólicas entre dois mundos
como forma de 'proteção' dos seus
empregos.
Elisete afirma que os próprios artistas
da Bahia, como Dorival Caymmi,Caetano
Veloso e Gilberto Gil, têm
responsabilidade na popularização da
imagem. 'Eles desenvolveram esse
discurso para marcar um diferencial das
cidades industrializadas e urbanas.
A preguiça, aí, aparece como uma
especiaria que a Bahia oferece para o
Brasil', diz Elisete. Até Caetano se
contradiz quando vende uma imagem e diz:
'A fama não corresponde à realidade. Eu
trabalho muito e vejo pessoas
trabalhando na Bahia como em qualquer
lugar do mundo'.
Segundo a tese, a preguiça foi
apropriada por outro segmento: a
indústria do turismo, que incorporou a
imagem para vender uma idéia de lazer
permanente. 'Só que Salvador é uma das
principais capitais industriais do país,
com um ritmo tão urbano quanto o das
demais cidades.' O maior pólo
petroquímico do país está na Bahia,
assim como o maior pólo industrial do
norte e nordeste, crescendo de forma tão
acelerada que, em cerca de 10 anos será
o maior pólo industrial na América
Latina.
Para tirar as conclusões acerca da
origem do termo 'preguiça baiana', a
antropóloga pesquisou em jornais de 1949
até 1985 e estudou o comportamento
dos trabalhadores em empresas. O estudo
comprovou que o calendário das festas
não interfere no comparecimento ao
trabalho. O feriado de Carnaval na Bahia
coincide com o do resto do país. Os
recessos de final de ano também. A única
diferença é no São João (dia 25/06), que
é feriado em todo o norte e nordeste (e
não só na Bahia). Em fevereiro
(Carnaval), uma empresa com sede no Pólo
petroquímico da Bahia teve mais faltas
na filial de São Paulo que na matriz
baiana (sendo que o n° de funcionários
na matriz é 50% maior do que na filial
citada).
Outro exemplo: a Xerox do Nordeste, que
fica na Bahia, ganhou os dois prêmios de
qualidade no trabalho dados pela Câmara
Americana de Comércio (e foi a única do
Brasil). Pesquisas demonstram que é no
Rio de Janeiro que existem mais dos
chamados 'desocupados' (pessoas em faixa
etária superior a 21 anos que transitam
por shoppings, praias, ambientes de
lazer e principalmente bares de bairros
durante os dias da semana entre 9 e
18h), considerando levantamento feito em
todos os estados brasileiros.
A Bahia aparece em 13° lugar.
Acredita-se hoje (e ainda por mais uns 5
a 7 anos) que a Bahia é o melhor lugar
para investimento industrial e turístico
da América Latina, devido a fatores como
incentivos fiscais, recursos naturais e
campo para o mercado ainda não saturado.
O investimento industrial e turístico
tem atraído muitos recursos para o
estado e inflando a economia, sobretudo
de Salvador, o que tem feito inflar
também o mercado financeiro (bancos,
financeiras e empresas prestadoras de
serviços como escritórios de advocacia,
empresas de auditoria, administradoras e
lojas do terceiro setor). |
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