Theresa Catharina de Góes Campos

  Publicado no Diário de Pernambuco, 05/01/2009, p.A-11:

O QUARTO REI MAGO

Tereza Halliday
Artesã de Textos

O professor mencionou Dia de Reis e ninguém sabia o que era, na sala repleta de estudantes universitários. Desconheciam a história dos Três Reis Magos e nada de especial associavam ao dia 6 de janeiro - o fim da liquidação do shopping, talvez.

A história merece ser recontada. Está no Evangelho de Mateus 2,1-12. Não se sabe se eram reis nem se eram três. Naquele tempo, a palavra "mago" designava alguém de grande conhecimento e sabedoria. Em inglês se diz "The Three Wise Men" (os três sábios). Levavam ouro, incenso e mirra de presente para Jesus, cujo nascimento lhes fora anunciado pela supernova conhecida como "estrela de Belém". O encontro com o Menino-Deus se deu no dia 6 de janeiro do calendário de hoje, que ainda não existia. A tradição oral espalhou que um dos magos era africano (Baltazar,) outro europeu (Gaspar) e o terceiro, asiático (Belchior), representando a diversidade humana de então. Sua visita à manjedoura foi imortalizada por vários pintores, geralmente sob o título "A Adoração dos Magos".

Enriquecendo o acervo de histórias que nos sustentam de encantamento e esperança através dos séculos, sejam fato ou ficção, fala-se de um quarto rei mago: Melkinassar. Atrasou-se na viagem para Belém porque parava pelo caminho para socorrer pessoas que estivessem sofrendo de fome, sede, frio, violência, injustiça, medo, solidão. E sofredor dessas coisas é o que não falta neste mundo.

A cada parada para estender a mão a um necessitado, a estrela de Belém também parava para iluminar seu gesto de bondade. Segundo narrativa de Dominique de Laforrest, o quarto rei mago levava de presente para o Menino Jesus três raríssimas pérolas da maior beleza e do mais alto valor. Durante seu delongado percurso até Belém, onde não mais o encontrou, Melkinassar fora impelido a desfazer-se das pérolas: com a primeira, subornou soldados mercenários a serviço de Herodes, para não deceparem a cabeça de um bebê primogênito no colo da mãe. Com a segunda, pagou o resgate de um prisioneiro inocente a caminho da masmorra. A terceira serviu para salvar a vida de uma moça que ia ser apedrejada por recusar-se a casar com o marido escolhido por seu pai, conforme costume de então.

O mago desgarrado continuou a procurar o menino do presépio por mais de 30 anos, sempre parando para prestar ajuda. No dia em que chegou a Jerusalém, Jesus estava a caminho do Calvário. Melkinassar soluçou: "Desperdicei minha vida, estraguei minha missão. Quando encontro o objeto de minha busca, é tarde demais". Jesus respondeu: "Tu me encontraste durante todos esses anos. Eu estava em cada um daqueles sofredores e injustiçados a quem ajudaste. Sim, recebi teus presentes de amor. Assombrado, o mago notou na testa de Jesus, as três pérolas resplandecentes.

A lenda do quarto rei mago nos traz importante questão para o Ano Novo: o que é mesmo prioritário na viagem de cada um por este mundo?

NOTA DA EDITORA

Que crônica maravilhosa você escreveu, amiga Tereza Lúcia Halliday!
Merece mais do que aplausos! Obrigada por me ter enviado um texto tão lindo e significativo. Saiba que eu sou apaixonada pelo Dia de Reis, na liturgia cristã, Epifania, que significa Revelação. . Em minha residência, aliás, repito o costume dos meus pais: só retiramos a decoração natalina, colocada no primeiro domingo do Advento, no dia 14 de janeiro, portanto, após a Oitava de Reis ou Oitava da Epifania. Recentemente, decidi seguir o exemplo de uma senhora mineira, que não recolhe o presépio, para que a mensagem revelada não seja esquecida durante o ano.

Abraços carinhosos e os agradecimentos de
Theresa Catharina
Brasília-DF, 8 de janeiro de 2009
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From: Tereza Lúcia Halliday
Date: 2009/1/8
Subject: Re: Ver meu comentário, ao término de sua bela crônica - O QUARTO REI MAGO - Tereza Halliday
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Que coisa linda, a sua liturgia natalina estendida, Theresita.
Depois que descobri a história de São Nicolau - o verdadeiro Papai Noel, passei a considerar o ciclo natalino a partir do dia 4 de dezembro. E concluí-lo, como na infância, no dia 6 de janeiro, recolhendo a decoração de Natal no dia 7.
Na infância, em Caruaru, terra de seu pai, recordo um costume entre religioso e folclórico: no dia de Reis comia-se três caroços de romã para dar sorte no novo ano e se pedia aos Três Reis Magos que intercedessem por nós, por determinado pedido que tínhamos o privilégio de fazer no dia deles.
Agradeço-lhe a difusão do meu artigo, pela inestimável ajuda em espalhar a mensagem nele contida.
Um grande abraço,
Tereza Lúcia
(só me assino assim para as colegas do Colégio de São José)


COMENTÁRIO DE SÃO PAULO

From: Sae Ikari
Date: 2009/1/8
Subject: Res: O QUARTO REI MAGO - Tereza Halliday
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Querida Theresa,

Obrigada por me enviar a crônica sobre os Reis Magos (O QUARTO REI MAGO), de Tereza Halliday. Achei muito bonita, educativa e eu era uma das que não conhecia essa história.

Beijos de
Sae


From: Luci Tiho Ikari
Date: 2009/1/8
Subject: Re: O QUARTO REI MAGO - Tereza Halliday
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Olá, Theresa Catharina:

Adorei esse lindo conto dos Reis Magos. E, vamos nos encontrar no dia
20 de janeiro. Até, Luci

 

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