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AS MÃOS VESTIDAS DE RUGAS
(poema inspirado no curta-metragem de Nirton
Venâncio: "Um Cotidiano Perdido no Tempo" –
Brasil,1988)
A cabeça enluarada em fios de prata
e as mãos vestidas de rugas,
mais que nunca,
precisam ser amadas.
O rosto sulcado de rugas
hoje espera, ansioso,
nossos beijos tardios.
A vista fraca não ousa confessar
mas precisa de nossa visão irrequieta.
O andar trêmulo do coração inquieto
aguarda, silencioso,
o apoio de nosso braço jovem.
Os dias longos e as noites curtas
são espaços abertos
para nós que, apressados,
desperdiçamos as horas
sem sentir
que a nossa pressa
é tão vã
quanto as nossas vaidades...
e pouco sábia!
Imaturos,
esquecemos
de beijar
os lábios deformados
por gengivas sem dentes...
Mãos trajadas de rugas
preparam
uma acolhida calorosa
para os beijos dos que virão
fazer a visita sempre esperada.
Cheguemos antes
das mãos vestidas de rugas
adormecerem...
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília, DF - 24/07/1989. |
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