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From: Sae Ikari
Date: 2009/3/9
Subject: Enc: Água para os idosos (acima de 60,
já é)
To: Theresa Catharina de Goes Campos
ÁGUA PARA OS IDOSOS
Arnaldo Lichtenstein, médico, clínico-geral do
Hospital das Clínicas e
professor colaborador do Departamento de Clínica
Médica da Faculdade
de Medicina da USP .
"Sempre que dou aula de Clínica Médica a
estudantes do quarto ano de
Medicina, lanço a pergunta: "Quais as causas que
mais fazem o vovô ou
a vovó terem confusão mental?" Alguns arriscam:
"Tumor na cabeça". Eu
digo: "Não". Outros apostam: "Mal de Alzheimer".
Respondo, novamente:
"Não". A cada negativa a turma espanta-se. E
fica ainda mais
boquiaberta quando enumero os três responsáveis
mais comuns: diabetes
descontrolado; infecção urinária; a família
passou um dia inteiro no
shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.
Parece brincadeira, mas não é. Constantemente
vovô e vovó, sem sentir
sede, deixam de tomar líquidos. Quando falta
gente em casa para
lembrá-los, desidratamse com rapidez. A
desidratação tende a ser grave
e afeta todo o organismo. Pode causar confusão
mental abrupta, queda
de pressão arterial, aumento dos batimentos
cardíacos ("batedeira"),
angina (dor no peito), coma e até morte.
Insisto: não é brincadeira. Ao nascermos, 90% do
nosso corpo é
constituído de água. Na adolescência, isso cai
para 70%. Na fase
adulta, para 60%. Na terceira idade, que começa
aos 60 anos, temos
pouco mais de 50% de água. Isso faz parte do
processo natural de
envelhecimento. Portanto, de saída, os idosos
têm menor reserva
hídrica. Mas há outro complicador: mesmo
desidratados, eles não sentem
vontade de tomar água, pois os seus mecanismos
de equilíbrio interno
não funcionam muito bem..
Explico: nós temos sensores de água em várias
partes do organismo. São
eles que verificam a adequação do nível. Quando
ele cai, aciona-se
automaticamente um "alarme". Pouca água
significa menor quantidade de
sangue, de oxigênio e de sais minerais em nossas
artérias e veias. Por
isso, o corpo "pede" água. A informação é
passada ao cérebro, a gente
sente sede e sai em busca de líquidos.
Nos idosos, porém, esses mecanismos são menos
eficientes. A detecção
de falta de água corporal e a percepção da sede
ficam prejudicadas.
Alguns, ainda, devido a certas doenças, como a
dolorosa artrose,
evitam movimentar-se até para ir tomar água.
Conclusão: idosos
desidratam-se facilmente não apenas porque
possuem reserva hídrica
menor, mas também porque percebem menos a falta
de água em seu corpo.
Além disso, para a desidratação ser grave, eles
não precisam de
grandes perdas, como diarréias, vômitos ou
exposição intensa ao sol.
Basta o dia estar quente - e o verão já vem aí -
ou a umidade do ar
baixar muito - como tem sido comum nos últimos
meses. Nessas
situações, perde-se mais água pela respiração e
pelo suor. Se não
houver reposição adequada, é desidratação na
certa. Mesmo que o idoso
seja saudável, fica prejudicado o desempenho das
reações químicas e
funções de todo o seu organismo.
Por isso, aqui vão dois alertas. O primeiro é
para vovós e vovôs:
tornem voluntário o hábito de beber líquidos.
Bebam toda vez que
houver uma oportunidade. Por líquido entenda-se
água, sucos, chás,
água-de-coco, leite. Sopa, gelatina e frutas
ricas em água, como
melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina,
também funcionam. O
importante é, a cada duas horas, botar algum
líquido para dentro.
Lembrem-se disso!
Meu segundo alerta é para os familiares:
ofereçam constantemente
líquidos aos idosos. Lembrem-lhes de que isso é
vital. Ao mesmo tempo,
fiquem atentos. Ao perceberem que estão
rejeitando líquidos e, de um
dia para o outro, ficam confusos, irritadiços,
fora do ar, atenção. É
quase certo que esses sintomas sejam decorrentes
de desidratação.
Líquido neles e rápido para um serviço médico". |
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