Theresa Catharina de Góes Campos

  TELHADO ARRANCADO.

(*)João Eurípedes Sabino.

Um dia os nossos córregos centrais da cidade foram cobertos por concreto armado e asfalto, em nome do "progresso". O imediatismo da época obrigou-nos a bater palmas para aquela tremenda barbaridade. Uns levaram vantagem e nós, que amamos o patrimônio histórico, lamentamos quando vemos as fotos publicadas pelo nosso Jornal da Manhã e Arquivo Público. Ah, saudade...
Hoje, um fato novo: arrancaram as telhas bicentenárias da Igreja de Santa Rita e colocaram outras , novíssimas. Sem nenhuma paixão filosófica quanto às finalidades do prédio, portanto literalmente isento, pergunto esperando uma resposta do menos ao mais responsável por aquele ato impensado: Por que tiraram aquelas telhas feitas pelas mãos de escravos? Mais um apagador na nossa história...
E continuo com os meus questionamentos: Quem autorizou a remoção das telhas? Para onde levaram aquele material? O que fizeram os órgãos responsáveis pela preservação do nosso patrimônio histórico para impedir aquela extirpação? As telhas e o madeiramento (à maneira de muitos outros) poderiam ter passado por um tratamento? Quem orientou aquela remoção conhece o mínimo da nossa cultura e mais, a legislação proibitiva sobre o fato? Adeus, pinturas e fotos históricas...
Uberaba! Já não basta o fechamento de algumas ruas para atender minorias! Cemitério das Candongas cujo nome fora mudado em detrimento de uma homenagem feita aos nossos "Negos Véios" das senzalas! Banca de jornal deturpando o entorno do nosso Mercado Municipal! Nesta folha não caberia o rosário de denúncias. Essas e outras aberrações me obrigam a concluir que elas foram ordenadas por quem tem pouco, ou nenhum compromisso com a nossa cultura local ou regional. O quase centenário telhado da nossa Câmara Municipal teve o mesmo destino. Um dia, de forma inconseqüente, ordenaram a sua "restauração" e ocorreu o sumiço das telhas. Pergunto ao Ministério Público quanto ao rumo que tomou a denúncia feita à época e; se esta de hoje terá o mesmo fim? O interesse da causa é de todos.
Chegou-me às mãos, uma telha rústica do saudoso telhado da Igreja de Santa Rita. Um histórico presente, mas lamento tê-lo comigo já que o seu lugar não é outro, senão o de antes, embora seja impossível a sua reconstituição. É... Quem não tem compromisso com o passado, corre o risco de não ser recordado com saudade no futuro...

(*) − PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO. − MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO. E-mail: forumarticulistas@hotmail.com

From: Luci
Date: 2008/10/10
Subject: Re: TELHADO ARRANCADO - João Eurípedes Sabino
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Olá, Theresa Catharina:
Tudo bem com você?
Concordo com esse artigo, pois tenho visto a perda dos patrimônios
culturais do Brasil dessa forma. Até, Luci

 

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