Ano Litúrgico Letra A (Evangelho de
Mateus)
Décimo Oitavo Domingo Comum
(03.08.2008)
Mt 14, 13-21
"Dai-lhes vós
mesmos de comer"
No Evangelho de
Mateus, o texto do Evangelho de hoje
vem logo após a história da morte de
João Batista, ligada à festa de
aniversário do Tetrarca Herodes
Antipas. Mateus contrasta o
"Banquete da Morte" promovida
por Herodes, com "O Banquete da
Vida", protagonizado por Jesus!
O milagre,
normalmente chamado "A
Multiplicação dos Pães", é o
único milagre de Jesus relatado nos
quatro Evangelhos. Isso aponta à
importância dada nas primeiras
comunidades a este relato, tanto que
a sua memória persistiu não somente
nas comunidades da tradição Sinótica
(Mc, Mt, e Lc), mas também na
Comunidade do Discípulo Amado.
Mesmo
fazendo leitura superficial dos
quatro relatos (Mc 6, 30-44; Lc 9,
10-17; Mt 14, 13-21; Jo 6, 1-15),
alguns elementos importantes saltam
aos olhos:
1) A reação dos
discípulos diante do problema da
fome da multidão. Nos Sinóticos, a
solução sugerida por eles é a de
despedir a turba para que pudesse
comprar pão. Assim, ignora a
situação dos que não tinham
possibilidade de comprar! É a
solução de muita gente hoje diante
do escândalo da pobreza no mundo -
que se virem! Cada um para si! Quem
não tem condições, que se lasque!
Jesus rejeita claramente essa
"solução" - "Dai-lhes vós mesmos
de comer!". Em João, Marcos e
Lucas, a proposta de comprar pão
para doá-lo também se revela uma
solução inadequada. Jesus insiste: "Dai-lhes
vós mesmos de comer". Ele não
aceita nem a solução de "lavar as
mãos" diante da fome alheia ou
de cair num assistencialismo. Ele
desafia a comunidade dos discípulos
a achar uma saída baseada numa nova
proposta de vida - a da partilha!
2) Em nenhum dos
quatro relatos se usa o verbo "multiplicar"!
O motivo é simples - se a ênfase
caísse sobre o "multiplicar"
milagroso, teria poucas
conseqüências para os discípulos
(nós, hoje), pois não temos
possibilidade de "multiplicar"
as coisas. Os verbos são bem
escolhidos: "benzer, partir, dar,
distribuir" - porque todos nós
podemos partilhar os bens materiais
e espirituais que temos. O Brasil
não precisa "multiplicar"
terras, bens ou renda. Tem mais do
que o suficiente. Mas é urgente
partilhar e redistribuir os bens que
Deus nos deu para o sustento de
todos!
Menos do que João,
mas muito mais do que Lucas e
Marcos, Mateus liga a sua narrativa
à instituição eucarística (Mt 26,
26). Também concentra a atenção nos
pães, pois neste relato somente eles
são distribuídos. Assim o texto nos
lembra que a participação
eucarística exige compromisso com
uma visão social baseada na partilha
dos bens necessários para a vida, e
não na acumulação da parte de alguns
junto com a falta do básico para
muitos. O cristão não pode
compactuar com uma sociedade
organizada conforme os princípios de
Herodes, mas deve lutar para a
construção de uma sociedade em favor
da vida, seguindo as pegadas do
Jesus de Nazaré.
O texto de hoje relê
Êx. 16, (o maná), Nm 11 (as
codornas) e 2Rs 4, 1-7.42-44 (onde
Eliseu distribuiu óleo e pão). O
texto do Êx.16 enfatiza que a
avareza de acumular coisas às custas
dos outros leva à podridão.
É claro
que diante do enorme sofrimento da
maioria da população do mundo, a
gente pode sentir-se tão impotente
como se sentiram os discípulos no
Evangelho de hoje. Mas o texto nos
ensina que não devemos cair na
cilada de aceitar as falsas
propostas pela sociedade vigente e
hegemônica - ou de "lavar as mãos"
ou de cair somente num simples
assistencialismo. O cristão,
sustentado pela eucaristia, a Mesa
da Palavra e a Mesa do Pão, deve se
comprometer com uma visão cristã da
sociedade, que exige que nós façamos
o que é possível para a construção
de um mundo de justiça, e
fraternidade.
