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ESPAÇO MÍNIMO POR QUÊ?
Ainda que eu reconheça a competência de quem
escreve e realiza obras de arte com simplicidade
e precisão, trabalhando eficientemente para
burilar o que faz, descartando o que não lhe
interessa, outros há... que pensam e agem com
objetivos diversos: amam brincar literariamente
com muitas palavras, sem esquecer de aperfeiçoar
as frases e utilizar um rico vocabulário,
descartando menos, organizando mais, num jogo
artístico de sons e rimas, pontuações
intencionais; ou criando obras artísticas em que
se esmeram nos traços, cores e aprofundam os
temas escolhidos, buscando a originalidade e
reagindo contra limitações e regras que inibem a
criatividade.
Os artigos de autores que obedecem à formatação
exigida pelos jornais dos quais são colunistas,
para uso do espaço mínimo a eles reservados,
refletem o poder de quem transmite essas ordens
de caráter autoritário. Quem obedece demonstra
disciplina, mostra competência, concordo.
Sabemos, porém, que a sua bagagem cultural
abrange uma vasta experiência, literária e
humana. No entanto, sem o mínimo de liberdade
para dispor com flexibilidade do espaço que
precisariam ocupar no meio de comunicação,
perdem a oportunidade de cumprir um aspecto
fundamental de sua missão como escribas:
enriquecer o leitor, fazê-lo crescer pela
leitura; argumentar até com repetição e
redundâncias, se necessário for, visando levá-lo
a refletir com pensamento crítico, ampliar seu
horizonte de compreensão, conscientizá-lo em
profundidade.
Textos jornalísticos e literários, como os
editoriais e crônicas, não podem ser confundidos
com manuais técnicos, em sua linguagem
uniformizada. São gêneros diferentes, também, de
notícias e reportagens, com os seus princípios
de objetividade e clareza na apresentação das
informações básicas.
Obedecer às regras gramaticais, sim. Mas vestir
uma camisa de força por determinação dos meios
de comunicação, dominados por interesses
comerciais e financeiros, seria ético?
E a beleza, a estética do estilo, os sinais da
individualidade criadora e filosófica, não
deveriam ser incentivados?
Artistas como Van Gogh e Mozart criaram obras de
características pessoais marcantes, apesar de
ignoradas ou desaprovadas pelos críticos de sua
época. Quem se lembra hoje dos que desmereceram,
negaram elogios àquelas pinturas inovadoras e às
composições musicais que encantam ouvidos e
nossas almas?
Voltando às imposições dos jornais a seus
colunistas, não lhes concedendo um espaço maior
para exercerem seu ofício e sua arte...Esses
impressos são os mesmos que, todos os dias,
concedem o máximo de espaço a matérias e fotos
desmerecedoras de qualquer atenção: verdadeiro
lixo intelectual e moral, um veneno para impedir
a formação da cidadania; superficialidades mil,
calúnias e mentiras disfarçadas como
informações; além de inúmeras, injustificáveis
omissões...Para encontrarmos nas páginas dos
periódicos algo valioso, precisamos garimpar e
continuar garimpando com tenacidade incansável!
Que autoridade moral teriam, esses editores,
para se omitirem ainda mais, censurando dessa
forma, negligenciando e limitando as
colaborações inteligentes de seus colunistas?
Melhor recordar o exemplo clássico de Antígona,
a heroína que ignorou ordens injustas, e por
conseguinte, sem ética. Porque ordens desse tipo
devem ser transgredidas...se o rebelde está
consciente e disposto a pagar o preço alto por
sua escolha.
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília-DF, 1º de fevereiro de 2011
De: REYNALDO
FERREIRA
Data: 2 de fevereiro de 2011 06:55
Assunto: RE: Espaço mínimo por quê?
Para: theresa.files
Parabéns, Theresa Catharina.Mais uma vez e como
sempre você está coberta de razão. Forte abraço,
Reynaldo
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