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From: Veronica
Date: 2008/7/10
Subject: ENC: Castanha do Pará
Castanha-do-Brasil (Castanha-do-Pará)
(Bertholletia excelsa)
Uma castanha por dia...
...não mais do que isso, garante as doses de
selênio de que seu corpo precisa para preservar
cada célula, por para fora possíveis substâncias
tóxicas e viver mais.
DIOGO SPONCHIATO
Cabe na palma da sua mão, e ainda sobra um
espaço e tanto, a arma que vai superproteger as
unidades microscópicas do seu organismo. Em
segundos, ao mastigar uma única
castanha-do-pará, você recarregará os níveis de
um mineral extremamente importante para uma vida
longa e saudável: o selênio. A pequena
oleaginosa repõe a quantidade do nutriente
necessária para dar combate ao envelhecimento
celular, causado pela formação natural daquelas
incansáveis moléculas que danificam as células,
os radicais livres.
Um estudo da Universidade de Otago, na Nova
Zelândia, atesta que a ingestão diária de duas
castanhas-do-pará recentemente rebatizadas
castanhas do brasil, eleva em 65% o teor de
selênio no sangue. Mas provavelmente os
neozelandeses não usaram o legítimo produto
brasileiro. Ora, nós somos
sortudos. É que as castanhas produzidas no Norte
e no Nordeste do país são tão ricas em selênio
que bastaria uma unidade para tirar o mesmo
proveito. A recomendação é de que um adulto
consuma, no mínimo, 55 microgramas por dia, diz
a nutricionista Bárbara Rita Cardoso,
pesquisadora do Laboratório de Minerais da
Universidade de São Paulo. E com uma unidade da
nossa castanha já é possível encontrar bem mais
do que isso de 200 a 400 microgramas do bendito
selênio. Aliás, o limite de consumo diário do
mineral é de 400 microgramas, portanto, não vá
com muita fome ao pote. No caso de uma criança,
meia castanha seria suficiente, afirma Silvia
Cozzolino, presidenta da Sociedade Brasileira de
Alimentação e Nutrição.
E por que toda essa fama do selênio? Ele é
essencial para acionar enzimas que combatem os
radicais livres, responde Christine Thomson, a
pesquisadora neozelandesa que investigou as
propriedades da castanha. O selênio se liga a
algumas proteínas já existentes em nosso corpo
para formar essas enzimas antioxidantes,
descreve, completando, Bárbara Cardoso. Na
ausência dele, as tais enzimas ficam sem
atividade e, então, deixam de combater os
radicais e ainda desguarnecem as defesas do
organismo.
O mineral da castanha também teria um papel
especial na proteção do cérebro. É que, com essa
capacidade de acabar com a farra dos radicais
livres, as células nervosas seriam preservadas,
evitando o surgimento de doenças
neurodegenerativas com a idade. Justamente por
isso, a pesquisadora Bárbara Rita Cardoso começa
a estudar os possíveis benefícios do selênio em
portadores do mal de Alzheimer. A gente
desconfia que nesses pacientes os radicais façam
maiores estragos, diz ela.
A tireóide também funciona melhor na presença do
selênio, acrescenta Christine Thomson. Isso
porque, se não houver esse elemento, ela não
consegue produzir direito seus célebres
hormônios. O mineral também está intimamente
associado à capacidade de o organismo se livrar
de substâncias tóxicas, ajudando-o inclusive a
expulsar possíveis metais pesados que se alojam
nas células.
Apesar de tudo isso, o badalado selênio deve ser
apreciado com moderação. Quando os especialistas
recomendam uma castanha diária, é para segui-lo
à risca. Acredite: o conselho não é nem um pouco
mesquinho. Esse consumo ideal e comedido é que
faz todas essas enzimas que dependem do
nutriente trabalharem de forma adequada, diz
Bárbara. Em excesso, o selênio não vai
potencializar sua ação. E o pior: mais cedo ou
mais tarde, o exagero rotineiro vai revelar o
lado negro da substância. Sim, ele existe: a
toxicidade. Ela acontece se a pessoa ingerir
mais de 800 microgramas por dia, adverte Silvia
Cozzolino. É que o selênio tem efeito
cumulativo, emenda Christine Thomson.
Isso não significa que abusar das deliciosas
castanhas em uma happy hour com amigos traga
grandes ameaças. De vez em quando, dá até para
superar a quantidade recomendada. O perigo é
comer essas oleaginosas além da conta todo santo
dia. Quem experimentar ataques sucessivos de
gula poderá sentir dor de cabeça, ficar com as
unhas fracas e ver seus cabelos caírem. Mas,
quem come dez castanhas hoje não vai se
empanturrar delas amanhã, usa a lógica a expert
em nutrição Silvia Cozzolino. No máximo, o preço
desse pecado será um mau hálito parecido com o
bafo de alho acredite!
Não corre o mesmo risco quem comer, vez ou
outra, algum prato que leve a castanha na
receita até porque, seja doce ou salgado,
dificilmente uma porção reunirá tantas unidades.
E saiba: nem o fogão nem a geladeira conseguem
detonar as reservas de selênio. No dia-a-dia,
nada melhor do que a praticidade de botar na
mochila, no bolso ou na bolsa a sua estrela
solitária. É saúde na medida certa!
Para chegar à quantidade de selênio de uma
castanha-do-pará (de 5 gramas), você teria que
consumir, em média, o equivalente a...
3 filés de frango (100 gramas cada um)
16 pães franceses (50 gramas cada um)
100 copos de leite (200 mililitros por copo)
10 ostras (33 gramas cada uma)
3 latas de sardinha em conserva (130 gramas cada
uma)
COMIDA ANTITÓXICA
Uma das principais benesses do selênio é a sua
capacidade de desintoxicar o organismo. O
mineral atua em mecanismos que favorecem a
eliminação de metais pesados pelas fezes e pela
urina, explica a nutricionista Bárbara Rita
Cardoso. Esses metais nocivos, como o mercúrio e
o arsênico, ficam impregnados no organismo
quando, por exemplo, consumimos peixes de má
procedência, que vieram de águas poluídas. E,
daí, disparam inúmeros problemas em nossos
tecidos, do envelhecimento ao câncer algo que é
freado com o sistema de limpeza acionado pelo
consumo da castanha.
SUPLEMENTAÇÃO, A POLÊMICA
A natureza oferece fontes de selênio, mas há
quem prefira recorrer às cápsulas. Estudos
recentes revelam que isso pode ser bobagem: o
melhor seria buscar o mineral na comida mesmo. O
selênio dos alimentos é mais bem absorvido pelo
organismo, justifica o pesquisador Alexei
Lobanov, do Departamento de Bioquímica da
Universidade Nebraska-Lincoln, nos Estados
Unidos. E, já que a
quantidade de que precisamos nem é lá tão alta,
a suplementação deveria ficar restrita a casos
especiais.
TERRA BOA, FRUTO RICO
A concentração de selênio em um alimento depende
do solo em que é cultivado. De acordo com o
engenheiro agrônomo José Urano de Carvalho, da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a
castanheira, nativa da floresta Amazônica
brasileira, além de ter uma incrível habilidade
para extrair o mineral, comparada a outras
espécies, encontra na terra de lá uma enorme
quantidade de selênio. Por isso seus frutos são
campeões no elemento. As castanhas-do-pará são
cultivadas pra valer na região Norte,
especialmente no cinturão amazônico, mas o
Brasil já não lidera o ranking de produção da
oleaginosa. Hoje é a Bolívia que ocupa o
primeiro lugar, revela Urano. |
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