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MAIS SERIEDADE E CUIDADO COM A IMAGEM DO BRASIL
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From: Hercilia
Lopes Lopes
Date: 2009/3/6
Subject: Fw: Um amigo lhe indicou essa matéria
do Observatório da Imprensa
To: Theresa Catharina de Goes Campos
Edição 526 de 23/2/2009
www.observatoriodaimprensa.com.br
REDE GLOBO
A nudez da Globeleza
Ivanir Yazbeck
Uma propaganda eficiente, que vende o Brasil
como um paraíso do
turismo sexual, foi criada pela Rede Globo e se
repete há anos no
período do carnaval.
A campanha foi batizada com o nome de Globeleza
e seu autor chama-se
Hans Donner, austríaco, designer responsável
pelo padrão visual da
emissora desde 1975, quando criou o lendário
logotipo do globo
terrestre reduzido à dimensão de uma tela de TV.
Foi o seu primeiro
trabalho para a Globo e não parou mais.
Trecho extraído de sua biografia:
"A criatividade inovadora de Hans gerava as mais
incríveis animações,
estabelecendo os padrões de todas as produções
modernas da televisão.
O toque mágico de suas idéias tornou-o
popularíssimo, um fenômeno de
audiência - nacional e internacional. Revistas
gráficas do mundo
inteiro editavam seus projetos e incentivavam os
designers da
televisão européia e norte-americana a seguirem
o exemplo da Globo.
Ele logo se transformou em `Hans Donner, o homem
que todas as
emissoras de TV desejam contratar´."
Mais à frente, conta-se que ele se deslumbrou
por uma sambista, uma
mulata escultural, Valéria Valenssa, de 18 anos,
em 1989, ao vê-la
desfilar no concurso para eleger a "Garota de
Ipanema". Os dois se
tornaram namorados e oficializaram o casamento
em 2003.
Poder de imposição de valores
Chamado a criar uma vinheta para o carnaval, em
1992, Hans Donner
despiu a namorada, pintou seu corpo com tintas
brilhantes para
disfarçar a nudez total, a pôs a dar uns passos
de samba, e apresentou
o trabalho ao todo-poderoso José Bonifácio de
Oliveira Sobrinho.
"Genial!", reagiu Boni, com a concordância de
todo o estado-maior da
Globo, entre eles o rei-de-todos, o então quase
nonagenário Roberto
Marinho.
Por esta época, as imagens da Globo eram
limitadas ao território
nacional e serviam apenas ao consumo interno.
(As transmissões
internacionais, via satélite, como hoje, ainda
estavam engatinhando.)
Bem, nudez no carnaval já era, digamos assim,
uma ocorrência natural,
incentivada e estimulada pela cobertura dos
desfiles das escolas de
samba pelas emissoras de TV - Manchete,
Bandeirantes e Globo. Havia
entre elas um torneio em surdina para destacar a
mais ousada na
transmissão das cenas de nudez. E era difícil
escolher a melhor... ou
pior - dependendo do ponto de vista.
Assim, ano após ano, a tal Globeleza foi
adquirindo status de ícone da
temporada carnavalesca da Globo, ganhou
notoriedade nacional e
tornou-se símbolo do próprio carnaval
brasileiro, pelo poder da
emissora na imposição de seus valores estéticos
e morais ao
comportamento dos telespectadores em geral.
Turismo sexual e prostituição infantil
Eis a melhor prova disso: a vinheta musical que
marca os passos da
Globeleza no anúncio institucional - "Na tela da
TV, no meio deste
povo, a gente vai se ver na Globo..." - passou a
ser cantada nos
bailes e desfiles de blocos, assim como as
clássicas marchinhas e
sambas nos antigos carnavais.
Ocorre que desde que as imagens da Globo
passaram a ser vistas no
mundo inteiro, via Globosat, a partir do final
da segunda metade dos
anos 90, quando a emissora já assumira a
exclusividade da cobertura
dos desfiles na Sapucaí, a mulata pelada passou
a freqüentar também a
casa dos europeus, norte e sul-americanos,
asiáticos, árabes,
israelenses, africanos, canadenses, caribenhos,
australianos,
neozelandeses e até esquimós.
Dá para se imaginar a reação deles, os gringos -
do alegre espanto ao
chocante estupor - diante da mensagem subliminar
que a tal Globeleza
lhes transmite: no carnaval do Brasil, todas as
jovens sambam nuas,
alegremente, nas ruas e nos salões, durante os
dias de folia.
Dessa forma, a Rede Globo, ao exibir a "obra de
arte" do mestre Donner
ao mundo inteiro, indiscriminadamente, joga por
terra o esforço que o
governo federal vem fazendo para acabar com o
turismo sexual no
Brasil, a exploração da prostituição infantil e
desfazer um pouco a
imagem de um país em que o sexo predomina sobre
todas as preocupações
sociais.
Mais seriedade e cuidado
Para este ano, assim como nos anteriores, o mal
já está feito. A
Globeleza está no ar - chama-se Aline Aniceto, é
também mulata, com as
mesmas medidas da original, que abdicou do papel
ao se tornar mãe. Em
uma ou outra, a verdade é que a cada ano, o mago
Hans Donner economiza
mais nas tintas, tornando cada vez mais visível
a nudez
desavergonhada, para ser exibida na telinha a
qualquer hora, onde quer
que seja, sem qualquer pudor - arrisco a
palavrinha meio em desuso.
Quem sabe para o ano que vem a tal Globeleza
venha com um pouco menos
de "arte" e mais imaginação de seu criador, para
transmitir a alegria
do carnaval brasileiro através de outros
recursos artísticos, com
menos apelação e, digamos, menos sacanagem
explícita. Genialidade,
todos concordam, é o que não lhe falta. Basta
que os irmãos Marinho,
Roberto Irineu, José Roberto e João Roberto,
sucessores do império
global, lhe encomendem a tarefa.
Afinal, eles hão de convir que deva haver mais
seriedade e cuidado ao
divulgar no exterior um símbolo nacional, que a
própria Rede Globo
lançou, sem criar constrangimentos aos que se
esforçam em fazer o
nosso país ser mais respeitado lá fora. |
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