|
|
|
|
O FIM DO ÓDIO
Flauzilino Araújo dos Santos
Parece-nos que é impossível passar pela vida sem
sofrermos, em algum momento, a tentação de odiar
alguém.
Mesmo que andemos "pisando em ovos"; mesmo que
sejamos pragmáticos e prudentes, é impossível
viver sem ser ferido e magoado. Na maioria das
vezes não é preciso ir longe, porque a violência
e a injustiça parecem andar de mãos dadas com a
deslealdade enchendo de ódio o cálice do ser
humano em seu próprio habitat; muitas vezes em
seu próprio lar.
Você, por acaso, tem idéia de como se sente uma
mãe que testemunha o sofrimento de uma filha,
nas mãos de um genro violento e agressivo?
Como será que se processa o sentimento de alguém
que foi traído por um sócio desonesto ou foi
enganado em seu negócio por um fornecedor
fraudulento, e que nada pôde fazer, e daí,
perdeu economias ajuntadas por anos e anos de
trabalho suado; economias do tipo "de grão em
grão", e agora vê tudo que construiu durante a
vida virar fumaça?
Como é que alguém pode reagir em relação ao
autor, quando se torna vítima da violência ou de
algum outro tipo de manifestação da maldade?
Existem pessoas que sofreram estupro, mutilação;
pessoas que presenciaram assassinatos de membros
de sua própria família. Existem outros que
tiveram suas vidas arruinadas perante a
sociedade em que vivem, pela covardia da
injúria, da calúnia e da difamação.
Pelo sentido geopolítico, como é que se forma o
sentir de povos e nações que por várias gerações
sofrem rejeição e injustiças?
Enfim, como é que podemos nos comportar em
relação àquelas pessoas que no passado nos
feriram tanto ou ainda nos ferem no presente?
Diante dessas e outras realidades dolorosas da
vida, como é que a pessoa pode manter-se em
relação ao seu algoz?
Bom! No passado, o próprio direito penal
repousava na lei do talião. Moisés orientou sua
gente o ter o seguinte comportamento. Ele disse:
"A regra é: vida por vida, olho por olho, dente
por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura
por queimadura, ferimento por ferimento, golpe
por golpe" (Êxodo 22:24).
Em contraposição, aparece Jesus de Nazaré e em
Seu primeiro ano de pregação (cerca de 30 d.C.),
ao proferir o Sermão da Montanha, Ele define um
novo código de conduta para situações que já se
encontravam sedimentadas por força das leis e
dos costumes, porém, agora o Mestre apresenta a
fé no perdão, como um valor humano e cristão e
com uma força social capaz de pôr em andamento
uma dinâmica mais forte, mais regeneradora e
mais libertadora que a vingança do «olho por
olho e dente por dente». Ele inova dizendo:
"Ouviste que foi dito: 'Olho por olho, e dente
por dente'. Eu digo-vos: Não oponhais
resistência ao mau; se alguém te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra. E se alguém
quiser pleitear contigo para te tirar a túnica
dá-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a
acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o
durante duas. Dá a quem te pede, e não voltes as
costas a quem te pedir emprestado."
Ele disse mais:
"Ouvistes que foi dito: 'Amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo'. Eu, porém, digo-vos:
Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos
do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz que
o sol se levante sobre os bons e os maus e faz
cair a chuva sobre os justos e os pecadores.
Porque, se amais os que vos amam, que recompensa
haveis de ter? Não o fazem já os publicanos? E,
se saudais somente os vossos irmãos que fazeis
de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?
Sede, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai
celeste."
Então, se de um lado nós já sabemos que na nova
ordem – o cristianismo - o odiar é errado e que
a proposta é "vencer o mal com o bem" (cf.
Romanos 12:21), por outro lado, surge uma
questão crucial: Como é que nós podemos por fim
ao ódio existente em nossos sentimentos? Será
que existe algo que podemos fazer para que nos
livremos dele?
Sim! Com efeito, é possível trabalhar nesse
processo em cooperação com Deus, tendo presente
que a base para destruir as cadeias do ódio é a
reconciliação que começa, primeiramente, com
Deus, e não com as partes humanas que foram ou
são protagonistas do conflito. Obviamente, se
houver condições favoráveis, poderá até haver
reconciliação com essas, todavia, em etapa
posterior, porque a reconciliação entre pessoas
é um subproduto da reconciliação, primeiramente,
com Deus.
