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EXISTE VIDA sem POESIA?
A jornalista Theresa
Catharina de Góes Campos acaba de reunir
em livro – Existe Vida sem Poesia?
– boa parte de sua extensa produção
poética, até aqui esparsa, constituída
de versos de tom bastante emotivo,
escritos ao longo do tempo em três
idiomas, além do português, os quais
espelham as diversas fases de sua rica,
sofrida e luminosa existência.
Na verdade, o brilho
geral do livro, dedicado aos familiares
da autora, é composto pela oportunidade
que ela dá ao leitor de empreender, em
sua companhia, uma viagem ao recôndito
de seu coração para conhecer não só a
alegria que esbanja de viver, como
também as razões que a levam, por
impulso, a escrever poemas.
Naturalmente, para quem espalhou poesia
em sua vida, como ela confessa, existem
infindáveis sentimentos geradores dessa
nobre atividade.
Todo poema, conforme
admite Theresa Catharina, tem um
passado, uma história a ser contada:
Versos há que chegam / tão de mansinho /
como a luz da madrugada. / Recebem o
orvalho da manhã; / deixam-se seduzir /
pelo encanto do beija-flor. Há
alguns, porém, que, segundo ela,
parecem borboletas! E outros
condenados / ao silêncio, impedidos / de
cantar. / Sinos quebrados. Muitos
reagem, conforme explica. Rebelam-se,
exigindo, com voz firme, o seu lugar no
mundo. Há até os que usam disfarces
(máscaras) e artimanhas para que se lhes
retirem a mordaça.
A poetisa não usa,
contudo, essa busca da história de seus
versos para omitir ou falsear fatos de
sua vida. Pelo contrário. É nessa
ingente tarefa que ela se mostra em
retrato de corpo inteiro. Em um poema,
de muita força dramática, por exemplo,
exalta a coragem de sua mãe, que a
resgatou, em um país estrangeiro, da
violência, a que então se submetia, no
cotidiano de sua vida conjugal:
Dias de medo e de
horror, / de violência diária, /
disfarçada e cruel. / Anos de solidão, /
dias sem sol, / nem luar. / Dias sem
luz, / anos ausentes de proteção. / Anos
sem paz, / sem visão de esperança.
Tudo isso, entretanto, a
autora procurou esquecer. Em outro
poema, ela afirma: Nada foi estéril:
tudo deu bons frutos. E acrescenta:
Nada infértil se mostrou. / Derrotas
e vitórias deram frutos... / ainda que
em meio a lágrimas. / Nada,
absolutamente nada / na minha existência
se perdeu. / O ideal a tudo transfigurou.
Reconquistada a liberdade, de volta ao
âmbito da família, a jornalista procurou
alimentar o espírito por meio
principalmente do cinema, sua paixão
desde os tempos de criança. Por isso, em
homenagem à Sétima Arte, há muitos
haicais em seu livro, além de uma
profusão de poemas inspirados em filmes
famosos, como Blade Runner, O
Jardineiro Espanhol, Imensidão
Azul, O Turista Acidental,
Hiroshima, Meu Amor, e O País de
São Saruê.
Inspirando-se em
Mouchette, obra-prima de Robert
Bresson, Theresa Catharina assim
verseja: Ainda que o corpo se recuse,
/ o coração tem que reagir / e continuar
a crer, a esperar, / mesmo que as
lágrimas / se recusem a parar / de
envolver nosso rosto / empalidecido e
chocado / porque a solidariedade / não
nos resgatou / do desespero. Também
a literatura de Antoine de Saint-Exupéry
(Terra dos Homens) a leva a
escrever, originalmente em francês, em
Paris, estes versos, que aqui vão na
tradução dela para o português:
Tudo se vai dizer / às
estrelas d´Exupéry. / Mas é preciso se
calar / diante dos homens / perdidos no
deserto / do seu orgulho. / Vamos correr
/ diante das flores, / embora não, / se
ouvirmos os ruídos / da guerra. / É
preciso muita coragem, / muito amor, /
para se falar aos homens. / Com as
flores, / podemos falar de amor. / Com
as estrelas / podemos conversar / sobre
a ternura / escondida no coração puro /
do Pequeno Príncipe.
No poema que dá título ao
livro, a poetisa confessa não ter mais
segredos, nem confidências: Meus
versos disseram tudo – ela
complementa. Há, porém, dois traços
característicos da personalidade de
Theresa Catharina que precisam ser aqui
destacados: o primeiro é a sua pertinaz
e corajosa luta contra o câncer, que ela
vem vencendo, há mais de uma década,
graças à perícia de seu médico
certamente e ao seu espírito de
perseverança, de não deixar a peteca
cair, como diz, que ela sintetiza
também em poesia: A vida precisa ser
assim... / Olhe a peteca, não deixe
cair! / Mantenha vivas as cores / e os
perfumes da existência / Mantenha a vida
em movimento, / caminhando até no
silêncio / das meditações escolhidas.
