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OS FALSÁRIOS
Detentor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
(2008), Os
Falsários, de Stefan Ruzowitzky, é um thriller
calcado em fatos reais,
ambientado na época do holocausto judeu, durante
a II Guerra Mundial,
violento, mas de muita categoria, que propicia
profunda reflexão sobre
até onde pode chegar a resistência do ser humano
na luta pela
sobrevivência.
O roteiro, também escrito por Ruzowitzky, é
baseado no livro de
memórias The Devil´s Workshop, de Adolf Burger,
judeu eslovaco,
tipógrafo, preso, em Berlim, em 1942, por
falsificação de documentos.
Depois de algum tempo na prisão, ele foi
compelido pelos nazistas a
participar da secreta Operação Bernhardt, cujo
objetivo era conseguir
a desestabilização da economia britânica pela
desvalorização de sua
moeda.
De narrativa convencional, sem inovação de
linguagem, a
película, ganhadora de várias outras premiações
internacionais, se
valoriza pelo notável trabalho do elenco,
liderado por um ator
excepcional, o austríaco Karl Markovics,
intérprete do papel de
Salomon Sorowitsch (ou Sally). Ele é um
experiente falsário que, como
Burger (August Diehl), aceita colaborar com os
nazistas na operação de
falsificação de dinheiro para financiar a guerra
e provocar o caos
financeiro nos países inimigos.
Além de dar destaque à participação dos
intérpretes, a direção
de Ruzowitzky se molda por uma pertinaz
adequação de planos com a
clara intenção de evitar que a evolução dos
acontecimentos, sediada,
em grande parte, em recinto fechado - o campo de
Sachsenhausen –,
infrinja os cânones cinematográficos para se
trancar nas estritas
limitações teatrais.
Para conseguir isso, Ruzowitzky conta, primeiro,
com o eficiente
trabalho de câmara do cinegrafista Benedict
Neuenfels. Suas imagens,
ricas em contrastes, de luzes e de sombras,
expressam a complexa
situação em que se encontram os prisioneiros,
enclausurados, sob
tensão, num espaço mínimo, e trabalhando
diuturnamente para lograr
salvar as suas vidas.
Conta também com a estupenda trilha sonora de
Marius Ruhland que
usa como leitmotiv o tango Mano a Mano de Carlos
Gardel, num belo
arranjo em solo de gaita, de Hugo Díaz, para
fazer a ligação entre
duas épocas na vida de Sally. E explora ainda
várias árias de ópera e
temas de Liszt e de Bach a fim de ressaltar o
dilema moral que
assoberba as personagens.
O colaboracionismo com os nazistas é a questão
que se põe, de
fato, entre os falsários, liderados por Sally.
Antes de ser preso, em
Berlim, em 1944, pelo oficial Friedrich Herzog (Devid
Strisow),
tornado chefe de Sachsenhausen, ele levava vida
de nababo,
falsificando especialmente passaportes
argentinos para belas judias
com as quais dançava o tango. Naqueles tempos,
Sally era capaz de
dizer que os judeus sempre foram perseguidos por
não saberem se
adaptar às situações que se lhes aparecessem.
O maior oponente de Sally, entretanto, é Burger
que, abalado pela
notícia de que sua mulher fora levada ao campo
de Auschwitz, se une a
outros prisioneiros com o fito de sabotar a
operação. Apesar de se
mostrar solidário com todos os companheiros,
especialmente com Kolya
(Sebastian Urzendowsky), um desenhista russo de
Odessa, que adoece,
Sally entra em conflito com Burger, com quem se
atraca fisicamente,
depois de lhe fazer muitas ponderações
contrárias ao seu
posicionamento.
Tudo isso, entretanto, é mostrado em flashback,
pois o filme se
inicia, na verdade, um dia após o término da II
Guerra Mundial, quando
um alemão, Sally, chega a Monte Carlo e se
hospeda no suntuoso Hotel
de Paris, pagando o depósito inicial de sua
estada em moeda. Já
instalado num luxuoso apartamento, ele convoca
um alfaiate para lhe
fazer o traje com que comparecerá ao cassino
naquela noite. Gastando
horrores na jogatina, Sally atrai para a cama
uma bela francesa
(Dolores Chaplin) que, na manhã seguinte,
descobre um número (75.517)
tatuado em seu braço, revelador de ser ele um
feliz sobrevivente de um
campo de concentração nazista...
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
OS FALSÁRIOS
DIE FÄLSCHER
Áustria/Alemanha/2007
Duração – 98 minutos
Direção – Stefan Ruzowitzky
Roteiro – Stefan Ruzowitzky com base no livro
The Devil´s Workshop, de
Adolf Burger
Produção – Josef Hichhoizer, Nina Bohlmann e
Babette Schröder, Sebastian Urzen
Fotografia – Benedict Neuenfels
Trilha Sonora – Marius Ruhland
Edição – Britta Nahler
Elenco - Karl Markovics (Salomon Sorowitsch),
August Diehl (Adolf Burger), Devid Strisow (Friedrich
Herzog), Dolores Chaplin (Mulher francesa),
Sebastian Urzendowsky (Kolya), August Zirner
(Dr. Klinger).
Date: 2009/5/25
Subject: Re: prioridade máxima) OS FALSÁRIOS -
Reynaldo Domingos Ferreira
To: Theresa Catharina de Goes Campos
Theresa, obrigada por manter-me atualizada com a
sempre excelente
análise de nosso amigo Reynaldo. (...)
Abraços
Ana |
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