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From: Tereza
Lúcia Halliday
Date: 2009/3/17
Subject: Re: RECADO DE ELEITORA - Tereza
Halliday
To: Theresa Catharina de Goes Campos
Querida Therezita:
Quero agradecer-lhe por haver reavivado "Recado
de Eleitora".
Creio que a cada ano eleitoral, esse texto se
torna útil outra vez.
Agradeço também por toda divulgação que você faz
de textos meus.
Estou com um atraso imenso na minha caixa postal
eletrônica, mas
gostaria que soubesse que vou lendo pouco a
pouco suas mensagens,
poemas, informações (como a do arroz
parboilizado). E elas me são
preciosas.
Grata por sua presença na minha mailbox e no
mundo.
Um abraço, Tereza Lúcia
Tereza Lúcia Halliday, Ph.D.
Artesã de Textos
www.terezahalliday.com
Cara amiga e colega de profissão
Tereza Lúcia Halliday:
Devo repetir, com a maior sinceridade e
gratidão, que os seus textos
enriquecem, honram os meus sites, além de se
mostrarem necessários e
pragmáticos, atualíssimos, em todas as suas
propostas éticas e
solidárias.
Que Deus a abençoe de modo muito especial, por
sua vida e seus
trabalhos, jornalísticos e literários. Você é
árvore que dá bons
frutos, como ensina a parábola de Jesus, nos
Evangelhos.
Abraços carinhosos de
Therezita
Tereza Halliday
"Recado de eleitora", copyright Diário de
Pernambuco, 22/08/02
"Trabalha, candidato. É nobre o emprego que vou
te arranjar: ser meu
representante nas instâncias do poder -
assembléias legislativas,
Câmara, Senado, gabinetes de prefeito,
governador e presidente.
Pago-te regiamente para zelar por minha cidade,
meu estado, meu país.
Mesmo sabendo que poderás zelar pouco e fazer
mal ao bem comum.
Sem mim, tua eleitora e fonte pagadora, ou
concorres à reeleição com
risco de ‘dançar’, ou ainda não tiveste o
gostinho do poder e aspiras
a cargo que aumente as chances de te fazer na
vida. Sem mim, tua
eleitora e escada, não terás acesso às
imunidades e mordomias ‘em nome
de’ serviços a mim prestados - eu, cidadã que te
contrata para seres
competente e decente no trato da coisa pública.
Trabalha, candidato. É grande a missão que te
vou confiar: falarás por
mim, ora bem, ora dizendo asneiras e empulhações
que me deixarão
indignada e envergonhada, como tua patroa. Eu te
contrato por quatro
anos como meu procurador para assuntos da
sociedade que me é devida -
mais séria, justa e harmoniosa. Se descumpres o
contrato, não tenho
uma Justiça do Trabalho a quem recorrer.
Resta-me fazer justiça com as
próprias mãos, não te elegendo da próxima vez.
Pena que meu voto
consciente seja minoria no cesto dos votos
comprados.
Trabalha, candidato. Terás muitas vantagens
financiadas pelos meus
impostos: passagens aéreas, uso das
telecomunicações, serviços médicos
e postais, combustível, assessores, residência
funcional - tudo
subsidiado por mim, através do Leão e demais
fontes coletoras.
Conchavarás como se fosse para o meu bem, terás
teus dez minutos
regulares de glória na TV e muito mais de dez
benesses executivas ou
parlamentares.
O poder acelera o envelhecimento e predispõe a
doenças. Em meado de
mandato já estarás sambado. Mas sabes que é
melhor ficar doente e
envelhecido no poder, com dinheiro no bolso e
prestígio na praça, do
que liso e com o desprestigiado status de
‘cidadão’ apenas.
Sabes por que te contrato a cada quatro anos?
Mesmo quando abusas da
minha confiança, envileces tua função e
desmereces o polpudo salário
que te pago? Para sustentar Dona Democracia. Ela
é frágil, cheia de
achaques e exigências. Mas ainda não apareceu
ninguém melhor que ela
para coabitar. Sabes por que sou tão paciente
contigo, candidato
eleito? Somente, tão somente, para que nenhum
sujeito - nem civil, nem
militar - consiga mandar sozinho, fazer o mal
escondido, proibir-me de
pensar diferente e me punir por discordar.
Elegendo-te, posso criticar-te em prosa, verso,
anedota, artigo de
jornal. Quer sejas governo, quer sejas oposição.
Este meu pequeno
poder da liberdade de expressão é bem menor que
o teu poder de agir
mal e porcamente como político eleito. Mas se
Dona Democracia for
embora, eu perderei meu pequeno poder. E isto me
sairia muito mais
caro do que votar em ti." |
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