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AMORES PARISIENSES "Tu és como o vento,
que faz cantar o violino e tem o perfume das
rosas...(...) Palavras, palavras... (...) As
palavras ternas e doces saem da minha boca, mas
nunca do meu coração."
"Amores Parisienses", o mais "recente" filme
de Alain Resnais, um dos nomes seminais do
cinema francês inovador, mostra que o diretor de
"Hiroshima Meu Amor" (1959), "O Ano Passado em
Marienbad"( 1961), "Meu Tio da América" (1980) e
"Smoking/No Smoking" (1993) ainda faz, aos 80
anos, muito sucesso e por isso continua sendo
exibido nos cineclubes e no circuito comercial,
como atualmente em São Paulo. O êxito foi
facilitado porque, desta vez, sua obra não tem
estruturas narrativas complexas, nem script
enigmático por suas visões psicológicas. Os
atores Agnès Jaoui e Jean-Pierre Bacri ( os
roteiristas de "Smoking/No Smoking") escreveram
o roteiro, cuja característica principal é a
fluidez, na descrição ágil das situações e
reações humanas facilmente reconhecíveis.
" - Você amaria um homem doido? Doido varrido
por você? "
Homenageando, em seu contexto, a Cidade-Luz,
e também, canções populares contemporâneas (36
composições), o filme nos permite um encontro
com os anseios e problemas de pessoas da classe
média. Os seres humanos nem sempre dizem a
verdade, ou nem sempre as suas palavras refletem
o que, na verdade, está acontecendo em seu
íntimo ou em sua vida. E, com freqüência, se
enganam na interpretação dos próprios
sentimentos, deixando-se iludir, igualmente, com
as aparências enganadoras do próximo. Carro e
hotel caros seriam indícios de sucesso
profissional e financeiro...Camille mostra-se
encantada ao ver a Guarda Republicana desfilar:
"o uniforme valoriza!"
" - Eu não poderia viver sem você...você
sabia?
- Não, eu não sabia."
Obra realista, engraçada e romântica. Nela, é
possível enxergar as três dimensões da
realidade: passado, presente, o futuro dos
relacionamentos.
"Mascarar e trapacear para não sofrer muito."
(Claude, sem conseguir dialogar com a esposa
Odile, interpretada pela graciosa Sabine Azéma,
de "Smoking/No Smoking.) Ela reconhece querer se
mudar para um apartamento maior, num bairro
chique, mesmo que isso signifique uma dívida
considerável. A todos, trata com cortesia,
exceto o seu marido...embora ele de boa vontade
ajude a mulher em algumas tarefas domésticas.
Com seus amigos - o esposo observa - mostra-se
tão atenciosa que até parece estar flertando com
eles!
" - Se não digo nada, eu observo tudo. Eu me
reprimo..."
E ocorre, algumas vezes, que Odile nem
demonstra prestar atenção às perguntas de
Claude: não responde, fala de outro assunto,
comporta-se quase com indiferença.
"Você não quer que eu dê minha opinião, Odile!
Quer que eu concorde com você. E fique feliz em
concordar!" (E tudo o que o marido lhe sugeria
era que pensassem um pouco mais antes de
investir em um novo imóvel...)
"Amores Parisienses" (On Connaît la Chanson -
co-produção: França, Suíça, Inglaterra - 1997 -
cor- dolby digital - 120 min.-35mm) é, de fato,
o filme mais leve e divertido do octogenário
Alain Resnais, um musical diferente porque não
tem números de dança, mas reúne uma coletânea de
canções francesas que revelam circunstâncias,
expressam emoções e pensamentos, substituem
diálogos dos personagens, urbanos e bem atuais.
Os versos manifestam tanto a fantasia, o sonho,
como a realidade de suas vidas, nas relações
familiares e sociais, afetivas e profissionais.
Diálogos interessantes e canções muito bem
escolhidas para as situações e os personagens -
tudo se encaixa, tudo se mostra apropriado ao
contexto da obra - que eficiência! Quando se é
competente, eis o resultado: obra de qualidade!
"Não se pode ser muito sincero. É preciso ser
um pouco falso."
