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SUBIU NO CAJUEIRO PARA LER E SONHAR
No quintal de sua casa,
subiu no cajueiro amigo
para ler e sonhar.
Brincou de amarelinha,
cantigas de roda cantou,
com as amigas solidárias;
pulou corda, jogou dominó
(porque xadrez não sabia),
jogou até paciência,
depois cansou e, fatigada,
foi dormir...
Porque o amor não veio.
No dia seguinte, tudo recomeçou...
Brincou com suas bonecas,
jogou dominó, pulou corda,
cantigas de roda cantou.
No cajueiro, carregadinho de frutos,
subiu para ler e sonhar,
de livro na mão, mil sonhos na cabeça.
De nada adiantou
tanta preparação,
com animada programação.
O amor não veio,
nem sendo chamado
com tanta fé e ternura.
A realidade precisou enfrentar:
o amor não chegou.
Os anos se passaram...
Mudou de interesses, mudou de idade,
mudou de sonhos também.
Nem assim, com maturidade,
o amor apareceu.
Mudou de endereço,
teve a vida transformada.
Mesmo assim não desistiu
do seu sonho acolher,
visível, concretizado.
Nunca achou impossível
ver o amor chegar.
O amor não veio, é verdade,
é fato reconhecido.
Mas valeu o tempo de espera.
Valeu, ainda mais, com certeza,
o sonho de amor acalentado.
Theresa Catharina de Góes Campos
Arcoverde - Pernambuco, outubro de 1962. |
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