Há
dois mil anos, Jesus olhou a
multidão, teve compaixão dela e
agiu. Com certeza ele olha hoje a
situação de tantos irmãos e irmãs e
pede que os seus seguidores façam
algo para mudar a situação.
Ultimamente, os jornais nos
trouxeram notícias do aumento
assustador da fome no mundo por
causa da crescente falta de
alimentos e do aumento dos preços de
alimentos básicos como o arroz.
Paira sobre nós cristãos o desafio
do texto de hoje: "Dai-lhes vós
mesmos de comer!" O que
significa isso na prática para mim,
para você, para as nossas Igrejas,
na situação concreta da nossa vida?
DÉCIMO
NONO DOMINGO COMUM (10.08.2008)
Mt 14, 22-33
"Coragem! Sou eu!
Não tenham Medo!"
É comum
ler nos jornais e revistas os
resultados de pesquisas que apontam
o medo e a insegurança entre as
principais preocupações do nosso
povo - o medo da violência, do
desemprego, da pobreza, da solidão,
da velhice e muitos outros. O medo
parece até tomar conta de uma boa
parte de nossas instituições - o
medo de tomar as medidas necessárias
para uma justa reforma agrária, por
parte das autoridades competentes; o
medo por parte de muitos líderes
religiosos diante dos desafios do
mundo de pós-modernidade, levando
até a paralisia e o fechamento; o
medo de procurar novas soluções para
novos desafios. O medo parece ser a
força motora da atividade - ou da
falta da mesma - de muitas pessoas,
grupos e instituições.
A
comunidade eclesial onde nasceu o
Evangelho de Mateus também sentia
medo. Os seus membros (na sua quase
totalidade judeu-cristãos, bem
diferente etnicamente das
comunidades lucanas) enfrentavam
oposição e perseguição por parte das
autoridades das sinagogas. A
comunidade estava em luta com o
chamado "judaísmo formativo", para
definir o rumo que o judaísmo iria
tomar depois do desastre de 70 d.C.,
quando foram destruídos Jerusalém e
o Templo. Com a eliminação, pela
repressão romana ou por guerra
civil, dos Saduceus, dos Zelotas e
dos Essênios, somente dois grupos
organizados sobreviveram para
disputar a hegemonia dentro do
judaísmo - a linha farisaica e a
linha judeu-cristã, representada
pela comunidade de Mateus. Era uma
luta de muita radicalidade, como
costuma acontecer nas brigas
fratricidas. O sofrimento da
comunidade de Mateus é retratado em
Mt 10, 22: "Sereis
odiados por todos por causa do meu
nome; mas quem perseverar até o fim
será salvo".
É neste
contexto que se entende o texto de
hoje. Os discípulos, ao verem Jesus,
acham que é um fantasma e ficam
apavorados. A comunidade de Mateus
era semelhante - diante da
perseguição e do sofrimento, Jesus
parecia para eles um fantasma - uma
ilusão, uma fugacidade, incapaz de
dar sustento à sua vida comunitária
de fé. Diante do medo dos
discípulos, Jesus é taxativo: "Coragem!
Não tenham medo! Sou eu!".
Mateus relata essa história -
acrescentando esses elementos em
comparação com o texto mais sóbrio
de João 6, 16-21 - para ajudar a sua
comunidade a entender que Jesus não
é um fantasma, mas uma presença
real, vivificante, fortalecedora e
libertadora no meio da comunidade,
especialmente na hora das
dificuldades e perseguições.
Tipicamente, o Evangelho de Mateus
destaca a figura de Pedro (como
também em 16,13-20; 17, 24-27).
Pedro era personagem muito
importante em Antioquia, talvez o
local da última redação de Mateus.
Aqui Pedro é o protótipo do
discípulo - cheio de amor, mas com
uma fé enfraquecida pela dúvida. O
estender da mão de Jesus é um
convite a Pedro, à comunidade de
Mateus, e a nós hoje, para dar uns
passos para o desconhecido, para não
nos fecharmos nas nossas seguranças,
freqüentemente falsas, que nós
mesmos construímos, mas para termos
a coragem de enfrentar os ventos da
vida, mesmo quando contrários, pois
Jesus está realmente conosco e como
disse Paulo "Se Deus está
conosco, quem estará contra nós?" (Rm
8, 31).