No entanto, o pai de Odile e Camille é
todo sinceridade e tranqüilidade, inserindo-se
nas circunstâncias como um personagem que afirma
sua presença, nos poucos momentos em que
aparece. Uma simpatia de pessoa! Com a sua
sabedoria pragmática, diz a Odile não entender
um preço tão baixo para aquele apartamento
enorme... Quando Camille não se sente bem, o pai
logo quer saber se ela se alimentou, que tipo de
alimento, ou se deixou de comer. Lembra, com
toda a sua simplicidade, que os atletas se
alimentam de massas e bananas, antes das
competições. Viajou seis horas para ouvir a
defesa de tese de Camille, entusiasmando-se com
as observações elogiosas dos examinadores.
Apesar de reconhecer, sem rodeios nem
acanhamento, que ele nada entende do assunto,
entusiasma-se: "Bravo, minha filha!"
"- Vai começar...não consigo relaxar..."
"(...) Tenho a impressão de que vou cair,
morrer aqui mesmo.
(...) Sinto um peso de duas toneladas e meia
no peito..."
E seu pai, contemplando-a carinhosamente:
"- Isso não é nada. Com o tempo, vai passar."
Os adultos às vezes se agridem com palavras
ou simplesmente agem com descortesia. Quando
refletem sobre esses erros, um pedido de
desculpas demonstra que chegaram à conclusão de
que fizeram mal; esse reconhecimento é bom para
a convivência. Como também funciona, ao fazermos
uma besteira, reconhecermos que cometemos um
erro grave, precisando correr para os braços de
quem pode nos oferecer carinho, apoio, até nos
defender!
Comédia dramática existencial, com romance e
humor refinado, " Amores Parisienses "
apresenta-se como se fosse um teatro lírico
contemporâneo, uma típica opereta para os dias
de hoje. Diálogos comuns alternam-se com as
cenas em que o elenco "canta" com as vozes de
Maurice Chevalier, Edith Piaf, Dalida e Alain
Delon, entre muitos outros. Jane Birkin, porém,
dubla a si mesma. O filme partiu de uma idéia do
dramaturgo britânico Dennis Potter (1935-1994),
a quem "Amores Parisienses" é dedicado; em suas
obras, os personagens interpretavam, a todo
momento, músicas populares. O acaso e as
coincidências têm papel fundamental nos
acontecimentos narrados pelo roteiro, como na
existência de todos nós, se refletirmos sobre
essas surpresas tão comuns... Mais uma obra de
Alain Resnais que merece ser vista e apreciada
várias vezes! Uma jóia! E inteiramente rodada em
Paris.
"Ele te acaricia com os olhos."
Original e criativo, além de agradável (desde
a apresentação dos créditos iniciais), reproduz,
em suas primeiras cenas, o fato de o oficial
nazista Von Choltitz desobedecer, na França
ocupada, às ordens explícitas de Hitler para
destruir Paris. Explosivos já tinham sido
colocados em todas as pontes da cidade, mas o
militar tomou decisão corajosa. No filme, a voz
de Josephine Baker sai, sincronizada, provocando
risos na platéia, dos lábios de Von Choltitz,
"cantando" o clássico, na versão francesa, em
que declara , como seus dois amores, o seu país
e Paris ("Two Loves Have I"): "Esses dois amores
encantam o meu coração."
(...) "- Ser ajuizado é qualidade? pergunta
Nicolas à sua amiga Odile, que lhe fala sobre o
marido.
- Sim, é qualidade."
Vencedor de sete César 98, entre os quais o
prêmio de melhor filme, "Amores Parisienses"
poderia ser previamente explicado aos
espectadores não-avisados como obra realizada na
linha de trabalho da comédia musical, dramática
e romântica de Woody Allen, "Todos Dizem Eu Te
Amo", considerando-se que o público jovem, e
mesmo os adultos, levados pelo título em
português, reagem de forma negativa, diante da
surpresa cinematográfica. Constatamos essa
reação da platéia, em diversas sessões. A
informação sobre o gênero, mais importante que a
sinopse, estabeleceria uma comunicação maior com
o público (recomendação: a partir de 14 anos).
"Ter um bom amigo é o que há de melhor no
mundo" - reconhecem Nicolas e Simon - este,
apaixonado por Camille (a co-roteirista de "
Amores Parisienses ", Agnès Jaoui), guia
turística e pesquisadora universitária.
