Theresa Catharina de Góes Campos

  NOVAS EXIGÊNCIAS PARA VISITAR A FRANÇA

From: REYNALDO FERREIRA
Date: 2009/4/19
Subject: FW: Exigências para visitar a França
To: Theresa Catharina Campos


Repassando, mas com a lembrança, apesar de tudo, de que este é o ano
da França no Brasil:
Novas exigências para brasileiros visitarem a França

Olá a todos!

Há uma semana, passei por uma experiência em Paris que gostaria de
dividir com vocês para que não sejam pegos desavisados como eu fui.
Saí do Brasil com passagem comprada pela TAM, para passar uma semana
na casa de um amigo, que mora em Paris. Qual não foi a minha surpresa
ao perceber que a polícia francesa já esperava os passageiros na saída
do avião, ainda no finger. Ali mesmo faziam uma triagem para ver quem
poderia ou não entrar no país, dependendo da documentação. Eu estava
tranqüila: estava com tudo em dia e já era minha quinta vez na França,
portanto minhas férias começariam logo depois daquela fila. Mal
sabia...

Na minha vez, o policial perguntou se eu tinha uma carta do meu amigo,
confirmando que ficaria na casa dele pelo prazo determinado. Falei que
tinha um email, mas não era suficiente.. . Era necessária uma carta de
acolhimento oficial, solicitada nas subprefeituras de Paris, da qual
eu – e acredito que poucos brasileiros – jamais tinha ouvido falar.
Daí em diante, começou uma via crúcis para eu conseguir entrar em
território francês. Apesar de ter dinheiro, passaporte, seguro saúde
do cartão de crédito, dois cartões internacionais e falar francês – o
que para eles é um diferencial –, fui tratada como alguém que pedia
asilo ao governo francês, quando, na realidade, pretendia passar uma
semana de férias. Não adiantava alegar que meu amigo me esperava no
saguão do aeroporto, que poderia esclarecer quaisquer problemas ou
providenciar a documentação faltosa.

Felizmente, um dos policiais percebeu que haviam cometido uma
arbitrariedade comigo e resolveu mexer os pauzinhos para, pelo menos,
deixar eu telefonar para o meu amigo. Daí por diante, todos os
policiais pareciam unânimes em não compreender por que eu tinha sido
“pega”, se estava claro que eu era turista, e não imigrante. Mas,
havia uma burocracia a ser seguida para eu conseguir a liberação, que
acabou ocorrendo 24 horas depois! Nesse meio tempo, fiquei em uma sala
com imigrantes ilegais e brasileiros na mesma situação que eu.
Trancados, sem banheiro, apenas com um telefone ao nosso dispor, com
direito a ligar para qualquer lugar do mundo. Aquele telefone era a
tábua de salvação de todos! Fiquei cinco horas trancada nessa sala, me
comunicando com o meu amigo para detalharmos o que faríamos no dia
seguinte, quando ele sairia em busca do tal atestado. Quando quis ir
ao banheiro, precisei deixar a porta aberta, com a policial de
vigília...

À noite, fui transferida de viatura para um centro de detenção de
imigrantes que não são aceitos pela França, uma espécie de limbo, onde
dormi. Na chegada ao prédio, levei um susto: era uma penitenciária
mesmo, com cerca elétrica e tudo. Sorte que a presença da Cruz
Vermelha tornou tudo o mais digno possível, dentro das condições.
Dividi o quarto com uma brasileira. Havia lençóis limpos e até uma
sala para ver TV, embora eu não tenha utilizado, claro. A última coisa
que queria era me sentir “em casa”, como muitas famílias se sentiam,
há mais de 10, 15 dias ali... Havia crianças correndo, pessoas com
total familiaridade com aquele lugar. Ainda lembro do cheiro daquilo!

Meu amigo chegou lá com a documentação às 11h30 da manhã do dia
seguinte, e eu só fui liberada às 16h! Passei o dia com imigrantes de
todo o mundo: árabes, palestinos, africanos, latinos, todos à espera
da legalização da sua situação para conseguir asilo na França. Menos
eu. Eu só queria passar uma semana de férias. Eu me confortava nas
palavras dos policiaIs e dos funcionários da Cruz Vermelha: geralmente
eles são condescendentes com brasileiros, você vai ser liberada. Mas
foram as 24 horas mais longas da minha vida. E desnecessárias.

Não há informações no Brasil a respeito da exigência de tal atestado,
e tal exigência é recente. Em 2006, estive na casa de amigos que
moravam no sul da França e nada disso foi necessário. No site da TAM,
a exigência para entrar na França é passaporte válido
http://www.tam. com.br/b2c/ vgn/v/index. jsp?vgnextoid=291a8c0583068110 VgnVCM1000004232 690aRCRD. A agência onde comprei o
bilhete desconhecia tal exigência também. Ela aparece apenas no site
do consulado francês.

Sendo assim, depois do que passei lá e pelo que pude apurar com os
policiais e a Cruz Vermelha, segue abaixo uma

lista do que é necessário para entrar na França atualmente, mesmo
estando em conexão para outros países.

Para vocês terem uma idéia, a brasileira que dividiu o quarto comigo
sequer ficaria na França, ela ia para Noruega, e foi exigida a mesma
carta oficial de acolhimento. Segundo a funcionária da Cruz Vermelha,
essa passará a ser uma exigência da União Européia, pois não
precisamos de visto para entrar na Europa.

Documentação necessária:

- Reservas de hotel com pelo menos a metade dos dias pagos;

- Se ficar na casa de alguém, o tal atestado de acolhimento, que deve
ser oficial, adquirido em uma mairie, que é uma espécie de
subprefeitura de cada arrondissément. O tal atestado – carte d’accueil
em francês – vem em papel moeda, timbrado e selado. Ele demora sete
dias para ficar pronto – claro que o meu saiu em caráter de urgência.
Requer o uso de 3 selos de 15 euros cada – 45 euros no total;

- Seguro saúde – eles não querem que você use recursos da UE, caso
precise usar médico;

- 54 euros por dia em dinheiro. Cartão de crédito conta ponto a favor.

- Passagem de ida e volta.

É isso. Espero que os que forem viajar tenham mais sorte que eu ao
chegar. E que treinem um pouquinho do francês, porque isso foi o que
mais contou ao meu favor, mesmo sendo totalmente macarrônico!

Beijos,
Carla
 

Jornalismo com ética e solidariedade.