Ter fé e
não ter medo por causa de Jesus não
quer dizer: "Não tenham medo,
confiem em Deus, e Ele garantirá que
as coisas que os amedrontam não lhes
acontecerão", mas antes: "Não
tenham medo, confiem em Deus. É bem
possível que as coisas que os
amedrontam vão lhes acontecer, mas
não devem ter medo disso, porque
Deus estará ao seu lado"!
A fé em Deus não tira
os nossos sofrimentos e
dificuldades, como querem tantos
hoje, mas nos dá as forças
necessárias para vencê-los. Deus não
é um analgésico para as dores e
dificuldades da vida, mas uma
presença amorosa que anima,
fortalece e estimula, pois, como
disse Paulo "a fraqueza de Deus é
mais forte do que os homens" (I
Cor 1, 25)
Festa da Assunção de
Maria (17.08.2008)
Lc 1, 39-56
"Olhou para a
humilhação da sua Serva"
Pode-se
dividir esse texto em duas partes -
a história da visitação da Maria a
Isabel, e o "Canto de Maria"- ou
"Magnificat". Reduzir o sentido da
Visitação a um simples gesto
serviçal da parte da Maria para com
a sua parente, idosa, seria
empobrecer muito o pensamento de
Lucas. Esta cena é altamente
simbólica - Lucas quer mostrar o
acolhimento do "Novo" (representado
por Maria e Jesus) por parte do
"Antigo", (representado por Isabel e
João). Isabel, símbolo de todos os
justos da Antiga Aliança, inspirada
pelo Espírito Santo, proclama Maria
"bendita entre as mulheres",
usando uma frase usada no Antigo
Testamento para duas mulheres
lutadoras, que ajudaram na
libertação do seu povo, Jael (Jz 5,
24) e Judite (Jt 13,18). Assim,
apresenta Maria como mulher
corajosa, que, animada pela fé em
Javé libertador, colabora na luta
pelo mundo que Deus quer. Esse
mundo, a chegada do Reino de Deus,
já é inaugurado com a chegada do seu
Filho: "Bendito o fruto do seu
ventre". Nesse trecho é importante
destacar o motivo pelo qual Maria é
bem-aventurada: "Feliz aquela que
acreditou". Para Lucas, Maria é
bendita não pelo simples fato da
maternidade, mas porque ela é o
modelo da fé. Ela acreditou na
promessa do Senhor - não somente a
promessa da gravidez, mas no projeto
de Deus, desde Abraão, de dar ao seu
povo a terra, a descendência e a
bênção. Enfim, a promessa da
realização do projeto do Reino.
O
Magnificat, que Lucas põe na boca da
Maria, é uma composição literária
magistral, inspirada no Canto de Ana
(1 Sam 2,1-10) e outros trechos do
Antigo Testamento. Expressa a
espiritualidade dos "Pobres de Javé",
os deserdados dessa terra, que
apesar de tudo acreditavam no
projeto libertador do Deus da vida e
na chegada de uma sociedade justa.
Maria exulta, pois experimentou que
Deus olhou para a sua pequenez e
humilhação (não "humildade"!). Ela
celebra a mudança radical que o
Reino traz - os poderosos, soberbos
e ricaços serão derrubados e os
pobres, humilhados e famintos, serão
erguidos.
Esse
retrato de Maria contrasta muito com
a personalidade passiva e pálida que
muitas vezes inventamos para Ela. A
Maria de Lucas é uma figura pobre e
humilhada, mas forte e batalhadora,
como tantas mulheres das nossas
comunidades hoje. Diante das forças
opressoras do seu tempo (o abuso do
poder religioso e econômico, o
machismo, o racismo), Ela canta a
experiência do Deus libertador, do
Deus da vida, do Deus que se encarna
no meio dos oprimidos. Essa Maria
nos desafia para que nos unamos na
luta pela construção do Reino, sem
pobres e ricaços, humilhados e
soberbos, dominados e dominadores.