"- Passei a ser seu confidente: nada de sexo,
só ouvidos."
A possibilidade do riso "nas tristezas.
Quando se tem um bom amigo."
Uma foto da família de Nicolas, mostrada a
Simon em cena de confidências, já tinha
provocado anteriormente, da parte de Odile, a
observação de que se assemelharia a uma
publicidade de chicória... Simon, mesmo nas
horas de trabalho, não tira Camille de seu
pensamento, vivenciando uma contínua "vertigem
do amor". Na sua presença, desdobra-se em
atenções sinceras, na esperança apaixonada de
que ela compreenda que têm afinidades de
interesses. Camille lhe confessa estar
trabalhando como " louca ", preparando-se para a
defesa da tese dali a três dias e continuando
suas outras atividades.
As contradições da vida universitária são,
também, um dos temas de " Amores Parisienses",
que expõe os projetos aparentemente sem
utilidade próxima, sobre os quais poucos se
interessam e, ainda assim, essas teses são
publicadas! E quem as estudou e defendeu também
parece não saber o que fazer dessas pesquisas no
futuro...
"As canções, que funcionam como um coro,
surgem para comentar a ação ou sublinhar o
estado de espírito dos personagens, envolvidos
em relações desajustadas em uma Paris
romântica." São situações de amor, intrigas e
algumas revelações sobre as pessoas que desfilam
na tela, ante nossos olhos conduzidos por
diálogos, melodias, imagens e sons a comporem a
narrativa. Esta inclui cenas absolutamente
corriqueiras nas metrópoles, como grupos de
turistas, barulho do trânsito e de construções,
atropelamentos sem que o motorista socorra a
vítima... E ninguém anotou a placa do carro!
Os personagens em primeiro plano, em cenários
interiores, e a visão da rua, através de balcões
e varandas, ou janelas, por onde se vê pessoas e
veículos se movimentando, nas calçadas e nas
ruas, o que imprime uma característica realista,
"ao vivo". Ou durante a festa, alguns convidados
conversam, desfocados, compondo o cenário de
fundo para os protagonistas. Na estação
ferroviária, barulhenta e agitada, a esposa de
Nicolas tenta dialogar com o marido. Na
maternidade, não vemos os bebês, mas ouvimos a
sua "canção" exclusiva - o choro quase em coro!
- a invadir o corredor. E a bela paisagem
contemplada, do apartamento novo de Odile e
Claude, nas cenas noturnas da festa: a igreja
Sacré-Coeur de Montmartre, a silhueta
inconfundível da Torre Eiffel, iluminadas e
iluminando quem sabe admirá-las!
"Gostaria que a terra parasse, para eu
descer."
"De nosso amor ardente restariam apenas
cinzas" - canta (e atua) Jane Birkin, com muita
sensibilidade.
Angustiada ao extremo, pede que o marido lhe
fale a verdade...
Afirma que prefere a verdade:
- Diga "não consigo", "as coisas não vão
bem..."
Ela acredita que esconder a realidade nada
resolve, complica, multiplica os problemas,
impedindo a sua solução.
"- Por que você chora assim, constantemente?"
Odile, Madame Lalande, é empresária e muito
carinhosa com sua irmã Camille, por quem se
preocupa sinceramente. Odile, Camille, Claude e
Simon não fumam, nem a esposa de Nicolas (Jane
Birkin) - os outros, não largam o cigarro, o que
chega a incomodar os espectadores não-fumantes,
entre os quais eu me incluo. Parece até que
sentimos o cheiro desagradável a nos atacar
olhos, narinas e garganta! Enquanto a anfitriã
arruma as travessas de salgados e doces, na
cozinha, Nicolas fuma sem parar, conversando ao
lado dela... e o cigarro aceso pairando acima da
mesa, como espada de Dâmocles contemporânea,
ameaçando os pobres mortais não-fumantes e seus
alimentos supostamente limpos e saudáveis.
