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TELHADO ARRANCADO.
(*)João Eurípedes Sabino.
Um dia os nossos córregos centrais da cidade
foram cobertos por concreto armado e asfalto, em
nome do "progresso". O imediatismo da época
obrigou-nos a bater palmas para aquela tremenda
barbaridade. Uns levaram vantagem e nós, que
amamos o patrimônio histórico, lamentamos quando
vemos as fotos publicadas pelo nosso Jornal da
Manhã e Arquivo Público. Ah, saudade...
Hoje, um fato novo: arrancaram as telhas
bicentenárias da Igreja de Santa Rita e
colocaram outras , novíssimas. Sem nenhuma
paixão filosófica quanto às finalidades do
prédio, portanto literalmente isento, pergunto
esperando uma resposta do menos ao mais
responsável por aquele ato impensado: Por que
tiraram aquelas telhas feitas pelas mãos de
escravos? Mais um apagador na nossa história...
E continuo com os meus questionamentos: Quem
autorizou a remoção das telhas? Para onde
levaram aquele material? O que fizeram os órgãos
responsáveis pela preservação do nosso
patrimônio histórico para impedir aquela
extirpação? As telhas e o madeiramento (à
maneira de muitos outros) poderiam ter passado
por um tratamento? Quem orientou aquela remoção
conhece o mínimo da nossa cultura e mais, a
legislação proibitiva sobre o fato? Adeus,
pinturas e fotos históricas...
Uberaba! Já não basta o fechamento de algumas
ruas para atender minorias! Cemitério das
Candongas cujo nome fora mudado em detrimento de
uma homenagem feita aos nossos "Negos Véios" das
senzalas! Banca de jornal deturpando o entorno
do nosso Mercado Municipal! Nesta folha não
caberia o rosário de denúncias. Essas e outras
aberrações me obrigam a concluir que elas foram
ordenadas por quem tem pouco, ou nenhum
compromisso com a nossa cultura local ou
regional. O quase centenário telhado da nossa
Câmara Municipal teve o mesmo destino. Um dia,
de forma inconseqüente, ordenaram a sua
"restauração" e ocorreu o sumiço das telhas.
Pergunto ao Ministério Público quanto ao rumo
que tomou a denúncia feita à época e; se esta de
hoje terá o mesmo fim? O interesse da causa é de
todos.
Chegou-me às mãos, uma telha rústica do saudoso
telhado da Igreja de Santa Rita. Um histórico
presente, mas lamento tê-lo comigo já que o seu
lugar não é outro, senão o de antes, embora seja
impossível a sua reconstituição. É... Quem não
tem compromisso com o passado, corre o risco de
não ser recordado com saudade no futuro...
(*) − PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS
ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO. − MEMBRO DA
ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO. E-mail:
forumarticulistas@hotmail.com
From: Luci
Date: 2008/10/10
Subject: Re: TELHADO ARRANCADO - João Eurípedes
Sabino
To: Theresa Catharina de Goes Campos
Olá, Theresa Catharina:
Tudo bem com você?
Concordo com esse artigo, pois tenho visto a
perda dos patrimônios
culturais do Brasil dessa forma. Até, Luci |
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