Sim, meu caro amigo, como primeiro passo nesse
ato de reconciliação com Deus, levante-se fale
com Ele que há uma dor em seu coração; que você
foi afetado pelo sofreu; que seu coração está
partido; que você está zangado e que existem
sentimentos difíceis de serem administrados, ou
superados. Se tiver vontade de chorar, chore!
Posso lhe dizer com a mais absoluta convicção
que em razão de Seu coração paterno, Deus vai
chorar com você, porque a dor que dói em você,
dói nEle, também.
Aliás, uma das razões porque Jesus veio a terra,
foi para levar sobre si nossos pecados e os
pecados daqueles que pecaram contra nós; os
pecados dos nossos agressores.
Então eu pergunto a você o seguinte: "Se seus
agressores se arrependerem, você concorda que
Deus deve perdoá-los?"
Por favor, pense um pouco a respeito dessa
questão e você vai concluir que se Deus os
perdoou, você também deve perdoá-los, como um
segundo passo de fé.
Obviamente não é fácil perdoar, porém, a força
necessária para liberar o perdão (inclusive o
perdão unilateral para ofensores que não estão
arrependidos e que continuam a nos ofender) será
produzida de forma sobrenatural em seus
sentimentos por ação do Espírito Santo, a partir
do momento em que você concluir que deve liberar
o perdão, já que por exercício puramente mental,
é tarefa impossível.
Perceba que basta uma espécie de querer, querer.
É como se você falasse o seguinte: "Eu gostaria
de perdoar, mas não consigo". Então esse
"querer", é suficiente bastante para que o
Espírito Santo, efetivamente, concretize em seu
íntimo tanto o "querer" (perdoar), quanto o
realizar o perdão.
Na verdade, se pensarmos o quanto já fomos (e
somos) perdoados por Deus, nós nos tornaremos
campeões em liberar o perdão para aqueles que
nos feriram.
Assim, caro amigo, além de não fazer nenhum tipo
de justiça com suas próprias mãos, para o efeito
de vingar o mal, por mal, procure abster-se de
desenvolver algum exercício de juízo contra os
seus agressores. Deixe com Deus o julgamento,
pois Ele julga com reta justiça. Assim, "pelo
contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe
de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque
fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a
sua cabeça". Enfim, "não te deixes vencer do
mal, mas vence o mal com o bem" (Romanos
12:20-21).
Ao concluir esta mensagem eu o convido para
concretizar o seu relacionamento com Deus,
mediante a afirmação de um pacto com Cristo, ou
a reafirmação de seu pacto com Cristo, e por
esse ato, levar ao pé da cruz todas suas dores,
tristezas, decepções e ódio e, deixá-los ali. A
cruz de Cristo, caro amigo, é o único lugar onde
podemos levar e deixar nossas desventuras e
mágoas, a fim de que haja descontinuidade no
sofrimento e na dor, e possamos experimentar um
novo tempo em nosso viver: um tempo de saúde,
alegria, amor, paz e prosperidade.
Há, inclusive, uma antiga canção cristã que diz:
"Quão bondoso amigo é Cristo, carregou a nossa
dor. E nos manda que levemos tudo a Ele em
oração." (Harpa cristã, 200).
Sim, caro amigo, Jesus Cristo quer e pode tirar
a dor que está em seu coração e lançá-la no mar
do esquecimento.
Oração: "Oh Senhor Jesus Cristo! Verdadeiramente
o Senhor já levou para a cruz todas as nossas
dores, amarguras, tristezas e decepções. Agora,
oramos pela concreção em nossas vidas do Teu
sacrifício, pedindo que toda tristeza, amargura,
ódio, ira e desesperança sejam desalojadas do
coração dessa pessoa que ora comigo neste
momento, e que sejam lançadas no mar do
esquecimento, e que a Tua doce paz, Oh, Senhor,
possa ser o árbitro desse coração. Com o auxílio
do Espírito Santo, perdoamos a todas as pessoas
que direta ou indiretamente praticaram qualquer
tipo de agressão contra nossas vidas e contra os
nossos interesses, inclusive, Senhor, aqueles
que não estão arrependidos e que continuam a nos
ferir, aos quais oferecemos o perdão unilateral.
Rogamos que todos eles sejam abençoados e
visitados pelo Espírito Santo, a fim de que
conheçam, verdadeiramente, o Teu grande amor e
participem da Tua graça, de sorte que possam
emigrar da morte para a nova vida que existe em
Ti. Oh, Senhor Jesus Cristo, por tudo graças Te
damos e assim em Teu nome oramos ao Pai, com
nossos corações agradecidos. Amém. Amém".
Para se comunicar com o autor mande seu E-mail
para
contato@telepaz.com.br |
|
|
|