Lambert Wilson, interpretando o dono da
imobiliária que era de seu pai, faz o galã da
história: o jovem Marc (será que o ator
encontrou a fonte da juventude e dela bebeu ?!),
elegantemente vestido, cortês para uns,
agressivo e indelicado com o seu empregado mais
antigo e culto (Simon). Constantemente trazendo
flores para oferecer, Marc encanta as mulheres.
Sua capacidade de sedução traz resultados
rápidos, nos mínimos detalhes. Seu resfriado é
confundido com o que seriam lágrimas de uma
suposta decepção amorosa, beneficiando-se,
assim, de uma falsa imagem de homem carente de
amor...ao ser observado por quem deveria se
mostrar mais inteligente! Marc usa e abusa de
clichês, em seus diálogos sociais, comerciais e
sentimentais. Mas, tão elegantemente vestido, o
efeito de conquista é imediato! Uma de "suas"
canções bem define seu personagem, que "ama
todas as garotas", seja quais forem e onde quer
que estejam.
(...) "Quando se perde a cabeça, perde-se
muito mais!"
Destaques: produção, direção, interpretação,
roteiro; temas, personagens e diálogos; trilha
sonora (mixagem, sonoplastia); fotografia,
cenografia (cenários interiores e cenas
externas) e objetos de cena; penteados e
maquiagem; figurinos (Sabine Azéma veste
Christian Lacroix; Lambert Wilson usa Christian
Dior Monsieur); apresentação dos créditos
iniciais e dos créditos finais. Filme sem cenas
de violência, baixarias ou qualquer tipo de
apelação, nem sensacionalismo. Sem linguagem
chula, nem gestos vulgares. Uma preciosidade do
cinema!
"- Por que (recomeçar)?
- Porque eu esperei por você muito tempo."
Entre os intérpretes das canções de "Amores
Parisienses ", além dos que foram citados,
estão: Josephine Baker; Gilbert Bécaud; Charles
Aznavour; Jacques Dutronc;Sylvie Vartan; Johnny
Halliday; Serge Lama; Claude François; France
Gall; Sheila; Albert Préjean; Koval; Michel
Sardou; Téléphone; Simone Simon; Dranem; Alain
Bashung; Pierre Perret; Henn Garat; e Julien
Leclerc...
"Com o tempo, tudo passa. Esquecemos o rosto,
esquecemos a voz. Quando o coração bate mais
forte, não vale a pena ir mais longe."
E vejamos o que escreveram alguns críticos:
"Uma sinfonia" (Adriano Schwartz); "a vida a
cantar" (Amir Labaki); "diversão de mestre"
(Christian Petermann); "música no coração"
(Inácio Araújo); "o discreto charme da
burguesia" (João Leiva Filho); "Resnais
bem-humorado" (Suzana Amaral).
Outra temática de " Amores Parisienses ": a
questão do profissionalismo entre os corretores
imobiliários; as práticas comuns que indicam
falta de ética e, portanto, seriam inaceitáveis
e condenáveis; as omissões...essas informações
caladas que, na verdade, são mentiras a
revelarem desonestidades e prejuízos para os
clientes.
"- Sim, no trabalho de corretor, diz-se
qualquer coisa."
O roteiro apresenta situações em que os
casais têm dificuldade na interpretação das
atitudes e palavras de seus cônjuges. Ou "vêem"
demais ou de menos! Ouvem e lembram o que
deveriam esquecer, para seu próprio bem...Ou
deixam de se voltar para o outro, de ouvidos
atentos, como acontece entre os amigos de
verdade! Cena de jantar em restaurante ilustra
esse desencontro. No local, ouvimos também o
desabafo de jovem separada...Ela chega a
confessar à amiga, que até se sente mal, ao
contemplar toda aquela "felicidade" de Claude e
Odile, em mesa próxima.
O problema do desemprego revela-se em sua
face comum - a procura durante anos, ainda que a
pessoa tenha um bom currículo. As histórias se
parecem...
Para Odile, o que ela descumpriu, como
empresária, pode ser desculpado com a frase:
"Nada é certo, enquanto não estiver no
papel!"
