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O QUE DESTRUIU A AMIZADE?
O que foi dito a meu amigo, para causar a
destruição irracional de quase cinco décadas de
amizade e confiança?
Que inverdade fez a estima de longa data
desaparecer, o amigo se calar, evadir-se em
silêncio, quando eu mais precisava de apoio e da
presença dos relacionamentos fraternais
construídos durante a minha existência?
Afinal, se tantas outras amizades permaneceram,
sólidas, concretas e solidárias, o que eu teria
feito de incorreto, unicamente a esse amigo, que
se distanciou por todas as formas, cortando
todos os caminhos de comunicação, sem uma
palavra de adeus ou explicação?
Do que foi convencido para se mostrar tão
decidido a manter essa prolongada e repetida
atitude de total afastamento, em todos os
níveis?
Determinado a nem mesmo querer me cumprimentar
numa manhã de domingo, no interior abençoado de
uma igreja?
Como posso eu explicar o que não tenho como
entender ou perceber, nem encontrar uma possível
justificação?
Que mentira foi dita a meu respeito...que
derrubou décadas de antiga e declarada amizade?
Quem falou tanto mal , e tão mal de mim ...e por
que mereceria tanto crédito, capaz de fazer
desmoronar o que estava construído em valores e
princípios, ideais compartilhados e vividos em
atitudes e palavras, ao longo de mais de cinco
décadas?
O que houve? Qual foi a semente desse mal? Como
cresceu semelhante ovo de serpente, sem aviso,
despercebido por mim? Como eu pude estar
totalmente desavisada?
O que me foi atribuído de tão terrível , que
seria uma falta grave, um erro de todo
injustificável para ser perdoado?
Tudo isso me parece inacreditável, de tão
surreal... Contudo, para minha imensa tristeza,
isso de fato me aconteceu...e segue ocorrendo.
Como eu gostaria que fosse um longo pesadelo, do
qual irei despertar em breve!
Trata-se, porém, de uma realidade que continua a
existir, um contexto permanente, uma
circunstância que me acompanha, nesse drama
concreto de ausência não eventual, ao invés de
um texto de ficção. Se fosse uma obra de ficção,
eu já teria revisado este capítulo, criando uma
página literária bem diferente... E um novo
manuscrito surgiria, sem referências, inclusive,
à descortesia em ambiente público.
Afinal, esta situação que me atormenta envolve
muitos enigmas, um mistério a me desafiar a
mente: que acusação destrói uma amizade de cinco
décadas, sem interrupção?
Por que a memória do amigo, suas antigas e
muitas lembranças não me defenderam?
Ou por que ninguém tomou a iniciativa de sair em
minha defesa?
Se fui acusada e não tive conhecimento, por que
não me foi concedida a oportunidade para fazer a
minha defesa, ou pelo menos tentar me explicar
sobre o que ainda ignoro?
Como eu posso estabelecer uma ponte de
comunicação, fundamentada no vácuo do silêncio e
da descortesia constantes que me levam à
imobilidade do choque traumático?
Precisarei esperar o tempo da eternidade, quando
não haverá mais lágrimas?
E tudo se explicará, sem deixar quaisquer
dúvidas, com pleno esclarecimento, segundo
promete a Bíblia no Livro de Revelações?
O que fazer, porém, agora, nesta vida, onde
todos os minutos são preciosos, porque cada
segundo poderá ser o último instante, definitivo
e inesperado..., para que a antiga amizade
retorne e de novo se revele como antes
visivelmente se manifestava, mesmo à distância?
Ou, se nada mais eu puder fazer aqui...
Bem, refletindo, neste momento, sobre como
enfrentar este dilema para o qual eu não estava
preparada ( ou não pensei estar preparada...),
começo eu mesma a chegar a um ponto de
amadurecimento sem retorno, uma defesa pela qual
sou a única responsável, pois não cabe a nosso
próximo reconstruir o nosso íntimo, o âmago de
nosso ser.
Já vivenciei, como tantas outras pessoas,
algumas desilusões profundas, que me rasgaram
por dentro. No entanto, consegui reunir, sob as
bênçãos e a misericórdia divinas, a minha
integridade de ser humano, a essência de mim,
para retomar em plenitude as minhas forças
adormecidas, os meus recursos espirituais,
superiores a qualquer iniciativa de mesquinhez.
O que perdi, não tenho mais. Deus conhece as
minhas necessidades...Se eu precisasse, não
teria perdido. E por que deveria continuar me
preocupando com o que não disse e não fiz?
Chega, portanto, de lamentações que nada
constroem de bom!
Com a fé de sempre, aguardarei esperançosa a
eternidade, para que a luz da verdade se
estabeleça!
Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo, 09 de julho de 2009. |
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