No nosso mundo, pelo menos tão
opressor quanto naquela época, esse
texto questiona as nossas opções
reais da vida. Seremos
bem-aventurados na medida em que nós
acreditamos e nos empenhamos na
construção de um mundo mais
fraterno, justo e igualitário,
conforme a vontade e o projeto de
Deus, celebrado por Maria no Canto
do Magnificat e demonstrado na
pessoa e missão do seu Filho Jesus.
Vigésimo Primeiro Domingo
(24.08.2008)
Mt 16, 13-20
"E vocês, quem
dizem que eu sou?"
Aqui
temos a versão mateana da profissão
de fé de Pedro, que Marcos (Mc 8,
27-35) coloca como pivô de todo o
seu evangelho. Esse trecho levanta
as duas perguntas fundamentais de
todos os evangelhos: Quem é Jesus? O
que é ser discípulo d'Ele?
São duas perguntas
interligadas, pois a segunda
resposta depende muito da primeira.
A minha visão de Jesus determinará a
maneira do meu seguimento d'Ele.
O diálogo começa com
uma pergunta um tanto inócua:
"Quem dizem os homens que é o Filho
do Homem?" É inócua, pois
não compromete - o "diz que"
compromete ninguém, pois expressa a
opinião de outros. Por isso chove
respostas da parte dos discípulos: "João
Batista, Elias, Jeremias, ou um dos
profetas!". Mas Jesus
não quer parar aqui - esta pergunta
foi só uma introdução. Depois vem a
facada!: "E vocês, quem dizem
que eu sou?"
Agora não chove
respostas, pois quem responde vai se
comprometer - não será a opinião de
outros, mas a pessoal! Esta opinião
traz conseqüências práticas para a
vida. Finalmente, Pedro se arrisca:
"O
Messias, o Filho de Deus vivo".
Aqui Mateus
acrescenta os vv. 17-19, pois quer
destacar o papel de Pedro (e
por conseguinte dos líderes da sua
própria comunidade), na função de
ligar e desligar da comunidade, que
nos Evangelhos somente aqui e em
Cap. 18 é chamada de "Igreja".
"As chaves do Reino"
não se refere ao poder de perdoar
pecados, mas de integrar e desligar
pessoas da comunidade dos
discípulos.
O
fundamento, o alicerce, dessa
comunidade é o conteúdo da profissão
de Pedro "Tu és o Messias, o
Filho de Deus vivo". Mas,
continuam no ar as duas perguntas
que são o cerne do Evangelho: "Quem
é Jesus?", e "o que significa
segui-Lo?" Pois os termos que
Pedro usa são ambíguos, porque cada
um os interpreta conforme a sua
cabeça. Por isso, Jesus toma uma
atitude, aparentemente estranha:
"Ele ordenou aos discípulos que
não dissessem a ninguém que ele era
o Messias!" Que coisa
esquisita! Jesus proíbe que se fale
a verdade sobre Ele! Como é que Ele
espera angariar discípulos deste
jeito? O assunto merece mais
atenção.
Realmente, Pedro acertou em termos
de teologia, de "ortodoxia",
conforme diríamos hoje. Ele usou o
termo certo para descrever Jesus.
Mas, Jesus quer esclarecer o que
significa ser "O
Messias de Deus".
Pois cada um pode entender este
termo conforme os seus desejos.
Jesus quer deixar bem claro que ser
"messias" para ele é ser o "Servo
Sofredor" de Javé. É vivenciar o
projeto do Pai, que necessariamente
vai levá-Lo a um choque com as
autoridades políticas, religiosas, e
econômicas, enfim, com a classe
dominante do seu tempo, e não o
Messias nacionalista e triunfalista
das expectativas de então.
No nosso tempo,
quando é moda apresentar um Jesus "light",
sem exigências, sem paixão, sem
Cruz, sem compromisso com a
transformação social, o texto nos
desafia para clarificar: em que
Jesus acreditamos? O Jesus "Ôba! Ôba!"
tão amado por setores da mídia, e
também das Igrejas, ou o Jesus
bíblico, o Servo de Javé, que veio
para dar a vida em favor de todos?
