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MEUS POEMAS TÊM HISTÓRIA
Meus poemas têm história
nem sempre revelada
nos versos polidos.
Lembro os sentimentos
geradores da poesia.
Recordo as situações.
Estremeço com
os fatos trágicos
cujos efeitos perduram
até hoje em minha vida.
Poemas abafados
em muitos soluços,
nos arquivos da memória
ali colocados
por golpes de misericórdia.
Selados dia a dia,
nas quedas ao chão,
afogados nas lágrimas,
esses versos não foram escritos!
O poema seminal
faz germinar
outros poemas,
outros versos
faz cantar.
Há poemas que explodem,
impedindo o poeta de abafá-los.
Do mundo não aceitam
ser excluídos.
Pedem passagem,
com determinação
recusas não aceitam.
Querem nascer,
mesmo cercados pela violência,
insistem em viver.
Todo poema tem um passado,
uma história a ser contada.
Versos há que chegam
tão de mansinho
como a luz da madrugada.
Recebem o orvalho da manhã;
deixam-se seduzir
pelo encanto do beija-flor.
Versos que parecem borboletas!
Os versos frágeis
é preciso proteger
com especial precaução
para que não se percam
no silêncio total.
Há uma poesia escondida
na memória lacrada,
a sete chaves fechada,
em dicotomia de coerência,
na mente e no coração,
na dúvida e na certeza,
no pesadelo e no sonho.
Nem todo poema
consegue contar
a sua história.
Há versos condenados
ao silêncio, impedidos
de cantar.
Sinos quebrados
lutando contra o silêncio.
Quando o poema consegue
sua história revelar,
o passado de seus versos,
faz outro poema cantar.
Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo, 15 de agosto de 2008. |
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