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MEMÓRIAS SE FORAM?
OU EU AS MANDEI EMBORA?
O que aconteceu, afinal,
com as minhas memórias:
se foram por decisão própria?
Ou... eu as mandei embora?
Por que se foram?
O que aconteceu na minha vida?
O que houve no meu corpo,
Para fazer o meu cérebro silenciar?
Levar o meu coração a se calar?
Onde ficaram as memórias
que não perpetuei na escrita?
Estarão com outros guardadas,
emoções e palavras trancafiadas?
Escondidas até que eu possa
revê-las? Ou do meu descaso
muito bem protegidas?
Quem tem a chave múltipla
das minhas esquecidas memórias?
Quem vai as vozes libertar
das lembranças emudecidas?
Arquivadas, talvez empoeiradas,
até alguém, decidido, alforriá-las?
Onde estão as chaves dos arquivos?
Onde ficaram armazenadas?
São tantas as perguntas...
para meu coração sem respostas
que sejam aceitáveis ou racionais!
Seriam pedaços de mim,
as memórias que se distanciaram...
mas na verdade não se foram...
porque hoje de mim fazem parte?
Não deveria eu, afinal deixar
de por toda parte procurá-las
nesta busca pouco inteligente,
considerando que estão inseridas
em mim, aqui dentro calcadas?
Com nitidez desenhadas, esculpidas?
Se estiverem nas minhas lágrimas,
não vou mesmo encontrá-las.
Porque as lágrimas, por mais
que nos sejam dolorosas,
felizmente de nosso rosto se vão.
Nem se despedem, se vão...
Dizer adeus não precisam.
As minhas memórias se foram ?
Ou eu as mandei embora?
Escorraçando esses arquivos
tão íntimos quanto fundamentais,
de falar procurando impedi-las?
Hoje penso que me ludibriaram...
Apenas fingiram ter saído de mim!
Já consigo de novo encontrá-las!
Identifico seus ecos e passos,
em todos os caminhos e recantos
deste meu peregrino coração.
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília -DF, maio de 2009. |
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