Theresa Catharina de Góes Campos

  From: artemis coelho
Date: 2008/12/29
Subject:Meu querido Ano Velho


Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

Meu querido Ano Velho

Ninguém mais quer saber de 2008.
É incrível nossa avidez pela novidade que paradoxalmente nem sempre é
nova; vem com cara de novo mas quase sempre é só disfarce de algo tão
caduco como o que ansiosamente desejamos descartar.
Parece que viajo na maionese, que, mesmo sendo light, não 'segura a
onda' de outras calorias, que também não nos aquecem.
O que digo, ou fico a matutar, até mesmo para justificar o nome deste
blog, é que esse 'frisson' de fim de ano é algo absurdamente
contraditório e representa bem nosso descaso pelo vivido. Assim
fazemos com nossos velhos; vamos empurrando-os para o fundo da casa,
para o quintal de nossos corações, dedicamos quando muito, um breve
intervalo entre importantes afazeres que pululam em nossa importante
rotina.Quando menos esperamos, eles partem e, passado o primeiro
impacto, aliviamos um pouco nossos corações de resquícios culposos,
com a certeza de 'que já estavam idosos', para não dizer velhos,
mesmo. Somos assim, nossa fascinação pelo novo, que já nasce velho,
nos consome com uma voracidade que não percebemos que corremos atrás
do vento, que corremos exatamente ao encontro de envelhecer. De ser o
que não queremos ser, de ver o que não queremos ver, como numa hipnose
coletiva que obedece ao comando: 'corre,corre,corre'...mas pra onde?
será que alguma resposta, de fato, nos responde alguma coisa? Certa
vez assisti a um filme onde um certo nativo, guia numa trilha, num
determinado momento,'empaca' e, depois de muita insistência e
curiosidade por parte dos que demandavam 'seu andar', ele responde
que, espera por sua alma.
Acho isso maravilhoso...esperar pela alma. Qual é o homem 'civilizado'
que perde tempo com tamanha bobagem!? Não sei mais o que dizer nem
tenho sugestões a dar. Quando nasci, já encontrei as coisas assim, por
aqui. Mas não sei não, coço a cabeça, num gesto bem matuto e digo a
todos e a ninguém...tenho prá mim que isso nun tá certo, não.Eu creio
que pode ser bem diferente e, melhor! Mas para isso é preciso de fato,
crer.Crer na vida que flui como um rio, crer que faço parte de uma
criação que segue seu curso e é comandada por Quem a criou e a criou
com amor e para o amor, e que, ser conduzido pelo amor nos fará
pensar, não duas vezes,mas uma pelo menos, e escolhermos melhor nossas
prioridades. Ouso mais, ouso dizer que a certeza da vida eterna e de
voltarmos para os braços desse Amor que nos criou, deverá gerar em nós
essa pacificação que nos dará uma pausa nesse tanto correr para lugar
nenhum.
Como também já disse por estas plagas, espero que Deus e seu bendito
Filho me proporcionem a graça existencial de continuar aceitando o
desafio daquela paz, a que excede todo entendimento, em todos os anos
novos que rapidamente se tornam velhos; velhos e descartados.
Pois é, essa paz, que só Ele pode me dar, eu quero. Você náo?

Um feliz resto de Ano Velho e, é claro, um feliz Ano verdadeiramente
Novo, para todos!

Artemis
 

Jornalismo com ética e solidariedade.