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UM ATO DE LIBERDADE
O cineasta Edward Zwick imprime rigor técnico em
Um Ato de
Liberdade para narrar a história de um grupo de
judeus que consegue
sobreviver ao ataque das forças nazistas, após a
invasão da Polônia
durante a II Guerra Mundial, internando-se na
floresta, na
Bielo-Rússia, sob a liderança dos irmãos Bielski,
e se juntando à
resistência soviética.
Como aconteceu em Diamante de Sangue, Zwick
trabalha com um
roteiro bem estruturado, rico em cenas de ação,
de sua autoria em
colaboração com Clayton Frohman. Só que ele dá
realce agora ao
desempenho do papel de um líder, Tuvia Bielski
(Daniel Craig), com
alusões à figura bíblica de Moisés. Pois Tuvia
mobiliza o esforço dos
judeus fugitivos, sob o seu comando, a fim de
obter a salvação, nos
tempos do holocausto e do extermínio de
poloneses em Katyn, a mando de
Stalin.
O filme, baseado no livro Defiance: The Bielski
Partisans, de
Nechama Tec, tem início com imagens de arquivo
sobre a invasão da
Bielo-Rúsisa, em 1941, pelas tropas de Hitler,
que mataram mais de 50
mil pessoas, principalmente camponeses judeus ou
seus
colaboracionistas. Depois de regressarem a casa
e verem que seus pais
foram brutalmente assassinados, os irmãos
Bielski – Tuvia, Zus (Liev
Schreiber), Asael (Jamie Bell) e Aron (George
MacKay) – se refugiam na
floresta.
Sabedor de que o assassino fora um policial da
localidade, que
agira a mando dos nazistas, Tuvia, no ardor do
desejo de vingança, vai
procurá-lo em casa, na hora do jantar, e, numa
cena forte, dramática,
contundente, liquida-o, assim como seus dois
filhos, que tentam uma
reação.
Ao voltar à floresta, Tuvia reencontra não só os
irmãos, mas
também outros judeus errantes, doentes,
famintos, que lhe pedem ajuda
e proteção. Indispondo-se com o irmão Zus, que o
adverte sobre a
impossibilidade de se conseguir alimento para
tanta gente, Tuvia os
acolhe ao argumento de que a melhor vingança
contra os nazistas seria
a luta pela sobrevivência de um maior número
possível de judeus.
Para tanto, Tuvia e Zus vão negociar com Victor
Panchenko (Pavil
Isyanov), chefe do comando dos partisans
(exército vermelho) na região
a troca do trabalho dos judeus na construção de
abrigos para os
soldados pelo fornecimento de suprimentos. A
negociação dá resultado,
mas, quando começa o rigor do inverno, ante a
ameaça de um surto de
tifo entre os judeus e o reinício dos ataques
nazistas, que os
localizaram na floresta, os soviéticos os deixam
à mingua.
Acirram-se, ao mesmo tempo, os desentendimentos
entre Tuvia e
Zus, que chegam a se atracar fisicamente. Zus
decide então se
incorporar ao comando comunista, enquanto Tuvia,
já um tanto quanto
desgastado como líder, continua enfrentando as
dificuldades que lhe
aparecem para conduzir a sua comunidade, contra
ele rebelada, em busca
da libertação.
Apesar de ser o roteiro bem elaborado sob o
ponto de vista
convencional, Zwick não teve como evitar que se
tornassem exageradas
algumas cenas de batalha, como a que mostra a
maneira pela qual Zus
obtém, num laboratório, guarnecido por soldados
nazistas, o
medicamento para impedir a propagação da febre
tifóide entre os
judeus. E, da mesma forma, não conseguiu
descartar a previsibilidade
de alguns acontecimentos, como o da gravidez de
uma judia, estuprada
por um soldado nazista.
Mas o filme tem um elenco muito bom,
destacando-se naturalmente
Daniel Craig, que se expressando em inglês,
carregado de sotaque
russo-polonês, está bem na interpretação do
papel de Tuvia Bielski. É
possível que, na busca da interiorização da
personagem, Craig tenha se
descurado um pouco em não mudar a máscara que
vem usando em atuações
mais recentes, mas o que não compromete o seu
trabalho.
Além de Liev Schreiber, Jamie Bell, Pavil
Isyanov, Allan
Corduner, Mark Feuernstein e vários outros
atores, que apresentam
também boas atuações, chama a atenção do
espectador a extraordinária
beleza da atriz Alexa Davalos, que interpreta o
papel da refugiada
Lilka Ticktin por quem Tuvia Bielski se
apaixona. Quase a mesma coisa
se pode dizer em relação a Mia Wasicowska,
intérprete de Chaya
Dzienskielsky, que espera aflita pela
manifestação de Asael.
O figurino, apropriado e de bom gosto, é outro
elemento que
compõe bem a produção de Um Ato de Liberdade,
que conta com a esmerada
fotografia de Eduardo Serra. O grande trunfo,
porém, da película de
Zwick é o tema musical de James Newton Howard –
a família Bielski teve
muitos descendentes dedicados à música -,
merecedor de indicação ao
Oscar, que, tendo por solista um dos mais
prestigiados violinistas da
atualidade, Joshua Bell, enriquece ainda o
espetáculo.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
www.theresacatharinacampos.com
www.arteculturanews.com
www.noticiasculturais.com.
www.politicaparapolticos.com.br
www.cafenapolitica.com.br
FICHA TÉCNICA
UM ATO DE LIBERDADE
DEFIANCE
EUA/2008
Duração – 138 minutos
Direção – Edward Zwick
Roteiro – Edward Zwick e Clayton Frohman, com
base no livro Defiance:
The Bielski Partisans, de Nechama Tec
Produção – Edward Zwick e Pieter Jan Brugge
Fotografia – Eduardo Serra
Música Original – James Newton Howard
Edição – Steven Rosenblum
Elenco – Daniel Craig (Tuvia Bielski), Liev
Schreiber (Zus Bielski),
Jamie Bell (Asael),
George MacKay (Aron Bielski), Alexa Davalos
(Lilka Ticktin), Pavil
Isyanov (Victor Panchenko), Allan Corduner
(Shamon Haretz), Mark
Feuenrstein (Isaac Malbin), Mia Wasicowska
(Chaya Dzienskielsky). |
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