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IGREJA DO ROSÁRIO É PENHORADA !
From: REYNALDO
FERREIRA
Date: 24/05/2008 17:29
Subject: FW: Carta Aberta aos Ministros Edson
Santos e Gilberto Gil
To: Theresa Catharina Campos
Repassando. Vamos dar divulgação, amigos!...
Rio de Janeiro, 24 de Maio de 2008
A Suas Excelências os Senhores
Deputado Federal Edson Santos de Souza
Ministro-Chefe da Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial &
Gilberto Passos Gil Moreira
Ministro de Estado da Cultura
Senhores Ministros,
Na esperança de que a presente missiva os
encontre o melhor possível, dirigimo-nos a
Vossas Excelências, em nome de todos os
associados e amigos do IDII, para expressar
nossa dor e amargura pela situação lastimável em
que se encontra a Igreja da Imperial Irmandade
de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos
Homens Pretos do Rio de Janeiro.
Conforme tem sido amplamente noticiado pela
imprensa falada e escrita, a histórica Igreja,
bem imóvel da Irmandade, foi penhorada por ordem
do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro.
Isso é inadmissível.
A Igreja do Rosário é, repita-se quantas vezes
forem necessárias, um dos templos históricos
mais importantes do Brasil. Nosso Instituto
Cultural nasceu lá, em 13 de Maio de 2001, para
revificar a memória da Redentora e de todos os
Abolicionistas do Brasil, precisamente porque
ela é o mais esplêndido ícone físico do maior
movimento social brasileiro do Oitocentos: o
Abolicionismo.
Mesmo antes da década de 1880, já na chegada da
Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, a Igreja
teve o papel de destaque garantido por ser, à
época, a sé catedral do Rio de Janeiro. Foi o
primeiro prédio visitado por D. João em 8 de
março de 1808 e, a 13 de maio do mesmo ano, lá
comemorou-se o primeiro aniversário do Príncipe
Regente em terras brasílicas — o termo
"brasileiro" ainda não existia.
Mesmo depois de a Sé ter se transferido para a
Capela Real de Nossa Senhora do Carmo (esquina
das atuais ruas cariocas Sete de Setembro e
Primeiro de Março), pelo fato da Rainha enferma
(D. Maria I) viver no convento contíguo a esta
igreja e assistir missas diariamente, a Igreja
do Rosário continuou sendo palco de
importantíssimos momentos daquilo que se
constituiria em movimento de emancipação
nacional.
Após o retorno de D. João VI a Portugal e a
efetivação da Regência de D. Pedro de Alcântara,
houve a formação do "partido brasileiro",
precisamente no Consistório da Igreja do
Rosário, local em que funcionava o Senado da
Câmara do Reino do Brasil. Em 9 de Janeiro de
1822, como é sabido, uma deputação de senadores
saiu da Igreja e foi ao Príncipe levar o
posicionamento dos parlamentares, clamando a Sua
Alteza que ficasse no Brasil e que não mais
obedecesse às ordens das Cortes de Lisboa
(parlamento português), onde os liberais
burgueses exigiam a recolonização de nosso País.
Por fim, em 13 de Maio de 1822, D. Pedro foi
aclamado na Igreja do Rosário como "Defensor
Perpétuo do Brasil" e daí em diante a
Independência efetiva só fez apressar.
Em todos esses eventos históricos, a presença da
irmandade negra do Rio de Janeiro teve papel
preponderante. É um avilte que interesses
pecuniários queiram destruir a História do
Brasil.
Como instituição cultural que representa uma
parcela da sociedade civil organizada — ainda
que pequena —, vimos a Vossas Excelências rogar
por uma solução aos problemas da Irmandade do
Rosário do Rio de Janeiro. O MUSEU DO NEGRO que
funciona no sobrado da Igreja vive em situação
de precariedade absoluta; parece que atualmente
não possui sequer museólogo responsável. Lá
estão os dois únicos estandartes abolicionistas
que restaram dos heróicos anos 1880. Conforme
registra o historiador Eduardo Silva, um dos
maiores estudiosos e mais atuantes defensores da
memória abolicionista na academia de História e
Ciências Sociais do Brasil atual, a Igreja do
Rosário era o "quartel-general do
Abolicionismo".
Este Instituto, organização não-governamental
propugnadora do neo-abolicionismo no Brasil —
semelhante ao que Vossa Excelência, Ministro
Gil, chamou recentemente de "segunda Abolição"
—, pretende com esta Carta Aberta, demandar que
um projeto cultural de grande monta dê conta da
restauração do histórico edifício carioca, para
o bem não só da memória dos afro-brasileiros —
terminologia que engloba a quase todos nós,
miscigenados que somos —, mas para a MEMÓRIA DO
BRASIL.
Muito respeitosamente,
Juarez do Nascimento Fernandes de Távora
Presidente de Honra
Laerte Lucas Zanetti
Presidente
Bruno Hellmuth
Vice-Presidente
Vanderli Teixeira de Faria
Secretário
Selene Soares Cruz
Inoã Pierre Carvalho Urbinati
Carlos Roberto Bastos Pereira
Conselheiros de Administração
Otto de Alencar de Sá-Pereira
Decano do Conselho Consultivo
Francisco Camões de Menezes
Vice-Decano do Conselho Consultivo
Senhora Sebastião Perlingeiro (Condessa Olga
Csàky)
Ana Maria Enout Rebouças
Lêda Machado
Maria de Lourdes Lamonica
Sandra Ramon Franco
Cristina Alves Labrujó
Sebastião Leite Abreu Perlingeiro
Gastão Reis Rodrigues-Pereira
João Pedro de Saboia Bandeira de Mello Filho
Adilson de Vasconcellos Leal
Gary de Oliveira Bon-Ali
José Silvio Leite Jacome
Celio Gallotti Guimarães
Eduardo Pellew Wilson, Conde de Wilson
Alexandre Carneiro de Mendonça
Bruno da Silva Antunes de Cerqueira
Thyago Silva Mathias
Conselheiros Consultivos do IDII
Barra Bonita (SP) - Antonio A. Belarmino Jr.
Brasília (DF) - Roberto Ricardo Mäder N. Machado
Curitiba (PR) - Zelia Maria Nascimento Sell
Curitiba (PR) - Clayton Maranhão -
Vice-Representante
Fortaleza (CE) - Stelio Maia Ferreira Marinho
Fortaleza (CE) - Maria Adelaide Flexa Barreto -
Vice-Representante
Mesquita (RJ) - Luís Severiano Soares Rodrigues
Natal (RN) - Francisco Anderson Tavares Lyra
Niterói (RJ) - Francisco Tomasco de Albuquerque
Pelotas-Pedro Osório (RS) - Bruno de Oliveira
Barbozza
Porto Alegre (RS) - Fernando Baptista Bolzoni
Ribeirão Preto-Caconde (SP) - Alexandre
Affarelli
Rio Bonito (RJ) - Francisco Silvino Teixeira das
Flores
Salvador (BA) - Caio Cesar Tourinho-Marques,
Visc. de Tourinho
São José do Rio Preto (SP) - Jorge J. Bittar
Al-Sheik
São Luís (MA) - João Rezende Dias Filho
São Paulo (SP) - Kristhian Gustav Rupp-Mancilla
Sorocaba (SP) - Marco de Mesquita e Bonfim
Romiti
Sumé (PB) - Antonio Aprígio Pereira
Conselheiros Representantes do IDII |
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