O segundo é a sua extraordinária
confiança no poder da amizade:
Louvado seja Deus, /
pelas bênçãos da amizade / que nos
resgata do egoísmo atrofiante.
A muitos amigos, por
isso, a autora de Existe Vida sem
Poesia? oferece versos como se
fossem presentes ou flores numa maneira,
conforme explica, num poema, intitulado
Assédio Poético, de estabelecer
maior comunicação entre as pessoas
queridas. Mas ela teme também que
essa atitude, própria de poetas que
vivem no mundo da lua, importune a
muitos dos destinatários. Em vista
disso, se escusa: Que nos desculpem
os amigos / por nossa impertinência. /
Que nos perdoem o assédio poético. /
Somos culpados, reconhecemos. / A nosso
favor, digo apenas, que / vivemos com o
coração na mão, / sempre a pulsar,
fazendo poesia. / inclusive para
ofertá-la aos amigos... Que, por
sinal, somos muitos.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
De: Tereza Lúcia
Halliday
Data: 27 de junho de 2010 18:21
Assunto: Re: EXISTE VIDA SEM POESIA? -
Comentário de Reynaldo Domingos Ferreira
Para: Theresa Catharina de Goes Campos
Que belíssima resenha, Therezita!
Disse tudo, sem contar tudo o que o leitor deve
ir buscar por si próprio na leitura de sua
estrada poética - estrada de vida exemplar.
Um beijo, Tereza Lúcia.
De: bere bahia
Data: 28 de junho de 2010 09:23
Assunto: Re: EXISTE VIDA SEM POESIA? -
Comentário de Reynaldo Domingos Ferreira
Para: Theresa Catharina de Goes Campos
Olá, Amiga,
Gostei de ler estas considerações do Reynaldo
sobre o teu trabalho e exemplo de vida.
Parabéns, Berê Bahia
De: elizabeth
barros
Data: 28 de junho de 2010 19:46
Assunto: Re: Agradecendo as suas palavras de
incentivo...Fwd: Adoramos o novo livro da
senhora, ficou maravilhoso!!!
Para: Theresa Catharina de Goes Campos
(...)
Adorei o texto que Reynaldo fez com tanto
carinho sobre o novo livro da senhora (Existe
Vida sem poesia?).
A senhora deve ter ficado muito emocionada com
as palavras desse amigo tão especial. Parabéns,
a senhora merece.
Um abraço afetuoso de Elizabeth
De: VICTORIA
ELIZABETH BARROS
Data: 28 de junho de 2010 22:30
Assunto: Existe Vida sem Poesia?
Para: theresa.files
Querida irmã Therezita, passamos um final de
semana calmo e feliz sem grandes novidades,
acompanhando os jogos da Copa, torcendo pelo
Brasil em casa e aproveitando para descansar e
ler seu livro, com tão belas poesias e nos
transportando a vários locais , momentos que
marcaram profundamente nossas vidas, relembrando
pessoas e fatos de um passado longe , outros
mais recentes, enfim, uma leitura agradável, mas
também difícil, sobre alguns períodos bem
difíceis de sua vida. Posso até confessar que
estou podendo conhecer mais profundamente sua
alma, seu coração, sua pessoa tão sensível e
sofrida, mas também com muita fé e vontade de
viver e continuar fazendo outras pessoas
felizes, dando seu exemplo de como vencer os
obstáculos e fazendo de um sofrimento uma
vitória, um aprendizado para enriquecer ainda
mais sua experiência de vida. Li com muita
atenção o comentário do seu amigo Reynaldo sobre
seu livro "Existe Vida sem Poesia?" e,
realmente, ele conseguiu traduzir com palavras
muito verdadeiras e belas esta sua obra
literária que revela de forma transparente sua
trajetória por caminhos diversos e a riqueza dos
detalhes que encanta pela forma humana de captar
a beleza do ser humano, do universo e das
palavras, criando uma eterna poesia, seu
verdadeiro e especial mundo, que a torna feliz e
dando um objetivo para continuar vivendo.
Parabéns mais uma vez pelo seu lindo e
encantador livro que tenho certeza vai iluminar
a vida de muitos leitores.
Beijos da irmã Victoria
De: VICTORIA
ELIZABETH BARROS
Data: 18 de julho de 2010 11:10
Assunto: Re:Existe Vida sem Poesia?
Para: Theresa Catharina de Goes Campos
Querida irmã Therezita,
(...), pois está se recuperando de uma recente
separação (...). Vou levar seu novo livro para
dar de presente, pois contém muitas lições de
vida.
(...)
Beijos carinhosos de todos e saudades da irmã
que muito a ama e admira. Victória |
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