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Publicado no Diário de Pernambuco,
08/12/2008, p.A-11:
EITA SANTO BOM!
Tereza Halliday - Artesã de Textos
Nicolau perdeu os pais numa epidemia e herdou
uma fortuna.
Militante cristão,foi fiel ao chamado: "Quem
quiser seguir-me,
desfaça-se de tudo o que possui". Usou a herança
em benefício dos mais
necessitados. Ouvira de sua mãe que, ao ajudar
os outros, deveria
fazê-lo com a maior discrição. Por isto, doava
escondido. Tornou-se
monge, depois abade e, mais tarde, bispo de Mira
(hoje, Denre, na
atual Turquia). Morreu no ano de 343. Mais de
1200 igrejas lhe são
dedicadas, no mundo inteiro. É o padroeiro da
Rússia e da Grécia, além
de santo protetor das crianças, noivas e moças
solteiras, banqueiros,
juristas, perfumistas e marinheiros, entre
outros. Indício de seu
grande prestígio é este ditado russo: "Se Deus
morrer, pelo menos
ainda temos São Nicolau".
Foram marcantes seu ascetismo, apostolado e
interferências
benfazejas. Forçou a libertação de três
inocentes ao levar um
governador a admitir que recebera propina para
condená-los
injustamente. Apareceu em sonho ao Imperador
Constantino para
avisar-lhe da inocência de funcionários
condenados à morte. Foram
salvos. Entre fatos e lendas, conta-se que um
trabalhador estava
angustiado por não ter dinheiro para os dotes de
suas três filhas.
Nicolau subiu disfarçadamente no telhado da casa
e, por três noites,
deixou escorregar pela chaminé, moedas de ouro
que caíam nas meias que
as meninas penduravam na lareira para secar.
Dinheiro suficiente para
casá-las bem. Daí surgiu o costume europeu de
colocar nozes e doces
dentro das meias ou sapatos das crianças, na
noite de Natal.
Muitos milagres são atribuídos a Nicolau, mas a
Igreja Católica
Romana revogou-lhe o título de Santo. Contudo,
permanece reverenciado
pelos católicos romanos em vários países e
mantém seu status de santo
na Igreja Ortodoxa. Corre a lenda que Deus o
premiou com a permissão
de voltar à Terra no dia em que se celebra sua
chegada ao céu (6 de
dezembro), a fim de levar presentes às crianças.
Na França, ainda é
costume deixar sob a árvore de Natal, um copo de
vinho para São
Nicolau e uma cenoura para o fiel jumento que
sempre o transportou.
Ele não usa trenó.
No século 18, colonos holandeses chegados à
América do Norte,
trouxeram a devoção a São Nicolau, a quem
chamavam Sinter Claes.
Passou a ser Santa Claus, em inglês. Em alguns
lugares da Europa é
chamado Pai Natal (Father Christmas, Père Nöel)
- o nosso Papai Noel,
cuja semelhança com o Nicolau histórico
limita-se à longa barba e ao
hábito de dar presentes.
Como é que o magérrimo e ascético bispo Nicolau
de Mira
transformou-se no cossaco obeso de farda
vermelha debruada de branco,
representante do consumismo internacional? O
Papai Noel de hoje
resultou da criatividade de um cartunista
americano do século 19 e de
um anúncio da Coca-Cola, no século 20. Devem
royalties a São Nicolau
pelo uso distorcido de sua imagem. Caso os
recebesse, ele seguramente
os doaria aos pobres. |
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