Theresa Catharina de Góes Campos

  APRENDIZADO DA ALEGRIA...PARA CONSTRUIR E REALIZAR A PESSOA QUE SONHAMOS SER


Muito precisamos fazer,
ao longo de nossa vida,
para construir e realizar
em nós, a pessoa que nasceu
no Pensamento criador e no plano de Deus,
Aquele que nos concebeu e nos conhece,
como pessoa e ser humano
com potencial de superações,
apesar dos limites e obstáculos,
desde toda a eternidade,
desde todos os séculos.


Embora eu me considere independente,
confesso que ainda assim,
sofro demais, e lamento,
sem aceitar com humildade
ou de forma natural, como deveria,
a dor dos muitos desencontros.


Reconheço, envergonhada,
o meu sofrimento...porque
todo desencontro é rejeição.
Não sendo misantropa,
nem muito menos masoquista,
mas humanista, social e solidária,
me dói a frustração do afeto
que não se concretizou
apesar do meu empenho e sonhos;
me dói a amizade que não
foi possível, como eu tanto gostaria;
me dói a ausência da estima
que não recebi, apesar de querer.
Deixo-me perturbar com os rompimentos,
para mim sempre inesperados.
Sinto-me transtornada com
os conflitos que se estabeleceram
de repente e não foram resolvidos.
Dói-me a ausência de comunicação,
o desinteresse permanente, explícito,
os afetos negligenciados sem pudor.


Ninguém busca o desencontro.
Procura-se, ao contrário, o amor,
a amizade, o apoio que faz falta.
A vida toda perseguimos o amor,
ainda que isso se tente negar
ou esse objetivo maior dissimular.
A ninguém o desencontro interessa
_ esse fracasso externo e íntimo
que nos é " forçado goela abaixo"
pela vida, até ameaçar nos derrubar...
porque, sem podermos fugir
da condição humana, somos
frágeis, solitários seres humanos.
Muitas vezes, permanecemos à deriva,
sem rumo e desesperados
por causa do "chão que nos faltou",
nos instantes em que a realidade
se impõe a nossos olhos, ao coração
afinal conscientizado pela mente.


Conquistar nossa independência
como indivíduo - eis a solução,
o único meio de salvação,
seja na ausência dos desencontros
ou apesar da dor dos desencontros.
Um processo fundamental,realista,
necessariamente essencial e pragmático
à nossa libertação do que não podemos
ter, e assim precisamos reconhecer,
pois não nos pertence, não faz parte
de nós, nem de nosso corpo,
nem de nossa alma preciosa.


Daí o aprendizado contínuo
na conquista da alegria pela vida,
que nos concede habilidade para enxergar
seus encantos, descobrindo suas dádivas.
Um processo educativo de amadurecimento
que, na verdade,enquanto estivermos vivos,
nunca vai, felizmente, terminar.


Não temos escolha...porque
não há outros caminhos,
nem soluções fáceis e rápidas.
Opção não é, mas direção
obrigatória, porque o ser pessoa,
única em sua originalidade,
independente como deve ser,
sem a solidariedade rejeitar,
sem a humanidade abandonar,
nem da sensibilidade descuidar,
faz nascer dentro de nós
o único remédio para a dor
dos muitos desencontros.


Integridade e independência,
na conquista de nós mesmos,
vai pouco a pouco representar
uma solução com dignidade,
além de com revelações nos presentear,
sem que cessem os encontros possíveis,
as revelações, os enigmas e mistérios.


Se dói a dor dos desencontros,
muito mais dói não ser pessoa.
Para ser o que sonhamos ser,
há também a alegria dos encontros
possíveis, renovados e cultivados
ao longo de nossa existência.
Mesmo os encontros únicos,
inclusive os encontros fortuitos,
eventuais ou superficiais,
têm o seu papel em nossa vida,
a sua importância para o nosso
amadurecimento necessário.


A vida toda é, na verdade,
um processo sofrido de
nascimento e crescimento,
de mudança e repetição,
consolidação e transformação.
Um aprendizado obrigatório,
libertador, a partir de rejeições e
daqueles desencontros que não
sonhamos nem planejamos
como desencontros definitivos.


Vamos aprendendo, a duras penas,
ao longo de nossa existência,
lutando todos os dias, todo alvorecer,
a cultivar nossa alegria: o nosso abrigo,
a nossa força, o nosso alimento essencial.
Sobretudo, a alegria que precisamos ter
para dar ao nosso próximo,
que isso espera de nós.


Alegria que só depende de nós; a alegria de
estar vivo e querer na vida permanecer ;
alegria de fazer, construir e criar;
a alegria capaz de com o próximo viver
em solidariedade plena: alegria de
ser, alegria para continuar a ser
o que sempre fomos e, talvez,
num determinado momento, nós
nos permitimos esquecer, ignorando,
nós mesmos, o que precisamos ser.
Porque foi assim que sonhamos ser,
a isso nos propusemos como pessoa realizar,
fazendo a nós mesmos o que devemos
cumprir, essa maravilhosa promessa de SER.


Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo, 19 de janeiro de 2009.

From: Luci Tiho Ikari
Date: 2009/3/2
Subject: Re: APRENDIZADO DA ALEGRIA
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Olá, Theresa Catharina!
Você retrata aquilo que também penso.
Luci


From: artemis coelho
Date: 2009/3/2
Subject: RE: APRENDIZADO DA ALEGRIA
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Maravilhoso. Artemis

 

Jornalismo com ética e solidariedade.