Theresa Catharina de Góes Campos

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DICA DE TEATRO

Joy Division

SINOPSE
Depois do filme Control, que dramatiza de forma magnífica aspectos importantes da legendária banda, o documentário Joy Division entra profundamente em seu coração. Grant Gee (diretor) e Jon Savage (roteirista) mergulharam de cabeça no mundo da banda Joy Division, como se fossem acometidos pela obsessão imediata causada por eles. Enquanto Control dá ênfase a "Touching From a Distance" de Deborah Curtis, esposa de Ian, o documentário mostra a pensativa e sensível belga Annik Honoré, amante de Ian. Com entrevistas tipo um a um, emocionantes, o documentário mostra como o grupo se reinventou como New Order, após a perda de Ian, e enxerga detalhes que a maioria dos documentários não vê.

DIREÇÃO
Grant Gee é um experiente documentarista inglês. O diretor já trabalhou com a banda Radiohead em duas ocasiões, Radiohead: 7 Television Commercials (1998) e em Meeting People Is Easy (1998). Além disso, fez o premiado videoclipe Tender (2000) da banda Blur. Gee é também produtor do documentário "Don't Crash: The Documentary of the Making of the Movie of the Book of the Radio Series of 'The Hitchhiker's Guide to the Galaxy'" sobre as gravações do popular filme "O Guia do Mochileiro das Galáxias" (2005). Foi convidado especial dos produtores para dirigir o documentário Joy Division.

Entrevista com Grant Gee
Grant Gee em entrevista exclusiva, cedida por telefone, para a Revista Shopping Cine & Vídeo ao colaborador Anderson Vitorino.
Quais foram as razões pessoais que o levaram escolher Joy Division como assunto de seu filme, mais de vinte anos após o termino da banda?
Nesse caso a idéia do filme não foi minha. Os produtores foram os responsáveis pela escolha do projeto e assim que tudo se encaminhou eles tiveram que escolher um diretor que pudesse realizar esse filme. Eles gostaram de um trabalho que eu fiz há alguns anos atrás ("Meeting People is Easy", documentário musical sobre o Radiohead realizado em 1998) então eu entrei no projeto. Embora o filme não tenha sido uma idéia minha, eu fiz parte do público de Joy Division - comprei o disco quando saiu, ouvi as músicas no rádio, vi a banda tocando ao vivo quando eu tinha uns 15 anos... Eles foram importantes para mim.

O seu filme começa e termina com imagens de Manchester de que forma essa cidade é um personagem na história de Joy Division?
Essa é uma pergunta difícil. Eu preciso pensar um pouco sobre isso. É realmente complicado, mas o que mais importa, possivelmente, é o quanto Manchester não era Londres. Criar e manter uma cena musical numa cidade inglesa que não fosse Londres era uma atitude corajosa nos anos 70. E esse é um dos méritos de Tony Wilson, não só dele, mas de todos os responsáveis pela Factory Records (gravadora independente fundada em 1978). O fato de que várias pessoas não só trabalhavam em Manchester, mas também viviam lá, também foi muito importante. Enfim, eu poderia falar sobre isso por horas. Eu começo e termino o filme com Tony Wilson (que chegou a ser chamado de "Mr. Manchester") porque ele foi o responsável pela importância intelectual e cultural que passou a ser dada a tudo o que aconteceu musicalmente em Manchester - ele contextualizou a música de Manchester de 20, 25 anos atrás.

Como foi juntar ex-membros da banda, Tony Wilson e a jornalista Annik para falar sobre Joy Division?
Não foi difícil, nós contamos muito com a ajuda da presença de Jon Savage (importante crítico de música inglês, já fez um documentário sobre o New Order) como um dos principais produtores em Londres, porque o Jon tem uma história com cada uma dessas pessoas, que o conheciam pessoalmente, e eles gostaram de como o próprio Jon já havia tratado a banda antes. Ele deu uma credibilidade ao projeto, de uma forma que não aconteceria se fosse apenas eu. Deborah não quis aparecer no filme. Ela escreveu o livro (a biografia de Ian Curtis, "Touching From a Distance"), viu o filme e gostou. A banda (New Order) passou por um momento de conflito no ano anterior e para uma segunda rodada de entrevistas tivemos que marcar momentos separados para cada membro, mas deu tudo certo.
Você pode comentar um pouco sobre a pesquisa para a realização do filme?

Eu li tudo o que pude, e com o Joy Division eu tive sorte e ao mesmo tempo não tive, porque há tão pouca coisa em vídeo sobre eles. E, mais uma vez porque tínhamos Jon Savage conosco, eu tive acesso a muito material - entre livros, anotações, fotografias - e a muita gente também.
O seu filme é de 2007, mesmo ano em que Anton Corbjin lançou Control, além da entrevista que ele deu no seu filme de que forma um participou do filme do outro?

Na verdade não tivemos contato. Eu não tinha nenhuma idéia do que estava acontecendo em "Control" e quando Anton apareceu para dar uma entrevista (sobre uma sessão de fotos com o Joy Division) ele estava feliz com sua participação, mas foi só isso.

Quais são as principais diferenças entre o retrato ficcional (Control) e o documental de Joy Division?

O meu filme é colorido.

