C H O P I
N R E M E M O R Á V E
L
Tereza Halliday – Artesã
de Textos
Este
curto texto comemorativo
do bicentenário do
nascimento de Frédéric
Chopin (1810-2010)
responde à carta enviada
pela pianista Lourdes
Aguiar a este jornal,
lamentando a indiferença
da mídia face a um
evento cultural com rica
pauta de celebrações na
França e na Polônia.
Assuntos sugeridos por
leitores nem sempre
conseguem gerar o toque
de ignição interior que
resulte em crônica. O
tema pode ser ótimo, mas
precisa clicar em
algum recanto da alma e
da imaginação. Chopin
foi suficiente.
No meu
universo de infância e
adolescência, ele era
gente da casa, onde não
faltavam discos seus com
valsas, mazurkas,
polonaises, noturnos.
Fazia parte da educação
estudar piano ou
acordeon. E se discutia
se a pronúncia certa era
“Chopan”, ou “Chopen” –
ambas corretas, a
depender do sotaque
regional francês. Aos
11-12 anos de idade, eu
caminhava até a casa de
D. Marieta Cruz, na rua
do Colégio de Caruaru, à
espera de certo recital
grátis particular. Amiga
de toda a vida e
professora de francês,
Maria Laura Florêncio
(não confundir com sua
xará recifense),
aproveitava os
intervalos mais longos
entre aulas, para tocar
piano em casa de “Tia
Eta”. Zé Luiz - outro
aluno que não a esquece
- e eu formávamos a
platéia exclusiva a
curtir valsas de Chopin
que emanavam do velho
piano Dorner. As de
número 3, 7, 9, 10 e 11
eram nossas preferidas.
Não faz
muito tempo, praticantes
de palavras cruzadas que
encontrassem o enunciado
“Músico famoso – 6
letras”, não escreviam
“Lenine”. O nome “certo”
era CHOPIN - um dos mais
célebres pianistas do
século XIX, mestre da
música romântica,
polonês, de pai francês.
Foi batizado Fryderyk
Franciszek Chopin em
22/2/1810, considerada a
data do seu nascimento,
que ele celebrava em 01
de março.
Morreu em
Paris (12, Place Vendôme),
aos 39 anos, em
17/10/1849, depois de
longo sofrimento, vítima
de tuberculose, o
“câncer” do seu século.
Ao amigo Franchomme
teria dito, nas últimas
horas de vida: “Toque
Mozart em minha
memória”. Também pediu
que, após sua morte,
destruíssem seus
rascunhos de partituras,
pois sem o burilamento
que pretendera fazer
nelas, as composições
não estariam à altura do
público. Seu corpo foi
sepultado no famoso
cemitério Père Lachaise
enquanto o coração
repousa na Igreja de
Santa Cruz, em Varsóvia.
Sua
biografia e musicografia
estão fartamente
documentadas na
Internet. Existe uma
Federação Internacional
de Sociedades Frédéric
Chopin, pois cada
país tem pelo menos uma.
Em Varsóvia, ocorre a
cada cinco anos, o
famoso Concurso
Internacional Frédéric
Chopin, do qual
participou galhardamente
a pianista pernambucana
Elyanna Caldas Silveira,
representando o Brasil.
E nunca mais deixou de
amar esse inspiradíssimo
compositor de baladas,
valsas, sonatas,
concertos, estudos e
prelúdios que enlevam a
alma e cativam tantos
fãs.
Faria um
bem imenso à
sensibilidade da
garotada do século XXI,
se Chopin fizesse parte
de sua alimentação
musical.
(Diário
de Pernambuco,
15/03/2010, p.A13)
Tereza Lúcia
Halliday, Ph.D.
Artesã de Textos
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