Otimista, pragmática em alguns assuntos,
carinhosa com a irmã Camille, que precisa ser
interrompida ou perturbada em seu trabalho de
guia turística, para prestar atenção em quem
somente tem olhos para ela. Acontece que tanto
Camille quanto Nicolas enfrentam um problema de
saúde real, embora quem não sofra desse mal
tenda a minimizá-lo. Ambos procuram médicos
diversos, entretanto, talvez porque não sejam
sinceros nas consultas, ouvem diagnósticos
diferentes, conselhos contraditórios. Eles
mesmos não reconhecem seu estado depressivo,
então o tratamento demora a fazer parte de seu
cotidiano. Como espectadores, refletimos, mas
não deixamos de rir com o roteiro desse filme,
no qual a realidade é abordada com um talento
especial e, mesmo ao descrever um problema sério
como a depressão, o faz de modo divertido,
assumindo um tom absurdo e autêntico de
tragicomédia cotidiana. Hipoglicemia,
espasmofilia tornam-se assuntos corriqueiros nos
encontros sociais.
"- E todos os remédios que toma! Para isso e
para aquilo... Eu nunca tomo remédios!" (...)
"- O médico disse que ela está bem. Não tem
nada de grave...só um problema de nervos. Nada
para se preocupar."
O médico jovem e alegre recebe Nicolas em
consultório onde há um grande aquário. (Atenção
para os versos detalhistas da canção "Je Suis
Malade" - Estou Doente.)
Outro médico, de mais idade, com a sua
experiência tenta tranqüilizá-lo:
"Seu coração ainda vai durar bastante tempo.
(...) Relaxe, ande de bicicleta, não se preocupe
tanto com as palpitações... ou vai adquirir uma
úlcera. Deixe seu coração palpitar... é
natural."
A médica, irritada com a prescrição de um
colega que anteriormente tratou de Nicolas, dá
consultas em ambiente ruidoso, enervante:
através de janela perto da mesa onde trabalha,
sons estrondosos de máquinas de construção...
Nicolas prefere ter depressão, a sofrer de
câncer ou outras doenças.
"- E quanto tempo dura uma depressão?
- A minha durou quatro anos.
- Quatro anos?"
Esse diálogo termina em cena de ternura e
romantismo tranqüilo, próprios das pessoas
amadurecidas. Momento em que se aceita por meio
da reflexão, assumindo uma sinceridade íntima, o
poder do sentimento afetivo, que deve acompanhar
o tratamento médico da depressão tão comum entre
nós...
Em muitas circunstâncias, a verdade, de fato,
incomoda bastante. Aos pacientes, aos cônjuges,
aos amigos e parentes, aos colegas de trabalho.
Daí a dificuldade que temos em aceitá-la em
nosso íntimo, muito menos verbalizá-la.
Assim como participamos da animação de alguns
personagens, em seus preparativos para a festa,
constatamos que a reunião social também serviu
de ocasião para os desagradáveis comentários, as
fofocas, intrigas e inverdades. Há pessoas que,
sem a menor cerimônia, tiram alimentos dos
pratos de outrem! Ou se mostram descorteses,
maliciosas.
O silêncio, a bagunça generalizada nos dirão
que aquela festa terminou, servindo de cenário
para alguém que entrará em cena e olhando
diretamente para a lente da câmera, isto é,
olhando para nós, espectadores, vai nos fazer
uma pergunta perfeita para encerrar a "nossa
festa"... esse filme que Alain Resnais fez para
nós!
Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo, 13 de janeiro de 2003
Observações:
a) Ler, também, sobre "Meu tio da América".
b) Lamentavelmente, as legendas em português
de "Amores Parisienses" apresentam negligências,
como erros de grafia e troca de palavras, que
prejudicam a compreensão imediata, como nas
referências "àquele apartamento", quando o
certo seria "este apartamento". Uma boa revisão
teria sido bem-vinda!
Theresa Catharina
From: adfalcao
Date: 2008/9/26
Subject: Re:Amores Parisienses
To: "theresa.files"
Theresa, como sempre, seus artigos revelam
cuidado, sensibilidade, pesquisa, conhecimento,
tudo o que de bom você pode nos transmitir.
Obrigada. Ana
From: raquelc
Date: 2008/9/26
Subject: RES: Amores Parisienses
Theresita querida,
Que beleza de texto! Traduz exatamente o teor do
filme com muita propriedade e extrema
sensibilidade. Beijo e até mais. Raquel. |
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