Em sua opinião pessoal, qual é o legado da banda Joy Division e como seu filme contribui para isso?

Eu ainda não sei qual é o legado. Eu acho que tudo está se juntando para que possamos criar um legado. O legado atual é o que aconteceu com a banda logo depois. Joy Division foi uma referência cult e pop para a cultura musical underground dos anos 80 e de repente, algo aconteceu e a banda virou um clássico e todo mundo sabe, todo mundo afirma que ela é uma das maiores de todos os tempos. O legado está sendo criado ainda hoje. Se alguém for montar uma banda, com guitarras, terá que ouvir Joy Division. E terá que ouvir num volume bem alto.

SOBRE A BANDA JOY DIVISION

"Escrevo sobre as diferentes formas que diferentes pessoas lidam com certos problemas, e como essas pessoas podem se adaptar e conviver com eles."

(Ian Curtis)
O Joy Division foi, e é, uma das mais importantes bandas de rock da história. Até hoje é alvo de cultos por parte dor fãs de todo o mundo. Surgida em meio ao movimento pós-punk de Manchester, na Inglaterra, de onde não paravam de surgir bandas, todas influenciadas pela anarquia dos Sex Pistols. Ian Curtis, o genial vocalista, morto no auge, continua sendo reverenciado pelo poder, lirismo e angústia de suas grandes canções, um grande mártir, do rock dos anos 80.

A banda surgiu durante o verão de 1976, depois que Ian assistiu ao show dos Sex Pistols no Free Trade Hall de Manchester, e percebeu que queria ser mais do que um mero espectador. O músico conheceu seus outros companheiros de banda, Peter Hook e Bernard Dicken, que colocaram em um anuncio a procura por um vocalista.

O nome Joy Division veio de um livro sobre sadomasoquismo nos campos de concentração alemães, The House of Dolls. As "Joy Division" (divisões da alegria) seriam os espaços reservados para as prostitutas e presas mantidas vivas para a diversão dos oficiais.

Ao vivo, Ian Curtis tornava-se um espetáculo à parte, o cantor dançava freneticamente e simulava espasmos convulsivos. Na verdade, o estranho balé era uma alusão à epilepsia, doença controlável, à qual Ian travava uma grande batalha. Muitas vezes, mal se podia saber se eram convulsões verdadeiras, ou se faziam parte do show.

Ian Curtis foi fortemente influenciado pelos escritores William Burroughs, J G Ballard e Joseph Conrad - os títulos das canções "Interzone", "Atrocity Exhibition" e "Colony" vieram dos três autores, respectivamente. Ian também foi influenciado pelos vocalistas Lou Reed, Jim Morrison, Iggy Pop e David Bowie.

Os efeitos da epilepsia e dos problemas pessoais de Ian Curtis, como um divórcio conturbado de sua esposa e um caso extra-conjugal com a jornalista belga Annik Honoré, podem ter contribuído para o suicídio de Ian, que se enforcou aos 23 anos de idade. De acordo com o livro Touching From A Distance, obra na qual o filme Control foi baseado, Ian ingeriu uma overdose de medicamentos para epilepsia e foi parar num hospital poucos meses antes de sua morte. Acredita-se que tal overdose tenha sido um "pedido de socorro", mas Ian disse a seus companheiros de banda que não havia ingerido uma overdose.

Na noite em que Ian Curtis cometeu suicídio, dias antes do início da primeira turnê do Joy Division nos Estados Unidos, ele assistiu a um de seus filmes favoritos, Stroszek, de Werner Herzog. Mais tarde ele se enforcou em sua cozinha ouvindo o disco The Idiot, de Iggy Pop. Os pontos de vista e as preferências de Ian Curtis continuam a gerar especulações sobre as reais razões pelas quais ele resolveu tirar a própria vida. Alguns dizem que ele simplesmente desejou morrer jovem, "apaixonado pelo mito da estrela do rock que morre jovem".

Ian Curtis foi cremado e suas cinzas enterradas em Macclesfield, com uma lápide com a inscrição "Love Will Tear Us Apart" (O Amor Vai Nos Separar). O epitáfio, escolhido por sua esposa Deborah, é uma referência à canção mais conhecida do Joy Division.

Com a morte de Ian, os remanescentes do Joy Division, recrutam a tecladista Gilliam Gilbert e montam o New Order, uma evolução da banda anterior. Mas essa é outra história.
REVIEWS
"As escolhas da edição e o acesso às imagens da banda justificam as horas na fila do cinema." Márcio Cruz - Rolling Stone Brasil
"Joy Division busca em imagens antigas e em entrevistas com gente próxima à banda os combustíveis para esquadrilhar a trajetória e contextualizar a importância do grupo" Thiago Ney - Folha de S. Paulo

FESTIVAIS
Canadá - Toronto Film Festival
Inglaterra - Keswick Film Festival
Brasil - Tudo é Verdade
JOY DIVISION. De Grant Gee. Com Ian Curtis, Peter Hook, Stephen Morris, Peter Saville, Bernard Sumner e Tony Wilson. Inglaterra / EUA, 2006. Documentário, 94 min.

Informações:
Paula C. Ferraz
Assessora de Imprensa
Tel: (11) 3586-2720
e-mail: imprensa@daylightfilms.com

(Ler também sobre o filme CONTROL)
 

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