Theresa Catharina de Góes Campos

 
"FILHOS  DO  PARAÍSO" UM  FILME  TOCANTE  E  MODERNO
Theresa Catharina de Góes Campos
 
Obs.
Meu comentário foi copiado na íntegra por este site com objetivos educacionais, o que muito me honra.

Theresa Catharina

“FILHOS DO PARAÍSO”, UM FILME TOCANTE E MODERNO

Sinopses de filmes com enfoque educacional e comentários de sua utilização como recurso didático.

Este extraordinário filme “Filhos do Paraíso” (“Children of Heaven”, em inglês) foi feito em 1997, tem a duração de 90 minutos, e é falado em farsi, com legendas em português. É um filme iraniano, dirigido por Majid Majidi, o mesmo diretor que fez “As Cores do Paraíso”. Muitos sites vendem o conjunto dos dois filmes a preços promocionais. O filme estava para ser indicado ao Oscar, como melhor filme estrangeiro, em 1998, mas quem realmente ganhou, em 1999, foi A Vida é Bela, também – como este – um filme onde um dos personagens era um menino. Naquele mesmo momento, concorria também o filme brasileiro Central do Brasil, tendo também como um dos personagens centrais um menino. Coincidências...

Mesmo não sendo indicado para o Oscar, o filme é muito bem produzido e, por isso, ganhou três prêmios no Festival Mundial de Filmes em Montreal, em 1997.

“Filhos do Paraíso” é produzido pelo Instituto para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos, do Governo iraniano, em cujo âmbito o cineasta Kiarostami, que representa o moderno cinema iraquiano, criou uma Divisão de Produção de Filmes. Trata-se, portanto, de uma produção de cunho social.

O Filme Filhos do Paraíso se constitui numa jóia de simplicidade, profundamente comovente e realista, "Filhos do Paraíso" (Children of Heaven- Irã, 1998 - 88'- de Majid Majidi, que também escreveu o roteiro) foi candidato ao Oscar 1999 de Melhor Filme Estrangeiro. Do primeiro ao último fotograma, sua forma e seu conteúdo compõem um poema sobre a família pobre, lutando diariamente para manter suas necessidades básicas atendidas. Nada é fácil, nem mesmo ir à escola, quando irmão e irmã contam apenas com um par de sapatos.

Com Mohammad Amir Naji e Amir Farrokh Hashemian.

A história mostra um lar onde existem o amor e o apoio mútuos, amizade e respeito; muita honestidade, apesar das grandes dificuldades e carências; solidariedade entre vizinhos; a disciplina na escola; os costumes familiares, sociais e religiosos iranianos. Outro aspecto importante está nas cenas em que pai e filho vão à cidade e se deparam com uma realidade que chega a lhes assustar: edifícios enormes e residências modernas, luxuosas, ocidentalizadas, equipadas com os mais variados recursos, desde os imensos portões.

Destaques: direção, interpretação, roteiro, fotografia, trilha sonora, apresentação dos créditos iniciais e as cenas finais. Clima de suspense emocional; ação; momentos líricos.

Embora o diretor tenha concluído o script de Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye Aseman) em cinco meses, o financiamento do filme foi difícil de ser conseguido, sobretudo porque retrata personagens vivendo na pobreza. Diversas agências governamentais rejeitaram o projeto cinematográfico. Aprovado e produzido pelo Institute for the Intellectual Development of Children and Young Adults (Instituto para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos), teve sua filmagem concluída em 70 dias.

Durante o ano letivo, milhares de estudantes assistiram, nas escolas, gratuitamente, ao filme, que se tornou sucesso de público no Irã.

Como os protagonistas desta sua obra, o diretor cresceu vivendo com seus pais e quatro irmãos em um único quarto. Segundo ele explicou:

"Em toda sociedade, existe sempre o problema de 'ter' ou 'não ter', o que cria um monte de conflitos. No momento, esse é o problema mais significativo de nossa sociedade. Nós estamos oscilando entre problemas econômicos e falta de justiça social. É missão da arte continuar a atacar esses problemas, enquanto eles permanecerem."

Em "Filhos do Paraíso", adultos e crianças, ainda que pobres, não abdicam de sua dignidade.

Na opinião de Mohsen Makhmalbaf, os adultos são mais emotivos e mentalmente feridos. Sofrem com o passado e este pode criar um estado de desespero. Nas crianças, só se pode encontrar esperança e paixão pela vida.Elas são a visão de nossos sonhos. Acima de tudo, são a expressão da vida. Parte do motivo pelo sucesso dos filmes iranianos estarem brilhando é devido à presença de crianças neles."

Niki Karimi, outro cineasta do Irã, chama nossa atenção para o fato de que todos os bons filmes sobre personagens infantis realizados em seu país "têm algo mais importante acontecendo em segundo plano."

Para o New York Magazine, "Filhos do Paraíso" é uma obra "simplesmente arrebatadora". Andrew Curry, do Miami Herald, afirmou: "Filhos do Paraíso" ilustra os simples laços do amor".

A permanência dos valores familiares, em ambiente de tanta pobreza, revela a força dos vínculos afetivos, ainda que enfrentando circunstâncias em que a exclusão sócio-econômica parece capaz de destruir toda perspectiva de um futuro melhor.

Assisti ao filme no cinema, mas pode ser encontrado em vídeo: Paris Vídeo.

Theresa Catharina de Góes Campos  é jornalista, escritora e professora universitária

 

Jornalismo com ética e solidariedade.