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De: aureo Cesar
Data: 30 de dezembro de 2010 10:21
Assunto: FW: Por que o espinafre faz mal à saúde
Caros amigos, eis um assunto a ser melhor
examinado, contudo importante. ACCV
Comer bem: Espinafre tem ácido oxálico demais
Por que o espinafre faz mal à saúde
Jocelen Mastrodi Salgado*
O consumo do espinafre aumenta a cada dia que
passa. O famoso marinheiro Popeye, faz
propaganda do alimento, dando a entender que
quem come espinafre está sempre forte e pronto
para superar qualquer obstáculo. O que poucos
sabem, é que no mesmo país de origem do desenho
(Estados Unidos), há algumas décadas atrás, a
ingestão de leite batido com espinafre (o
objetivo era enriquecer a bebida com ferro),
causou a morte de crianças recém-nascidas. A
doença ficou conhecida como doença do branco do
olho azul, pois o branco dos olhos ficava dessa
cor. Posteriormente, descobriu-se que a presença
do espinafre no leite era a causadora da
tragédia, mas na época (1951) o fato foi
encoberto e o desenho do marinheiro Popeye
continuou a ser exibido.
Por que devemos tomar cuidado com o espinafre
O espinafre é um dos alimentos vegetais que mais
contém cálcio e ferro. Entretanto, esses dois
minerais são pouquíssimo aproveitados pelo nosso
corpo, já que o alto teor de ácido oxálico no
vegetal inibe a absorção e a boa utilização
desses minerais pelo nosso organismo. Os estudos
mostram também que o ácido oxálico do espinafre
pode interferir com a absorção do cálcio
presente em leites e seus derivados.
Esse fato sugere que o espinafre em uma refeição
pode reduzir a biodisponibilidade de cálcio de
outras fontes que são consumidas ao mesmo tempo.
Por isso, se no seu almoço você comeu uma torta
de queijo com espinafre, tenha certeza que
grande parte do cálcio do queijo não foi
utilizada pelo seu organismo.
Outra grande preocupação é o possível efeito
tóxico que a ingestão de grandes quantidades dos
fatores antinutricionais presentes na planta
pode causar nas pessoas. Com o objetivo de
avaliar todos esses problemas, uma pesquisa, que
resultou em uma tese de mestrado, foi
desenvolvida na ESALQ/USP sob minha orientação.
O estudo intitulado "Avaliação química, protéica
e biodisponibilidade de cálcio nas folhas de
couve-manteiga, couve-flor e espinafre" teve
como objetivos verificar se determinadas plantas
podiam ser utilizadas na dieta humana, sem
causarem prejuízos à saúde e o bem-estar do
indivíduo.
A pesquisa da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (ESALQ/USP)
As folhas estudadas foram adquiridas no comércio
local e a folha de espinafre foi também
adquirida de outros dois locais: da Fazendinha
da UNIMEP e da horta do Departamento de
Horticultura da ESALQ/USP. Essas folhas foram
lavadas, secas em estufa e moídas. A seguir,
foram acrescentadas nas dietas que foram
avaliadas durante o ensaio experimental com
duração de 30 dias.
Resultados
Os resultados começaram a impressionar quando
verificamos os teores dos dois fatores
antinutricionais investigados: ácido fítico e
oxálico. A folha de espinafre apresentou valores
muito altos em relação às demais. Como
conseqüência desse fato, os animais alimentados
com a folha de espinafre morreram na primeira
semana, e portanto, não puderam ser avaliados
até o final do estudo. Várias tentativas foram
feitas, utilizando dietas com folhas de
espinafre cozidas (acreditávamos que o calor
pudesse destruir os fatores tóxicos presentes)
ou folhas de espinafre provenientes de outros
locais (livres de agrotóxicos que pudessem ter
influência).
Contudo os mesmos resultados repetiram-se, ou
seja, houve a morte dos animais com hemorragia,
tremores e perda de peso. Os rins dos animais
mortos foram retirados e analisados pela
Faculdade de Odontologia de Piracicaba/UNICAMP.
De acordo com o laudo apresentado pelo
Departamento de Patologia, foi comprovado
inchaço renal, indicando uma nefrotoxidade,
edema celular e depósito de substâncias
aparentemente cristalizadas nos túbulos renais,
o que provoca disfunção renal.
De acordo com vários pesquisadores, a explicação
provável estaria na presença do ácido oxálico no
alimento, que além de causar um balanço negativo
de cálcio e ferro, em doses superiores a 2g/Kg
de peso, pode causar toxicidade nos rins. Já o
ácido fítico, quando na proporção de 1% na
dieta, seria o responsável pela redução do
crescimento dos animais jovens. Na década de 80,
estudos já atribuíam ao ácido oxálico sintomas
como lesões corrosivas na boca e
trato-intestinal, hemorragias e cólica renal,
causados pela ingestão de plantas ricas nesta
substância. De acordo com esses mesmos estudos,
o espinafre que possui a relação de ácido
oxálico/cálcio superior a 3, deve ser evitado.
Na nossa pesquisa isso foi observado.
Com relação às demais folhas, couve-manteiga e
couve-flor, não foi observado nenhum efeito
tóxico, verificando-se que a melhor
biodisponibilidade e retenção de cálcio nos
ossos (73%) ocorreu nos animais que ingeriram a
dieta contendo couve-manteiga.
Os resultados desse estudo nos levam a acreditar
que o consumo de espinafre deve ser substituído
por outros vegetais folhosos, já que os efeitos
proporcionados pela ingestão das substâncias
antinutricionais presentes na folha, podem ser
prejudiciais à absorção de nutrientes
importantes para nossa saúde, e essas mesmas
substâncias podem causar sérios problemas
tóxicos.
Os resultados também sugerem que além da grande
presença de ácido oxálico e fítico,
provavelmente a folha do espinafre contenha
outras substâncias tóxicas, que supostamente
levaram à óbito os animais do estudo, bem como
causaram o incidente com os recém-nascidos nos
Estados Unidos. Essas substâncias, ainda não
identificadas, exerceriam ações tóxicas em
pessoas mais sensíveis e levariam a chamada
"doença do branco do olho azul". Fica claro,
portanto, a necessidade de mais estudos
elucidativos a respeito do assunto.
Finalizando, a minha dica é que todos procurem
dar preferência a outros vegetais folhosos em
substituição ao espinafre: a couve, brócolis,
folha de mostarda, agrião, as folhas de cenoura,
beterraba e couve flor e leguminosas como os
feijões, ervilhas, lentilhas e soja são as
melhores opções para quem quer consumir fontes
alternativas de cálcio e ferro.
* Profª. Titular de Vida Saudável da
ESALQ/USP/Campus Piracicaba. Autora dos livros:
"Previna Doenças. Faça do Alimento o seu
Medicamento" e "Pharmácia de Alimentos.
Recomendações para Prevenir e Controlar
Doenças", editora Madras. |
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