Esse assunto virá à tona no
evangelho do próximo domingo.
Vigésimo Segundo
Domingo Comum (31.08.2008)
Mt 16, 21-27
"Se alguém quer me
seguir, renuncie a si mesmo, tome a
sua cruz e siga-me!"
Seria um erro grave
não complementar a reflexão sobre o
texto do Domingo passado com o
trecho de hoje. Pois ele mostra que
embora Pedro tivesse usado os termos
certos para descrever quem era
Jesus, ele os entendia de modo
errado. Para Jesus, ser o Cristo
significava assumir a missão do
Servo de Javé, descrito pelo profeta
Segundo-Isaías, nos Cantos do Servo
de Javé (Is 42, 1-9; 49, 1-9ª; 50,
4-11; 52, 13-53, 12). Jesus deixa
claro que ser o Cristo não
significava triunfo nos termos desse
mundo, mas o contrário:
"O Filho do Homem
deve sofrer muito, ser rejeitado
pelos anciãos, pelos chefes dos
sacerdotes e doutores da Lei, deve
ser morto, e ressuscitar no terceiro
dia".
Essa visão que Jesus
tinha da missão do Messias, não era
comum - em geral o povo esperava um
messias triunfante e glorioso.
Mateus nos mostra que Pedro
partilhava essa visão errada, a
ponto de tentar corrigir Jesus, e de
ganhar de Jesus uma correção dura:"Fique
longe de mim, Satanás! Você não
pensa as coisas de Deus, mas as
coisas dos homens" (Mc 8, 33).
Não basta usar os
termos certos - temos que ter o
conteúdo certo. A Bíblia nos conta
que Deus criou o homem e a mulher na
sua imagem e semelhança, mas na
verdade muitas vezes nós criamos
Deus na nossa imagem e semelhança,
para que Ele não nos incomode. A
nossa tendência é de seguir um
messias triunfante e não o Servo
Sofredor. Mas, para Jesus não há
meio-termo. O discípulo tem que
andar nas pegadas do seu mestre:
"Se alguém quer me seguir, renuncie
a si mesmo, tome cada dia a sua
cruz, e me siga" (Lc 9 ,23).
O
seguimento de Jesus leva à cruz,
pois a vivência das atitudes e
opções d'Ele vai nos colocar em
conflito com os poderes contrários
ao Evangelho. Carregar a cruz, não é
agüentar qualquer sofrimento
passivamente. Fosse assim, a
religião seria masoquismo! Carregar
a cruz é viver as conseqüências de
uma vida coerente com o projeto do
Pai, manifestado em Jesus. Segui-Lo
não é tanto fazer o que Jesus fazia,
mas o que Ele faria se estivesse
aqui hoje. E como Ele foi morto, não
pelo povo, mas por grupos de
interesse bem definidos "os
anciãos, os chefes dos
sacerdotes e os doutores da Lei"
(a elite dominante em termos
econômicos, religiosos e
ideológicos), os seus seguidores
entrarão em conflito com os grupos
que hoje representam os mesmos
interesses. Por isso, sempre haverá
a tentação de criarmos um Jesus "light",
sem grandes exigências, limitado a
uma religião intimista e
individualista, sem conseqüências
políticas, econômicas ou
ideológicas. A nossa resposta à
pergunta "E você, quem diz que eu
sou?" se dá, não tanto com os
lábios, mas com as mãos e os pés.
Respondemos quem é Jesus para nós,
pela nossa maneira de viver, pelas
nossas opções concretas, pela nossa
maneira de ler os acontecimentos da
vida e da história. Tenhamos cuidado
com qualquer Jesus não exigente, que
não traz conseqüências sociais, que
não nos engaja na luta por uma
sociedade mais justa. Pois, o Jesus
real, o Jesus de Nazaré, o Jesus do
Evangelho, não foi assim, e deixou
claro: "Se alguém quer me seguir,
renuncie a si mesmo, tome cada dia a
sua cruz, e me siga. Pois, quem
quiser salvar a sua vida vai
perdê-la; mas quem perde a sua vida
por causa de mim, esse a salvará"
(Lc 9, 24)
Pe. Tomaz Hughes, SVD
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Revisão do texto:
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