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USO DOS ADJETIVOS NO CONTEXTO
From: Ana Falcão
Date: 2009/8/19
Subject: Re: SOBRE A IMPORTÂNCIA DO USO DE
ADJETIVOS
To: Theresa Catharina de Goes Campos
Estimada Theresa,
Considero oportuníssima sua defesa do adjetivo,
tão desprezado por
quem pretende ter a incumbência de ensinar
receita de redação para
vestibular e concursos.
Pergunto: por que essa classe tão classuda
existiria em todas as
línguas se não fosse necessária?
Em resumo, observo que há duas espécies de
adjetivos: os explicativos
e os qualificativos.
Ao escrever, deve-se perguntar a finalidade do
texto. Recomenda-se que
um documento oficial seja bastante enxuto,
objetivo, e até curto,
para que as autoridades, ou seus assessores, tão
ocupados, se dignem a
lê-lo em meio a uma enorme quantidade de papéis
ou de e-mails.
Trata-se de uma questão de oportunidade e
praticidade. Nesse caso, o
adjetivo qualificativo é, na maioria das vezes,
dispensável. É bom
lembrar que o "Manual da Presidência" aboliu o
fecho "respeitosas
saudações", de triste memória e ainda cultuado
pelos saudosistas.
Substituiu-o por "respeitosamente" ou
"atenciosamente", conforme a
hierarquia.
No entanto, em um documento oficial, devem-se
usar os explicativos,
sem os quais o texto ficaria sem entendimento.
Uma pesquisa mais
detalhada levaria, igualmente, ao emprego de
qualificativos, como
"urgente", "obrigatório", importantes de acordo
com o contexto.
Não me parece correta a fórmula que não
contextualiza.
Há textos e textos.
A esse propósito, tentei ler, sem adjetivos, o
excelente comentário
do amigo Reynaldo Domingos Ferreira sobre o
filme "O Grupo Baader
Meinhof".
Nele percebemos muitos explicativos - técnico,
marxista-leninista,
homônimo, terrorista, melhor, psicopata,
direitista, mental, político
- e outros qualificativos - notável, grande,
autêntico, sequiosa,
jornalístico, claro, desiludida, bela, forte,
duro, alta, excepcional,
perfeita, vidrados, violentos, rica, histórico,
sonora.
A leitura, retirados esses modificadores que
acrescentam uma
qualidade, uma característica, uma extensão aos
seres, objetos e
noções, ficaria sem significado nem emoção.
Afinal, para expressar uma opinião, esses
ingredientes, aliados à
competência do crítico, se fazem
imprescindíveis.
Abraços
Ana
NOTAS DA EDITORA:
Receber um texto como o que nos enviou Ana
Falcão é mesmo um
privilégio para qualquer editor. Uma aula
resumida, mas objetiva,
ministrada com muita clareza e concisão de
argumentos. Para ser
transcrita na íntegra e assim divulgada.
Theresa Catharina
Brasília-DF, 20 de agosto de 2009. |
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