A RIVIERA NÃO É
AQUI
Um dos maiores
sucessos de bilheteria da França
em todos os tempos, A Riviera
Não É Aqui, de Dany Boon,
faz, com verve e algum lirismo,
uma crônica satírica,
engraçadíssima, sobre os
costumes regionais franceses ao
narrar a história de um
funcionário dos correios,
residente no Sul que, por
punição, é transferido para o
Norte do País.
O roteiro,
escrito por Boon – comediante
famoso, agora na realização de
seu segundo filme -, em
colaboração com Alexandre
Charlot e Franck Magnier, narra
as peripécias vividas por
Philippe Abrams (Kad Merad),
diretor de uma agência dos
correios de Salon-de-Provence
que, por medida disciplinar, é
transferido para Bergues, que
fica na friorenta região
Nord-Pas de Calais, junto ao Mar
do Norte, fronteira com a
Bélgica.
Abrams é casado
com Julie (Zoé Félix), que sofre
de depressão e, por isso,
sonhava em ir morar nas
ensolaradas costas do
Mediterrâneo, cuja prioridade
para transferência é dada pelos
correios a funcionários
deficientes físicos, o que não é
o seu caso. Mas, para agradar à
mulher, ele tenta enganar a
administração de recursos
humanos, acabando por receber a
punição de passar dois anos em
Bergues.
Sem ter ideia de
como é o lugar para onde vai,
que conhece apenas por fotos de
jornais e revistas, Abrams
consulta um tio de sua mulher
(Michel Calabru), que, em
criança, viveu na região norte,
o qual lhe desenha um quadro
catastrófico de frio polar e de
vida miserável. Ele decide então
não levar a esposa e o filho
Raphaël (Lorenzo Ausilia-Foret),
e viaja de carro, abatido e
amargurado ante as previsões
mais pessimistas possíveis sobre
o que vai encontrar.
A primeira
impressão que Abrams tem de
Nord-Pas de Calais, com a
chuvarada que se abate sobre o
seu carro à entrada do lugar,
não é de fato nada favorável.
Apesar do espanto inicial, tão
logo ele conhece Antoine
Bailleul (Dany Boon), um de seus
subordinados nos correios, sua
opinião começa a mudar, embora
tenha dificuldade de compreender
a maneira como ele e a mãe (Line
Renaud) se expressam no dialeto
ch´tis (mistura do francês, do
latim e do flamengo).
A questão
idiomática talvez constitua uma
dificuldade para que o
espectador estrangeiro possa
entender o alcance das críticas
que Boon faz a certos costumes
regionais franceses. E algumas
são diretas como a que fustiga a
tradição de oferecer bebida aos
carteiros, que, no mais das
vezes, se tornam alcoólatras ao
longo do tempo. Em termos de
direção, porém, sua linguagem é
solta e alegre. E, quando
sublinhada pelo comentário
musical de Philippe Rombi, ganha
tom de nostalgia, pois a trilha
sonora tem também canções de
Jacques Brel e de Steve Wonder.
Suas citações, porém – como a
que pretendeu fazer de
Apocalipse Now no encontro
de Abrams com o tio de Julie –,
além de descabidas, parecem mais
clichês e não surtem o efeito
por ele desejado.
Como intérprete,
entretanto, Boon (Meu Melhor
Amigo) se mostra à vontade
na composição da personagem
Antoine Bailleul, um carteiro,
filho único e dominado pela mãe
autoritária. Ele é incapaz, por
isso, de assumir o seu amor por
Annabelle (Anne Marivin), sua
colega no serviço. Os momentos
de sua realização como pessoa
são os que ele dedica a tocar,
na maior vibração, o carrilhão
municipal, quando fica só,
totalmente isolado no alto da
torre. A afinidade que se
estabelece entre Boon e Kad
Merad – que, como Abrams, pela
primeira vez, faz um
protagonista – também contribui
bastante para o bom desempenho
de ambos em algumas das
sequências mais cômicas da
película. Merad tem atuação
discreta, mas correta, pois sabe
como evitar a todo o tempo a
caricatura, que se fosse usada,
arruinaria em definitivo a
comédia. As atrizes Zoé Félix,
Anne Marivin e a veterana Line
Renaud têm também atuações muito
boas, como, de resto, todo o
elenco.
REYNALDO DOMINGOS
FERREIRA
ROTEIRO,
Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
A RIVIERA NÃO É
AQUI
BIENVENUE CHEZ
LES CH´TIS
França / 2008
Duração – 106 minutos
Direção – Dany Boon
Roteiro –
Dany Boon, Alexandre Charlot,
Franck Magnier
Produção – Claude Berri,
Jérôme Seydoux
Fotografia – Pierre Aïm
Trilha Sonora – Philippe Rombi
Edição – Luc Barnier
Elenco – Kad
Merad (Philippe Abrams), Dany
Boon (Antoine Bailleul), Zoé
Félix (Julie), Anne Marivin
(Annabelle), Line Renaud (Mãe de
Bailleul), Lorenzo Ausília-Foret
(Raphaël Abrams), Michel Galabru
(Tio de Julie).
Prezado Reynaldo:
Como você, também gostei muito
de A Riviera Não é Aqui, um
filme que considerei subestimado
por alguns. Achei
interessantíssimo, pertinente e
ri demais! OBRIGADA POR SEU
EXCELENTE ARTIGO.
(...)
Com meus agradecimentos por sua
colaboração generosa a meus
sites,
abraços cordiais de
Theresa Catharina