Tereza
Halliday – Artesã de Textos
As histórias
são a melhor parte da
História das Religiões.
Conta-se que a árvore de
Natal teve origem num fato
ocorrido no ano de 723:
Bonifácio (672-754),
cristianizador dos germanos,
derrubou um imenso carvalho
dedicado ao deus Thor.
Queria, assim, mostrar que a
árvore não era sagrada. Ao
tombar, o carvalho colossal
esmagou tudo à sua volta,
exceto um pinheirinho.
Bonifácio considerou aquilo
um milagre. Na pregação de
Natal, declarou: “De hoje
em diante chamaremos este
pinheiro de Árvore do Menino
Jesus”. O hábito de
plantar pinheiros para
celebrar o nascimento de
Cristo espalhou-se pela
Germânia e por toda a
Europa. Hoje, pinheiros
vivos e réplicas são
adornados e iluminados em
todos os lugares do mundo
onde se comemore o Natal.
A tradição de
acender “as luzes do Natal”
nos pinheiros, presépios,
praças, edifícios, ruas e
casas talvez esteja ligada à
nossa fome de Luz. A atração
pela luz de lâmpadas, chamas
de velas, sol, lua e
estrelas insinua o valor da
iluminação, em todos os
sentidos. Iluminação dá
segurança, iluminação
feérica dá porre de beleza –
é através da experiência
estética que os
não-religiosos se conectam
ao transcendente e os
religiosos fortalecem sua
fé.
Captar um
olhar iluminado pela alegria
de receber presentes,
degustar com os olhos os
fogos de artifício do
Réveillon, vestir roupa nova
no fim do ano a fim de
“brilhar”, nem que seja
exteriormente. A fome de luz
é tão grande que, no
consumismo, aceitamos como
se fossem estrelas muitos
cacos de vidro que brilham.
Pois, “quando você se
alegra ao encontrar um caco
de vidro que brilha, é
porque estava procurando uma
estrela”. Sempre
buscamos a luz de uma
estrela, seja a de David, a
de Belém, a do eu interior,
ou aquele pontinho luminoso
na escuridão do céu, que
parece nos fitar quando
atentamos para sua presença,
numa contemplação saudável à
porta do mistério que nem
mesmo os astrônomos
desvendam.
Feliz
Natal! Feliz encontro com
a Luz!
(Diário de
Pernambuco, 22/12/2010,
p.A-11) |